segunda-feira, 31 de março de 2014

capitulo 3


DEMI *



Ligo meu celular e telefono para casa, antes da aula de Química, para saber como vai minha irmã. Baghda não está nada feliz, porque Shelley teve um ataque depois de provar o almoço. Pelo que entendi, Shelley jogou sua tigela de iogurte no chão, em sinal de protesto. Seria demais esperar que minha mãe tirasse um dia de folga no country club, para cuidar da adaptação de Baghda em nossa casa?
O verão começou oficialmente. E não posso estar em casa para cobrir as falhas da nova enfermeira de Shelley. Eu bem que deveria me concentrar mais nos meus objetivos. Entrar na mesma universidade que meu pai cursou, a Northwestern, é minha meta principal. Assim, poderei estudar perto de casa e ter mais tempo para ficar com minha irmã.
Depois de fazer algumas sugestões a Baghda, respiro fundo, colo um sorriso nos lábios e vou para a classe.
— Ei, baby, guardei um lugar para você. — Zac me mostra um assento ao seu lado.
Mesas altas, de laboratório, com dois lugares cada uma, estão dispostas na sala. Isso significa que vou me sentar ao lado de Zac, nas aulas de Química, durante o resto do ano. Significa também que faremos, juntos, o tão temido projeto sênior de Química.
Sentindo-me uma tola por ter pensado que as coisas não estavam bem entre nós, eu me acomodo no banco alto, e pego meu pesado livro de Química.
— Ei, veja, Fuentes está na nossa classe! — diz um garoto, no fundo da sala. — Ei, Joe, venha para cá!
Tento não olhar enquanto Joe cumprimenta seus amigos com tapinhas nas costas e apertos de mão complicados demais para serem repetidos.
Todos dizem “ese” uns aos outros; sei lá o que isso significa. A presença de Joe atrai todos os olhares.
— Ouvi dizer que ele foi preso na semana passada, por posse de metanfetamina — Zac cochicha ao meu ouvido.
—Não!
— Sim — ele diz, erguendo as sobrancelhas.
Bem, essa notícia não deveria me surpreender. Ouvi dizer que Joe sempre passa os fins de semana drogado, desmaiado, ou envolvido em alguma atividade ilegal. A Sra. Peterson entra na sala e fecha a porta, com um estrondo. Todos os olhares se movem, do fundo da sala, onde Joe e seus amigos estão sentados, até a frente, onde está a Sra. Peterson, em pé. Ela tem cabelos castanhos-claros, presos num rabo-de-cavalo bem apertado. Deve ter quase trinta anos, mas os óculos e a expressão de perpétua severidade fazem com que pareça bem mais velha. Ouvi dizer que ela ficou assim, muito brava, porque no primeiro ano em que lecionou aqui os alunos a fizeram chorar. Também, eles não respeitariam uma professora jovem o suficiente para ser sua irmã mais velha.
— Boa tarde. Sejam bem-vindos à aula de Química. — Ela se senta na borda da mesa e abre uma pasta. — Vejo que já escolheram seus lugares; mas acontece que eu mesma resolvi organizar os assentos...
Reclamo, junto com toda a classe, mas a Sra. Peterson não perde a moral... Parando em frente à primeira mesa, diz:
— Zac Adams, sente-se aqui. Sua parceira será Tiffany Thornton.
Tiffany  faz parte do grupo de torcida do colégio, junto comigo. Sou a líder e ela é uma espécie de co-capitã, ocupando a segunda posição, no grupo. Tiffany me pisca um olho, como se pedisse desculpas, e senta-se ao lado do meu namorado.
Enquanto a Sra. Peterson vai lendo a lista, os estudantes relutantemente se deslocam para os lugares por ela designados.
— Demetria Lovato... — A Sra. Peterson, aponta para a mesa atrás de Zac. — Queira sentar-se ali, por favor.
Sem nenhum entusiasmo, obedeço.
