domingo, 16 de março de 2014
capitulo 11
Os dias que se seguiram foram os piores da minha vida. Os médicos não sabiam o que tinha provocado as convulsões e todo o resto, acharam que era só mais uma menina depressiva, mas fiquei de molho alguns dias por precaução. Não aguentava mais ver enfermeiras, nem tomar remédios pela veia. Meus braços doíam, meu coração doía. Joe não apareceu mais no hospital. Como poderia? Eu o tinha mandado embora.
Comecei a repassar tudo pelo que passamos. Lembrei que era um problema para o tal Luke e que Joe tinha de acabar com o problema e realmente ele quase conseguiu. Aquele jogo de morde e assopra estava me deixando um lixo. Desejei que as coisas fossem diferentes, que Joe não tivesse aqueles olhos, que não fosse namorado da Taylor e por fim desejei que ele nunca tivesse existido.
Chorei minutos, horas, dias e a dor não diminuía, nada preenchia o vazio que ele causava e o engraçado era que Joe nem fazia parte da minha vida direito. Acordei em um dos dias ouvindo a Sel e o Nick conversando no quarto.
— Nicholas, você precisa me explicar que historia é essa de “me alimentei dela”. Alguma coisa está muito errada.
— Sel... Eles devem ter discutido e isso, sei lá... Deve ser alguma gíria ou... — ele respirava fundo, tenso. — Não sei o que ele queria dizer com isso, meu anjo.
— Não vem com essa, Nick. Não sou nenhuma idiota que você vai ficar enrolando. Pode até continuar me escondendo a verdade, mas pode ter certeza, não desisto fácil e vou descobrir o que está rolando aqui. Principalmente porque percebi que a vida da minha amiga corre risco.
— Você não deveria se meter nisso.
— Quem decide onde me meto ou não sou eu mesma. Acho melhor você ir embora, porque o pai da Demi está chegando.
— Por que tenho que ir embora?
— Porque não quero que ele saiba que estou namorando, contaria para os meus pais e além do mais você pediu segredo lembra?!
Já estava ouvindo a voz da Sel longe, acabei caindo no sono de novo. Não sei distinguir os dias, mas quando finalmente acordei a Sel e meu pai estavam no quarto.
— Você tem certeza que ela estava sozinha quando apagou? — meu pai dizia com a voz exasperada.
— Tenho sim, tio. Ela fica muito sozinha, acho que nem estava comendo direito. Você podia dar um celular para ela... Assim pelo menos poderia localizá-la mais fácil e talvez a Demi nem estivesse aqui hoje.
— Ela não tem andado com ninguém estranho ou feito coisas esquisitas?
— Não. Nós temos a mesma turminha de sempre, mas por que você está perguntando isso, tio? — essa era uma excelente pergunta. Por que do nada ele resolvia bancar o pai?!
— Por nada... Por nada, Sel — abri os olhos e mexi a cabeça. Meu corpo ainda doía um pouco, quanto a isso já me sentia bem melhor, mas emocionalmente estava um caco.
— Demi... — meu pai dizia de um jeito quase emocionado enquanto se aproximava da cama. — Está se sentindo bem?
— Estou — sempre quis que ele bancasse o pai, mas agora que ele estava tentando, me dava raiva.
— O que aconteceu ? — aquela pergunta de certa forma me deu arrepios, afinal era impossível não se lembrar do que havia acontecido, impossível não se lembrar dele.
— Nada — pela cara dele e da Sel a resposta não foi muito boa. — Andei meio nervosa com algumas provas na escola, acabei ficando sem comer e passei mal, só isso.
— É só isso mesmo, Demetria ? — ele perguntava com um tom de interrogatório, era como se de alguma forma ele soubesse tudo o que acontecia na minha vida.
— É sim, pai.
— Sel, você poderia nos dar licença só por um momento? — isso não era bom. Ela deu um sorrisinho forçado para mim.
— Claro, tio. Daqui a pouco eu volto, amiga, você já vai ter alta — ela dizia saindo do quarto. Graças a Deus porque não aguentava mais aquele lugar.