— Joseph Fuentes... — E ela indica o banco ao meu lado. — Ali.
Oh, meu Deus! Joe... meu parceiro de Química durante este ano inteiro? De jeito nenhum, não há como, isso não está direito!
Lanço a Zac um olhar que é um pedido de socorro, enquanto tento evitar um ataque de pânico. Definitivamente, eu deveria ter ficado em casa, na cama, debaixo das cobertas.
— Joe — ele diz à professora — me chame de Joe.
Interrompendo a leitura da lista, a Sra. Peterson ergue os olhos e o observa, por cima dos óculos.
— Joe Fuentes — ela diz, antes de alterar o nome, na lista. — Sr. Fuentes, tire esse lenço. Tenho uma política de tolerância-zero, em minhas aulas. Não permito qualquer tipo de acessório relacionado a gangues, nesta sala. Infelizmente, Joe, sua reputação fala por você. Quanto ao Dr. Aguirre, ele apoia totalmente minha política de tolerância-zero... Fui clara?
Joe a olha de cima a baixo, antes de fazer deslizar o lenço que traz na cabeça, expondo cabelos tão negros quanto seus olhos.
— É para esconder os piolhos — Zac cochicha para Tiffany, mas eu o escuto... E Joe também.
— Vete a la verga — diz Joe a Zac, com os olhos negros incandescentes de raiva. — Não meta o focinho onde não é chamado.
— Qual é, cara? — Zac rebate. E então se dirige a todos: — Ele nem sabe falar Inglês.(mas que na verdade aqui é português...mas vocês entenderam )
— Já chega, Zac. Sente-se, Joe. — A Sra. Peterson olha para o resto da classe. — Isso vale para todos vocês. Não posso controlar o que fazem fora daqui, mas, na minha aula, quem manda sou eu. — E volta-se para Joe. — Fui clara?
— Sí, señora — ele responde, lentamente.
A Sra. Peterson continua a ler a lista, enquanto faço de tudo para evitar qualquer tipo de contato visual com o cara sentado ao meu lado. Foi uma pena deixar minha bolsa no meu armário; eu poderia fingir que estava procurando alguma coisa, como fez Sel, nesta manhã.
— Que droga — Joe resmunga, mais para si mesmo. Sua voz é sombria e áspera... Ou será que ele fala desse jeito, de propósito?
Como vou explicar à minha mãe que sou parceira de Joe Fuentes? Oh, Deus, espero que ela não pense que isso aconteceu por minha culpa. Olho para meu namorado, totalmente entretido numa conversa com Tiffany. Sou tão ciumenta! Por que ela não deixou eu me sentar ao lado dele.? saco !!!
Seria bom se Deus desse a cada pessoa um Do Over Day: um dia para corrigir o que está errado, para reviver o que é bom. E então a gente poderia gritar: “Recomeçando!” E um novo dia teria início. Hoje é um dia em que eu, definitivamente, faria isso: começaria tudo de novo. Será que a Sra. Peterson realmente acha justo colocar a líder da torcida organizada como parceira do cara mais perigoso do colégio? Ela só pode estar delirando! A Sra. Delirante termina, finalmente, de designar os lugares.
— Sei que vocês, estudantes do último ano, pensam que sabem tudo. Mas não se considerem pessoas bem-sucedidas... Não antes de contribuir para a cura de doenças que afligem a humanidade, não antes de fazer da Terra um lugar mais seguro para se viver. A Química tem um papel crucial no desenvolvimento de remédios, nos tratamentos de radiação para pacientes com câncer, na utilização do petróleo, na camada de ozônio.
Joe levanta a mão.
— Sim, Joe ? — diz a professora. — Quer fazer uma pergunta?
— A senhora está dizendo que o presidente dos Estados Unidos não é um homem bem-sucedido?