— Demi, preciso me desculpar com você. Trabalho demais e te deixo muito sozinha. Sou um pai totalmente relapso — ele parecia muito cansado e eu não sabia lidar com “esse” pai. — Filha, eu devia ser mais presente, mas é difícil ficar em casa. Sei que vai parecer egoísmo, mas você me lembra muito a sua mãe e... Nunca deixei de sentir a falta dela — meu pai raramente falava sobre a minha mãe, ele parecia se sentir culpado e isso só fez minha raiva aumentar, não tinha culpa de me parecer com ela.
— Sempre vivi muito bem assim. Vacilei dessa vez, não vai se repetir — disse com um sorriso meio torto na boca.
— Ok, mocinha — ele parecia mais aliviado. — Vou ao mercado e comprarei uma boa quantidade de congelados, verduras e legumes. Acho bom você começar a comer direito,senão vou ser obrigado a contratar uma babá — ódio, muito ódio era o que sentia, a opção era contratar uma babá e não ele ficar comigo.
— Tudo bem — o médico estava entrando no quarto, me receitou algumas vitaminas e me deu alta. Meu pai trocou algumas palavras com a Sel e foi embora. Nos deixou com um dinheiro para o táxi e disse que depois ia mandar entregar as coisas que ele compraria no mercado. Ainda estava meio grogue devido aos medicamentos, então por sorte tive uma desculpa para chegar em casa e cair direto na cama. A Sel estava sendo extremamente paciente comigo, sabia que ela estava louca por detalhes, mas não me perguntou nada.
Meu pai estava tendo crises de consciência, algo inédito e irritante. Como queria minha mãe ali, dava tudo para poder conversar com ela, acho que comentei isso com a Sel....
Joe, eu o amava de um jeito louco, não poderia mais negar isso, mas ele era algum tipo de ser estranho, que se alimentava de alguma coisa nas pessoas e garanto que isso era algo extremamente doloroso. Acho que poderia conviver com isso, se ele me contasse toda a verdade. Tinha dispensado Joe, não podia contar toda a verdade para a Sel e para piorar tinha algum ser lunático atrás de mim. Ela me fez uma sopa, logo depois tomei meus remédios e dormi, como estava de atestado, não iria para o colégio.
Acordei no dia seguinte, já eram três da tarde. Esses remédios davam muito sono. Ouvi uma respiração pesada atrás de mim, próximo a janela. Quando me virei quase morri do coração, sabia que tinha alguém no meu quarto e foi um alívio vê-la.
— Selena, você quase me matou do coração — ela estava sonolenta deitada no meu colchão para visitas.
— Bem, então estamos quites, porque você quase me matou também. E aí, vou ter que descobrir sozinha ou você vai me contar o que aconteceu? — tinha demorado para ela tocar no assunto.
— Sel... Por favor, não quero falar sobre isso, não quero mais saber do Joe e você também deveria se afastar do Nick, porque acho que eles são iguais.
— Demi, não vou me afastar do Nick e você sabe que não vai se afastar do Joe — ela estava errada, tinha que estar, eu conseguiria. —— Vocês estão formando um triângulo do segredo dos olhos brancos, não vou desistir, vou acabar descobrindo o que seria “me alimentar de você”.
— Sel...
— Não perca seu tempo, não vai me fazer mudar de ideia — ela dizia levantando e indo em direção à porta. — Minha mãe fez uma canja para você. Essas pessoas mais velhas têm mania de achar que uma bela canja revigora tudo, então não faça desfeita e coma. Está em cima do microondas na cozinha, mais tarde te ligo para ver como você está e amanhã nos vemos na escola.
— Obrigada, amiga e agradeça a sua mãe também — a Sel foi embora.
Meu corpo já não doía tanto. Depois de um tempo levantei e esquentei a canja, estava deliciosa. Resolvi tomar um banho, ainda estava com cheiro de hospital. Enquanto secava meu cabelo, liguei o computador e entrei no FACE. Algumas pessoas vieram me perguntar o que eu tinha, as cinco janelas começaram a piscar quase ao mesmo tempo, fui olhando uma por uma, o Ster, Teddy, David, Sel. Como o Sterling e o David conseguiram meu FACE era uma incógnita para mim. A última tela era um nome que me fazia tremer.