— Estou dizendo que dinheiro e status não são tudo. Use seu cérebro para fazer algo pela humanidade, ou pelo planeta onde vive. Aí, sim, você será um homem bem-sucedido e ganhará meu respeito, coisa da qual pouca gente pode se gabar.
— Tenho algumas coisas de que posso me gabar, Sra. Peterson — diz Joe, obviamente se divertindo.
A Sra. Peterson ergue a mão:
— Por favor, poupem-nos dos detalhes, Joe.
Francamente, se Joe pensa que o fato de hostilizar a professora vai nos render uma boa nota, está enganado. É óbvio que a Sra. Peterson não gosta de espertinhos... E que meu parceiro já está na sua mira.
— Agora... — diz a Sra. Delirante — quero que cada um olhe para a pessoa sentada a seu lado.
Oh, tudo menos isso. Mas não tenho escolha. Olho de novo para Zac, que parece bastante satisfeito com a parceira que a professora escolheu para ele. Tiffany já tem um namorado... Senão, eu a questionaria, seriamente, sobre por que ela está se inclinando desse jeito para Zac, ou jogando os cabelos para trás, tantas vezes seguidas. Digo a mim mesma que estou sendo paranóica.
—Vocês não precisam gostar do parceiro — diz a Sra. Peterson. — Mas terão de trabalhar juntos, durante os próximos dez meses. Reservem cinco minutos para se conhecer e, então, cada um apresentará seu parceiro, para toda a classe. Falem sobre o que fizeram durante o verão, se têm hobbies, ou sobre qualquer outra coisa interessante ou original, que talvez seus colegas não saibam... Seus cinco minutos começam agora.
Abro meu caderno e o empurro na direção de Joe:
— Escreva alguma coisa sobre você, aqui, e eu farei o mesmo no seu caderno.
Antes isso, do que tentar conversar com ele. Joe acena em concordância — embora eu perceba uma leve contração, nos cantos de sua boca — e me dá seu caderno. Será que imaginei esse riso, ou ele realmente aconteceu? Respiro fundo, afasto esse pensamento e me concentro em escrever, até que a Sra. Peterson nos pede para parar e ouvir as apresentações.
— Esta é a Tiffany Thornton — diz Zac, o primeiro a falar.
Mas não escuto o resto do discurso de Zac sobre Tiffany, sua viagem à Itália, suas aulas de dança neste verão. Em vez disso, olho para o caderno que Joe me devolve e, de queixo caído, leio o que ele escreveu.
.............

JOE *



Ok, eu não deveria ter detonado a garota, na tal apresentação.
Sábado à noite... Você e eu... Aulas de direção e sexo ardente...
Escrever isso no caderno dela provavelmente não foi uma manobra inteligente. Mas eu estava louco para fazer a Pequena Miss Perfeição vacilar, quando me apresentasse à classe... E ela está vacilando!
— Srta. Lovato ?
A Pequena Miss Perfeição olha para Peterson e eu observo tudo, me divertindo muito. Oh, ela é ótima... Essa minha parceira sabe como esconder suas verdadeiras emoções, coisa que reconheço muito bem, porque faço isso o tempo inteiro.
— Sim? — diz Demetria, inclinando a cabeça e sorrindo como se fosse a rainha da beleza. Será que ela continuaria a sorrir assim, se recebesse uma multa por excesso de velocidade?
— É sua vez. Apresente Joe à classe.
Apoio o cotovelo na mesa, esperando para ver: será que Demetria vai mesmo fazer a tal apresentação, ou vai confessar que não sabe nada a meu respeito? Ela me olha: estou sentado, confortavelmente... Vejo, por seu olhar de ansiedade e pânico, que consegui deixá-la bastante perturbada.
— Este é Joseph Fuentes — ela começa, com um leve tremor na voz. Fervo por dentro enquanto ela diz meu nome de batismo, mas mantenho a pose durante a apresentação.