# Joe #: Demi ?
*.* Demi *.*: — Joe ? — não havia o adicionado no FACE e não tinha recebido nenhum convite seu.
# Joe #: — Como vc tá?
*.* Demi *.*: — Como vc tem meu FACE ?
# Joe #: — Isso realmente importa?
*.* Demi *.*: — Claro + vc não vai me responder, deve ter algum motivo sobrenatural também neh — ele me deixava mesmo muito nervosa.
# Joe #: consegui descobrir seu Face e me adicionei quando fui cozinhar pra vc ...vc deixou ele aberto !
*.* Demi *.*: — Hummm
# Joe #: — Como vc tá?
*.* Demi *.*: — Bem
# Joe #: — Tô indo para sua ksa... — meu coração disparou.
*.* Demi *.*: — Joe — digitei e apaguei várias vezes, meu orgulho não me deixava voltar atrás. Queria vê-lo, queria ele. — Vou me afastar d vc.
# Joe #: — Acha mesmo que consegue? — garotinho petulante.
*.* Demi *.*: — Sim.
Não esperei resposta e fiquei offline, Não tive coragem de excluí-lo, talvez eu realmente não fosse conseguir. Fiquei jogada na cama, ouvindo música, querendo muito me jogar pela janela. Ouvi a companhia, achei que fosse a Sel, fiz a cagada de abrir a porta, sem olhar pelo olho mágico.
— Joe ? — fiquei mole de imediato.
— Disse que estava vindo — aquele sorriso de cínico, era tudo de bom, apesar de tudo ele me fazia feliz, só rindo.
— O que... Você...
— Venha, vamos viajar.
— Ficou louco, Joe ? — o que ele estava fazendo? — Viajar para onde?
— Venha, você vai ver — ele estendeu sua mão para mim, meu coração parecia que ia saltar pela boca.
— Aonde você vai me levar? — oh, meu Deus, já estava ponderando a possibilidade de ir.
— Venha. Confie em mim — coloquei minha mão sobre a dele e o segui porta afora.
Entramos em seu Eclipse preto, coloquei o cinto de segurança e procurei não pensar em mais nada, deixei os problemas do lado de fora do carro. Os minutos que se seguiram foram de silêncio completo, não fazia ideia de onde ele estava me levando.
Joe ligou o rádio, conectou seu MP4 ao som, não acreditei no tipo de música que ele ouvia.
— Música clássica? Sério? — Joe deu seu sorriso cínico que me deixava louca.
— Me faz relaxar.
— Olha só, nem suspeitava desse seu lado.
— Não suspeitava que você fosse bem humorada.
— Muito engraçado, Joe — começamos a sorrir. Estranho como todos os nossos problemas haviam desaparecido, pelo menos por hora. — Onde estamos indo, afinal?
— Surpresa — revirei os olhos, passamos mais alguns minutos em silêncio. Joe passou por um outdoor que falava de vestibular. — Já pensou no que quer cursar na faculdade?
— Não — era a mais pura verdade, ele pareceu não acreditar pelo seu olhar. — É sério, não sei. E você?
— É complicado.
— Me recuso a aceitar essa resposta, Joseph De La Cour — ele pareceu ponderar antes de me responder.
— Médico. Gostaria de salvar as pessoas.
— Não consigo imaginá-lo como médico.
— Não? Mas sou tão charmoso.
— E presunçoso também.
— Faz parte do meu charme — nunca havíamos ficado assim. Era como se ali comigo, Joe pela primeira vez fosse ele mesmo.
— E vai cursar Medicina?
— Não — triste, era exatamente isso que ele era. Embaixo de toda aquela presunção, orgulho e todo resto, se escondia um menino triste.
— Pena, você seria um ótimo médico — se me perguntassem isso uma hora atrás, eu diria que não, Joe não dava para isso, mas naquele momento, tudo tinha se transformado.