— Nesse verão, enquanto não estava vagabundando pelas esquinas ou perturbando pessoas inocentes, ele fez uma turnê pelas cadeias da cidade, se é que vocês me entendem. Mas Joe tem um desejo secreto que ninguém, jamais, poderia imaginar.
De repente, a classe inteira fica em silêncio. Até mesmo a Sra. Peterson está ligada... Que inferno! Escuto as palavras mentirosas, brotando dos lábios pink de Demi... E elas parecem verdadeiras!
— O desejo secreto de Joseph Fuentes... — ela continua — é ir para a Universidade e tornar-se um professor de Química, assim como a Sra. Peterson.
Ok, tudo bem. Olho para minha amiga Miley, que parece se divertir ao ver que a garota branca não tem medo de me provocar, diante de toda a classe. Demetria me lança um sorriso triunfante, pensando que ganhou este round. Tente outra vez, gringa. Eu me levanto, enquanto a classe continua em silêncio.
— Esta é Demetria Lovato — digo, agora com todos os olhares voltados para mim. — Nesse verão, ela foi ao shopping, comprou muitos modelos novos para incrementar seu guarda-roupa e gastou o dinheiro do papai numa cirurgia plástica, para melhorar sua... — faço uma pausa de efeito, antes de terminar: — fachada.
Pode não ser o que ela escreveu... Mas, provavelmente, isso está bem perto da verdade... Ao contrário da apresentação que ela fez sobre mim. Meus amigos riem, no fundo da sala.
Demetria está a meu lado, dura como uma tábua; parece que minhas palavras feriram seu precioso ego.
Demetria Lovato está acostumada a ser bajulada por todo mundo... Mas bem que podia acordar, de vez em quando. Estou realmente lhe prestando um favor. E mal sabe ela que ainda não terminei a apresentação.
— Seu desejo secreto... — acrescento, provocando em Demi a mesma reação que ela provocou em mim, quando me apresentou — é namorar um mexicano, antes da formatura.
Tal como eu esperava, minhas palavras provocam comentários e alguns assovios, no fundo da sala.
— Muito bem, Fuentes! — grita meu amigo Lucky.
— Quer namorar comigo, gracinha? — diz outro.
— Toque aqui... — Ergo minha mão espalmada. Marcus, outro membro da Sangue Latino, sentado logo atrás de mim, faz o mesmo. Batemos nossas mãos, uma contra a outra, e é então que percebo Miley, meneando a cabeça, como se eu tivesse feito algo errado... Ora, estou apenas me divertindo com uma garota rica da zona norte.
Demetria olha para Zac e depois para mim. Encaro Zac e, com os olhos, lhe digo: o jogo começou. No mesmo instante ele fica vermelho como uma pimenta. Definitivamente, acabo de invadir seu território. Ótimo!
— Silêncio, classe! — diz a Sra. Peterson, num tom ríspido. — Agradeço as apresentações, muito criativas e... esclarecedoras. Quanto à Srta. Lovato e ao Sr. Fuentes... Façam o favor de conversar comigo, depois da aula. Fui clara?
— Além de causar espanto, a apresentação de vocês foi uma falta de respeito, tanto para mim quanto para seus colegas — diz a Sra. Peterson, após a aula. Eu e Demetria estamos diante da mesa dela. — Vocês têm uma alternativa... — Ela pega dois daqueles formulários azuis, de suspensão. Com a outra mão, segura nossos cadernos. — Vocês podem receber uma suspensão, hoje, ou então escrever, a mão, um ensaio de quinhentas palavras sobre “respeito” para amanhã. O que vão escolher?
Escolho o formulário da suspensão. Demetria — veja só! — escolhe o caderno.
— Vocês têm alguma objeção quanto aos  parceiros de Química? — pergunta a Sra. Peterson.