— Quem sabe um dia.
— Sim, quem sabe — olhei para fora, uma fina garoa caía. Não tinha nenhum casaco comigo, me encolhi e esfreguei meus braços.
— Tenho um moletom ali atrás — sorri para ele, tirei o cinto de segurança e me debrucei para trás, alcancei seu moletom e algo caiu do seu bolso.
— Você carrega um espelho?
— Todos nós carregamos.
— Todos nós quem? — sua cara indicava que ele havia falado demais, vesti seu moletom e Joe não disse mais nenhuma palavra. O clima no carro ficou tenso. — Estamos chegando? — desconversei, ele não me contaria nada mesmo.
— Quase — começávamos a entrar em uma cidade, tudo indicava que era daquelas pequenas, onde todos sabem da vida um do outro. A cidade parou para nos ver passar. Também, com um carro daqueles, quem não pararia.
— Esse lugar não... Não me é estranho.
— Não?
— Joe, por favor, me diga que você não me trouxe onde estou achando — ele ficou sério, encarando apenas o asfalto na nossa frente.
— Me leve de volta agora, você não tinha esse direito.
— Não vou voltar, tenho uma promessa a cumprir — aquilo era um pesadelo, quem ele pensava que era para se meter na minha vida daquele jeito?
— Que promessa? Ficou maluco, Joe ?
— Talvez.
— Joe, quero voltar.
— Faça um esforço, Demi.
— Esforço por quem? Ela não está mais aqui para ver esforço algum.
— Faça por você mesma — percebi que era inútil argumentar com ele. Assim que Joe parasse o maldito carro, pegaria um ônibus ou sei lá o quê para casa. Finalmente chegamos onde ele queria, desci do carro e bati a porta, caminhei pela calçada na direção oposta de onde ele planejava.
— Aonde você vai, Demetria ?
— Para casa.
— Com que dinheiro? Porque não vi você pegar nenhum — droga, era verdade, não tinha nenhum dinheiro, nenhuma roupa, nenhum documento.
— Ótimo — disse derrotada.
— Qual é, não pode ser tão ruim assim, pode?
— Pode — estava muito nervosa, irritada e sei lá mais o quê.
— Venha. Como eu disse, tenho uma promessa a cumprir — não tinha outra opção a não ser segui-lo.
Aquele lugar me dava arrepios. Começamos a passear pela lápides, a garoa estava molhando nossos rostos. Joe ia na frente, como se soubesse o caminho de cor, eu nunca tinha ido naquele lugar e preferia ter continuado assim. Todos aqueles túmulos, todas aquelas pessoas amadas que se foram, o lugar era deprimente. Ao longe ouvi um padre dizendo algumas palavras, não puder ver nada, mas o choro dos familiares era de cortar o coração, com certeza a tristeza fazia morada lá.
Joe pegou minha mão, como se para me dar forças e eu precisava disso, precisava de forças para continuar. O caminho parecia se tornar mais difícil, meus passos estavam pesados e meu coração triste. Paramos na frente da lápide dela.
Dianna Lovato
Amada esposa
Nenhuma menção a amada mãe, meu pai era um ser absurdamente egoísta.
— Di — ele fez uma reverência para ela, fez uma reverência para a minha mãe. Não sei bem o motivo, mas aquilo deu um nó na minha garganta. — Trouxe a Demi, como te prometi — essa era a bendita promessa, me levar ao túmulo da minha mãe. Espera aí, Di ? Que intimidade era essa?
— Ótimo, Joe, promessa cumprida. Vamos embora agora? — no túmulo dela havia uma foto em preto e branco. Quase desmaiei quando prestei atenção nela, éramos idênticas, tirando, claro, o fato de que ela parecia ser uns anos mais velha.
— Vocês não são parecidas? — Joe disse após acompanhar meu olhar.
— Ela é... — era a criatura mais linda que já tinha visto, nunca havia visto uma fotografia da minha mãe antes. Mesmo sendo só uma foto, dava para ver como éramos diferentes, ela parecia tão meiga, tão doce, tão feliz. — Linda.
— Vocês duas são lindas.
— Por que me trazer aqui, Joe ?
— Porque quero que você converse com ela — fechei meus olhos, cansada. — Ela pode te ouvir. Não precisava ser aqui, mas queria que você a visse. Queria que visse como você é linda e o quanto era importante para ela — não entendi a última parte, mas deixei passar.
— Não sei como falar com ela — comecei a chorar, as lágrimas se misturaram a garoa, meu peito estava pesado, mal conseguia respirar. — Nunca disse nada à minha mãe.
— Estou aqui e vou te ajudar, ok? — assenti com a cabeça, enquanto ainda chorava. Ele se colocou atrás de mim e me abraçou, nós ficamos de frente para sua lápide. — Conte sobre a escola — minha voz demorou alguns minutos a sair.
— Oi, mãe — Deus, como isso era difícil. — Aham, a escola... Vou bem na escola, tirar notas altas não é difícil — não sabia como continuar.
— Fale sobre seus amigos — disse Joe.
— Minha melhor amiga se chama Selena. Somos amigas há muito tempo, ela é tão engraçada e doida, acho que ela faria você rir — meu choro aumentou, Joe apertou seus braços em minha volta. — Andei conhecendo pessoas novas, como o Teddy e o Sterling...
— Só para você saber, Di, não aprovo essas duas últimas amizades — fui obrigada a rir. Ele falava com ela tão naturalmente, como se minha mãe estivesse mesmo ali e eles se conhecessem há anos.
— Mãe — continuei. — Conheci um menino, Joe... — disse mentalmente, gosto tanto dele, mãe. Ele tem segredos, mas me faz rir, me deixa feliz. Ele é importante e não sei o que fazer.
— Hum, a conversa ficou particular ? — ele me perguntou, sorri em meio às lagrimas e continuei, antes que a coragem fosse embora.
— Acho que ele não confia em mim, porque não me conta seus segredos — continuei falando mentalmente,
enquanto ele trocava de perna, como se ficasse apreensivo, mas não deixou de me abraçar. — O mandei embora no hospital, mas me arrependi assim que ele saiu pela porta, porque de alguma maneira estúpida, não consigo ficar longe dele. Me ajude, mãe — Pedi por pensamento. — Se está mesmo me ouvindo, me ajude.
— Viu, não foi tão ruim. Foi?
— Foi difícil, mas não foi ruim — fiquei de frente para ele. — Não queria ter te mandado embora, quer dizer queria... Não sei... Não quero ficar sem você na minha vida — ele abriu um sorriso enorme, beijou minha testa.
— Venha, quero te levar a outro lugar agora — olhou para o túmulo da minha mãe. — Tchau, Di. Obrigado .Fiz cara de questionamento. — Ela me deu você.
— Tchau, mãe — Caminhamos de mãos dadas de volta para o carro e parecia que o peso do mundo finalmente tinha sido tirado das minhas costas.
Entramos no carro novamente. Joe dirigiu por alguns minutos e paramos na frente de uma casa. A minha casa, quer dizer, a antiga.
— Joe, deve ter alguém morando aqui — iriam chamar a polícia se vissem dois adolescentes rondando a casa.
— Não tem, já verifiquei. Seu pai nunca vendeu a casa, ainda é de vocês.
— Sério? — meu pai havia me dito que tinha vendido.
— Sério. Quer saber a melhor parte?
— E tem melhor parte?
— Sim. As coisas da sua mãe estão todas aí dentro, no sótão.
— Como sabe disso?
— Porque já entrei na casa.
— Joe !
— Foi por um bom motivo.
— Que é?
— Você — ele me puxou para dentro da casa e abriu uma das janelas da cozinha que estava com o trinco estragado. Pulamos a janela e fomos para o sótão.
— Cuidado com a cabeça — ele me disse. — Quero que veja isso, vou acender a luz — ele puxou uma cordinha e tudo se iluminou. Definitivamente as coisas lá eram da minha mãe. Tinha um espelho enorme com uma barra fixa a ele; no canto superior uma foto dela, dançando, era bailarina. A foto era em preto e branco como a do túmulo e ela parecia estar sempre feliz.