Demi responde “sim” enquanto eu, ao mesmo tempo, digo “não”. A Sra. Peterson tira os óculos, colocando-os sobre a mesa:
— Escutem, é melhor que vocês resolvam suas diferenças, antes do final do ano letivo. Demetria, eu não vou trocar o seu parceiro. Vocês dois estão no último ano do curso secundário e terão que lidar com muitas pessoas, de personalidades bem diferentes, depois que se formarem. Se não quiserem frequentar o curso de verão, depois de serem reprovados em minha matéria, sugiro que trabalhem juntos, em vez de entrarem em conflito. Agora, tratem de se apressar para a próxima aula.
Com isso, saio da sala de Peterson e caminho ao lado da minha parceira de Química pelo corredor.
— Pare de me seguir — diz Demi, asperamente, olhando por sobre o ombro para ver se alguém está nos observando. ...Como se eu fosse el diablo em pessoa!
— Use mangas compridas, no sábado à noite... Faz muito frio, na garupa da minha moto. E você pode pegar uma gripe — digo, sabendo que ela está no limite da sua sanidade. Não costumo mexer com garotas brancas, mas até que estou gostando de provocar esta, a mais popular, a mais cobiçada, entre todas... Ela realmente me interessa.
— Escute, Joe... — diz Demi, virando-se de súbito para mim, com aqueles cabelos, que parecem ter sido beijados pelo sol, caindo abaixo dos ombros. Ela me encara, com uma expressão gélida nos olhos .
— Não costumo sair com garotos de gangues. E não uso drogas.
— Eu também não saio com garotos de gangues — digo, me aproximando dela ainda mais. — E não sou usuário de drogas.
— Sim, tudo bem; me surpreende o fato de você não estar numa clínica de recuperação, ou num reformatório para delinquentes juvenis.
— Você acha que me conhece, não é mesmo?
— Conheço o suficiente. — Ela cruza os braços, mas então olha para baixo, como se percebesse que essa postura faz com que seus peitos pareçam bem maiores... E solta os braços ao longo do corpo.
Eu me esforço ao máximo para não focar esses peitos, enquanto avanço mais um passo.
— Você me entregou para o Aguirre?
Ela recua um passo:
— E daí, se eu fiz isso?
— Mujer, você está com medo de mim. — E isto não é uma pergunta. Só quero ouvir, dos próprios lábios de Demetria, o motivo desse medo.
— A maioria dos alunos deste colégio têm medo de olhar para você de um jeito “errado” e levar um tiro... Se é que você me entende.
— Se isso fosse verdade, minha espingarda estaria soltando fumaça, neste exato momento... Então, por que você não está fugindo deste mexicano durão, hein?
— Dê-me uma pequena chance de fazer isso... E eu farei.
Bem, já perdi tempo demais com essa cadelinha. É hora de me aprumar e mostrar quem é que manda aqui. Diminuo ainda mais a distância entre nós e murmuro em seu ouvido:
— Encare os fatos, garota: sua vida é muito perfeita. Você provavelmente acorda no meio da noite... E fica fantasiando sobre o que fazer para tornar um pouco mais animado aquele lugar imaculado onde você vive...
.......
Mas, droga, sinto um cheiro de baunilha, que talvez venha do perfume que ela usa. Isso me faz lembrar de uns biscoitos... Adoro biscoitos, o que significa que eles não são muito bons.
— Ficar perto do fogo, niña, não significa, necessariamente, que você vai se queimar.
— Toque nela e se arrependerá amargamente, Fuentes — Zac avisa. Ele parece um burro, com seus  dentes brancos e as orelhas despontando em meio ao ridículo corte de cabelo. — Trate de ficar bem longe dela.
— Zac... — diz Demi — tudo bem... Posso lidar com isso.
O Cara de Burro trouxe reforços: três outros caras de cara branca e pastosa, que se colocam em volta dele, formando uma retaguarda. Observo Cara de Burro e seus amigos, para ver se sou capaz de dar conta de todos... Não vai ser fácil, mas acho que posso derrotá-los.
— Ouvirei suas asneiras quando você tiver tamanho para jogar nos grandes times, garoto — eu digo.