— Não sabia que ela dançava. Nunca entrei aqui antes, era pequena quando nos mudamos.
— Imaginei que você fosse gostar, olha só esse baú — ele apontou para o chão, no baú estava escrito Di. Entendia agora por que ele a chamava assim. Abri o baú, tinha cheiro de velho e acho que o cheiro era dela. Havia sua roupa de balé, gasta e toda amarelada, umas roupinhas de bebê. Na tampa do lado de dentro tinha uma foto do meu pai e ela, abraçados, sorrindo. Ele nunca sorria, não para mim. Embaixo de tudo tinha um caderno, embrulhado em um pano. O retirei de lá, era o diário dela. Abri em uma página aleatória.
“Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Patrick e eu descobrimos que vamos ser pais, finalmente o teste deu positivo, não vejo a hora de segurar meu bebê no colo.”
Estava chorando de novo, meu pai nunca demonstrou afeto por mim, mas ali estava a prova de que eu era amada. Abri em outra página.
“O bebê mexeu hoje. Queria que Patrick estivesse aqui para senti-la. É uma menina, tenho certeza disso.”
Folhe ei as páginas mais um pouco.
“Depois de discutirmos muito, Patrick e eu chegamos a um acordo. Se for menina eu escolho o nome, se for menino ele escolhe, mas tenho certeza que é a minha Demetria."
Meu pai sempre me disse que ela escolheu meu nome, mas vê-la falando de mim assim, era... Tudo o que sempre sonhei. Continuei lendo vários trechos.
“A Demetria não me deixou dormir a noite toda, não parava de se mexer. Estou muito ansiosa para ver seus olhinhos, sentir seu cheirinho, lhe contar histórias antes de dormir.”
“Quero vê-la crescer e estar lá quando arrumar seu primeiro namorado. Ela é a melhor coisa que já me aconteceu.”
Ouvimos algumas vozes perto da casa e Joe foi olhar através de uma janela pequena e redonda. Fui atrás dele, tinha algumas pessoas olhando o carro, mas elas eram estranhas, me davam arrepios. Estavam todos de preto, como se fosse um uniforme ou sei lá o quê.
— Merda! — Joe disse, me puxando para fora do sótão.
— O que foi, Joe ? O que isso significa?
— Que não fiz minha lição de casa como deveria.
Começamos a descer a escadinha que dava para o sótão. Joe fez sinal para ficarmos quietos. Alguém forçava a porta da frente, era questão de minutos até eles chegarem na janela da cozinha, que estava aberta. Esperamos um pouco, resolvi voltar ao sótão, Joe veio atrás feito louco.
— O que está fazendo? — ele perguntou sussurrando.
— Vim buscar o diário — o havia deixado no chão.
— Venha, Demi, não temos tempo.
— Quem são eles?
— Onde está o espelho? — não acreditei naquilo, por que ele queria um espelho agora?!
— No chão do carro
— Droga! A coisa pode ficar feia. Dessa vez, quando te mandar correr, corra — fiz que sim com a cabeça. Abracei o diário da minha mãe e nos esgueiramos pela casa. Aqueles caras haviam cercado a casa, estavam por todos os lados. Ouvimos um barulho na cozinha, eles estavam entrando, de algum modo sabia que aquilo não era bom. Joe abriu uma gavetinha próxima à porta, meu pai guardava as chaves naquele lugar, disso eu lembrava.
— Demi, quero que abra a porta e não importa o que aconteça ou o que ouça, corra, o mais longe e rápido que puder. Pegue um ônibus para casa, de preferência vá para a casa da Sel — não estava gostando nada daquela história.
— Mas e você?
— Vou ficar bem.
— Não vai não — ele me olhou incrédulo. — Você está mentindo.
— Preciso que você vá.
— Não vou a lugar algum sem você. Quem são essas pessoas?
— Caçadores.
— Caçadores do quê? — na mesma hora que perguntei, meu subconsciente me deu a resposta. Estavam caçando Joe, seja lá o nome do que ele era, estavam caçando isso. — Oh, meu Deus. Joe ?
— Vou ficar bem, se você sair daqui, me saio melhor sozinho.
— Tudo bem, mas não vou para casa... — me calei, tinha alguém passando no outro cômodo da casa. Estava tremendo dos pés à cabeça, Joe colocou sua mão tapando minha boca.
— Te encontro na sua casa. Vá — levantei contra minha vontade e corri até a porta. Passei pela figura de preto e o olhei de relance, ombros largos, alto, olhos... Não sei definir, mas eram bem estranhos.
Parei na frente da porta, mas tremia tanto que não conseguia achar a chave, que estava no molho que Joe havia colocado na minha mão. O chaveiro caiu no chão, o tal de caçador estava se aproximando, mas ele não corria, como se não tivesse pressa de me pegar. Olhei para trás, aqueles olhos eram muito estranhos. Não eram brancos, mas não conseguia olhar para eles, como se alguma coisa me fizesse recuar. Joe se levantou e parou um pouco atrás do cara.
— Estou aqui — ele estava de olhos fechados.
Meu desespero só aumentou. O cara foi na direção de Joe e eles começaram a rolar pelo chão. O cara gritava “Olhe para mim” e Joe continuava com os olhos fechados, ele não aguentaria lutar por muito tempo daquele jeito. Finalmente consegui achar a chave e abri a porta. Saí correndo, dois caras pularam em cima de mim, caí de boca no chão e senti o gosto de sangue. Um dos caras saiu de cima de mim e correu para dentro da casa, correu para ajudar a pegar Joe. Me debati, joguei a terra que consegui pegar do chão nos olhos do caçador. Ele levou as mãos ao rosto e enquanto isso levantei e corri. Estava chegando na esquina quando ouvi os berros de Joe,aquilo ecoou pela minha alma. Parei de correr, olhei em volta e vi um taco de beisebol, em um quintal, era aquilo mesmo que usaria; peguei o taco e voltei correndo. Chegando lá não tinha mais ninguém fora da casa, estavam todos lá dentro e Joe não parava de gritar.
Não pensei duas vezes, quebrei o vidro do carro e abri a porta por dentro. Não conseguia achar a bosta do espelho, cortei minhas mãos nos cacos de vidro, mas finalmente o achei. Peguei o espelho e o taco, entrei na casa. A cena que vi era perturbadora. Havia três homens em cima de Joe, ele estava ensanguentado, de olhos fechados, mal respirando.
— Hey — berrei. O cara mais próximo a mim me olhou e o acertei com o taco, bati o mais forte que consegui. — Joe — ele virou a cabeça na minha direção. — Pegue — joguei o espelho para ele, deduzi que era disso que ele precisava. Ele agarrou o espelho no ar, não sei como fez isso de olhos fechados.
Outro cara partiu para cima de mim, tentei acertá-lo,mas ele desviou, estava bom demais para ser verdade. Ele tirou o taco das minhas mãos sem nenhuma dificuldade e me acertou bem no estômago. Caí sentada, aquilo doía e muito. Olhei para Joe, ele segurou o espelho de frente para seu rosto e abriu os olhos, procurou os caras pelo espelho e no momento que um deles encontrou seu olhar, aquele olhar branco, caiu morto no chão. Simples assim. Seus olhos voltaram ao normal. Joe levantou, deu uma cambaleada e conseguiu acertar o terceiro homem. Veio na minha direção, pegou minha mão e me levantou do chão. Meu coração martelava no peito, ele não parecia nada bem. O cara que me acertou tentou impedir que saíssemos, mas Joe o acertou também, aquele espelho realmente fazia a diferença. Entramos no carro, os caras já estavam levantando, Joe deu partida e saiu cantando pneu, ele não parava de olhar no retrovisor e sinceramente eu também não.
................continua..............
OLÁ ......PRIMEIRAMENTE QUERO AGRADECER A TODAS QUE ME DERAM OS PARABÉNS *---* ISSO SIGNIFICOU MUITO PRA MIM *--* VOCÊS SÃO DEMAIS !!!!!