Alguns estudantes formam um círculo à nossa volta, deixando-nos espaço para a briga, que promete ser rápida, furiosa e sangrenta. Mal sabem eles que o Cara de Burro sempre foge desses confrontos. Mas, agora, que tem retaguarda, talvez resolva encarar... Estou sempre preparado para o perigo; já briguei muitas vezes, nessa vida. Tenho cicatrizes que provam isso.
— Zac, não vale a pena brigar com ele — diz Demetria.
Oh, obrigado, gracinha. Então você voltou?
— Você está me ameaçando, Fuentes? — grita Zac, ignorando a namorada.
— Não, imbecil — respondo, encarando-o. — Apenas caras frouxos, como você, fazem ameaças.
Demetria se coloca na frente de Zac e põe a mão em seu peito.
— Não ligue para ele — diz ela.
— Não tenho medo de você. Meu pai é advogado — Zac se gaba, enlaçando Demi. — E esta garota é minha. Nunca se esqueça disso.
— Então, veja se consegue controlar a menina... — eu aviso senão, é capaz dela ficar tentada a encontrar outro dono.
Meu amigo Harry se aproxima:
— Tudo bem, Joe ?

— Sim, Harry — respondo, um momento antes de ver dois professores se aproximando pelo corredor, acompanhados por um policial. É isso que Zac Adams quer: me dar um bom chute no traseiro e me expulsar deste colégio. Não vou cair nessa armadilha; não quero acabar na lista negra de Aguirre.
— Sim, tudo bem. — Eu me viro para Demi. — Vejo você mais tarde, gracinha. Estou ansioso para fazer uma pesquisa sobre a nossa química.
Demetria ergue o queixo, com ar superior, e me olha como se eu fosse a escória da raça humana... Eu me afasto e, assim, me livro de uma segunda suspensão.

..........................continua

TÁ AI MAIS UM CAPÍTULO ......GALERA NÃO SEI VOCÊS..MAS EU ADOREI A PARTE QUE ELES SE APRESENTARAM PARA A CLASSE ....KKKKKK  FOI D +++
BOM ...CONTO COM OS COMENTÁRIOS DE VOCÊS PARA O PRÓXIMO CAPÍTULO.....
BEIJOS *-----*



domingo, 30 de março de 2014

capitulo 2




DEMI *

Dirigindo meu novo conversível prateado pela Vine Street, rumo ao Colégio Fairfield, comento com Sel, minha melhor amiga:
— Sempre que desço a capota deste carro, meu cabelo fica todo arrepiado... Como se eu tivesse passado pelo centro de um ciclone!
“Aparência é tudo”: meus pais me ensinaram esse lema, que rege minha vida. Foi só por isso que não comentei nada sobre o BMW, este extravagante presente de aniversário que meu pai me deu, duas semanas atrás.
— Moramos a meia hora de distância de “Windy City” — diz Sel, mantendo a mão contra o vento, enquanto nos deslocamos. — Chicago não é exatamente famosa por seu clima ameno. Além do mais, Demi, você parece uma deusa grega, loira, de cabelos rebeldes... Só está um pouco nervosa, porque vai rever Zac.
Meu olhar passeia pelo painel do carro, até um porta-retratos em forma de coração, com minha foto e a de Zac.
— Um verão inteiro à distância faz as pessoas mudarem.
— A distância torna a paixão mais intensa — Sel replica. — Você é a líder da torcida e, ele, o capitão do principal time de futebol do colégio. Vocês dois têm que dar certo... Senão, os planetas do sistema solar vão acabar se desalinhando.
Durante o verão, Zac me ligou algumas vezes, da cabana de sua família, onde foi passar férias com os amigos. Mas não sei em que pé está, agora, o nosso relacionamento. Zac só voltou ontem à noite.