SEGUNDO ..MARI MINHA FLOR,TE AGRADEÇO MUITO MUITO MESMO PELO SELINHO FIQUEI MUITO CONTENTE *--* SÓ Q EU JÁ RECEBI ESSE SELINHO POR ISSO EU NÃO VOU COLOCA-LO DE NOVO OK ! MAS TE AGRADEÇO DE CORAÇÃO POR TER ME INDICADO NO SEU BLOG !!!! BEIJOS PARA VOCÊ *--*
AGORA AO CAPITULO .....
GALERA ME ENGANEI, NÃO FOI NESTE CAPITULO QUE VCS DESCOBRIRAM O Q O JOE E O NICK SÃO,ACHO QUE É NESTE PRÓXIMO ! MAS,.....O QUE FOI ISSO HEIN ?????!!!
UM BANDO DE CARAS DE PRETO Q SEGUNDO JOE SÃO CAÇADORES,ATACANDO ELE E A DEMI....MEU DEUS...QUEM AI FICOU MORRENDO DE MEDO PELO JOE E TBM PELA DEMI COM MEDO QUE ACONTECESSE ALGUMA COISA COM OS DOIS ???!!!1
ESTE CAPITULO FOI SENSACIONAL NÃO FOI ??? APOSTO QUE VCS ESTÃO AINDA MAIS CURIOSAS PARA SABER O Q ELES SÃO ...NÃO É ????
TENHO QUASE CERTEZA Q NO PRÓXIMO CAPITULO VCS IRÃO DESCOBRIR !!!!
QUEM QUER MARATONA ????!!!!!
COMENTEM BASTANTE PARA O PRÓXIMO CAPITULO ... BEIJOSSS
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Cheguei minha gente :D
ResponderExcluirQUE CAPITULO FOI ESSE?
Morta eu aqui
e agora sim eu estou MUITO MAIS ansiosa pra saber o que o Joe e o Nick sao, entao plmdd POSTA LOGO O OUTRO CAPITULO PLEASEEE :')
Aaaaaaa e sim faz maratora pq ne? Pf :)
Bjsss e tchau
by: Maria Carolina
Mentira que eu fui a primeira, chorei :')
ExcluirEsse cap foi babado confusqo e gritaria. Geeeeeeente n entendi a parte do espelho, mas to mt ansiosa pro proximo cap
ResponderExcluirMaratona *-*
ResponderExcluirAí eu piro kkkkkkk....
Diva ficou perfeito...
Coitados da demi e do joe....super ansiosa para saber o que o joe e o nick são....não aguento mais ansiedade kkkkkkk..posta logooo
Beijos
Ate que em fim Vamos saber Oque o joe e o nick São.
ResponderExcluirAmei o Capitulo, Poste logo!!! Bjs
Omg eu morri. Isso ta perfeito eu preciso descobrir o que eles são, mas como estou sem Internet talvez demore um pouco mais
ResponderExcluirFabiola Barboza.
MARATONA POR FAVOR
ResponderExcluirNossa que cap sensacional!!! Que medo que fiquei por eles rsrs
ResponderExcluirPor favor faça maratona!!! A fic está perfeita!!
Bju
tudo bem amor.... bom o capitulo esta perfeito como todos os outros <3 eu quase tive um treco na parte que esses "caçadores" entraram na casa e começaram a atacar Joe, tadinho :/ ainda bem que eles conseguiram sair vivos né? kkkkkk agora Demi vai cuidar do gato dela kkkkkkkk eu espero que nessa confusão toda Demi não tenha perdido o diário da mãe, quero saber o que ela escreveu mais sobre Demi... ah, eu achei super estranho a intimidade que Joe pareceu ter com a mãe dela, e tipo, como ele sabia o local do tumulo da mãe dela??? super estranho :/
ResponderExcluirPosta logo!!! eu quero maratona, por favor!!!!
aiiiiii jesus posta maiiiiiis, ta perfeitoooo, o que eles sao? ai q medo
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