— Adoro esse jeans — diz Sel, olhando minha calça desbotada, made in Brasil. — Vou pedir emprestado, bem antes do que você imagina.
— Minha mãe detesta jeans, principalmente este — respondo, parando num semáforo e ajeitando os cabelos, tentando domar meus cachos loiros. — Ela acha que parece roupa comprada em brechó.
— E você não contou a ela que vintage está na moda?
— Contei, mas você acha que ela ouviu? Mal prestou atenção quando perguntei sobre a nova enfermeira de Shelley...
Ninguém entende como são as coisas, lá em casa. Felizmente, posso contar com Sel. Ela pode até não entender, mas tem paciência para me ouvir e sabe manter segredo sobre minha vida familiar. Além de Zac, Sel é a única pessoa que conhece minha irmã.
— O que aconteceu com a outra enfermeira? — ela pergunta, abrindo minha caixa de CDs.
— Shelley arrancou um punhado de cabelos dela.
— Uiii!
Entro numa vaga, no estacionamento do colégio, com a mente mais concentrada em minha irmã do que no local onde estou. Dou de cara com um rapaz e uma garota, numa motocicleta. Freio bruscamente e os pneus “cantam”. Pensei que a vaga estivesse vazia.
— Ei, você não enxerga por onde anda, sua cadela?! — grita Carmen Sanchez, a garota na garupa da moto, com a mão direita fechada e só o dedo médio erguido. Obviamente, ela perdeu a palestra sobre a boa educação no trânsito.
— Desculpe — eu digo, elevando a voz para ser ouvida, apesar do rugido da moto. — Pensei que o lugar estivesse vago.
Só então percebo de quem é essa moto em que quase bati. O piloto se vira... Olhos escuros, furiosos. Lenço vermelho e preto na cabeça. Eu me afundo atrás do volante, tanto quanto posso.
— Droga! — digo, estremecendo. — É Joe Fuentes!
— Meu Deus, Demi ! — diz Sel, em voz baixa. — Eu quero estar viva, para ver a nossa formatura. Vamos dar o fora daqui, antes que ele resolva matar nós duas.
Joe me lança um olhar diabólico, enquanto desce o descanso da moto, com o pé. Será que ele vai me encarar? Tento engatar a ré, movendo freneticamente a haste do câmbio, para trás e para frente. Não é nenhuma surpresa que meu pai tenha me comprado um carro de transmissão manual, sem ter tempo de me ensinar como funciona a coisa. Joe avança. O instinto me diz para abandonar o carro e fugir, como se ele estivesse preso nos trilhos e um trem viesse em minha direção. Olho rápido para Sel, que remexe na bolsa desesperadamente, como se procurasse alguma coisa. Ela só pode estar brincando!
— Não consigo achar a ré na droga deste carro. Preciso de ajuda. O que você está procurando? — pergunto.
— Eu? Nada... Estou só tentando evitar um contato visual com um cara da Sangue Latino — diz Sel, entre os dentes. — Vamos, mexa-se, garota. Além do mais, eu só sei dirigir carros com transmissão automática.
Finalmente consigo engatar a ré e recuo, com os pneus cantando alto, enquanto procuro outra vaga para estacionar. Depois de deixar o carro no setor oeste, bem longe de um certo membro de uma certa gangue, cuja reputação assustaria até o mais violento jogador de futebol de Fairfield, Sel e eu começamos a subir a escadaria que leva à entrada principal do colégio. Para nosso azar, Joe Fuentes e seus amigos da gangue estão bem ali, junto à porta.
— Passe direto — diz Sel, baixinho. — E, principalmente, não olhe nos olhos deles.
Mas é bem difícil fazer isso, quando Joe Fuentes se aproxima, bloqueando meu caminho.
Que oração se deve rezar, no momento em que a gente sabe que vai morrer?
— Você é uma péssima motorista — diz Joe, com seu leve sotaque latino, a voz grave e a postura típica de quem diz: “Eu Sou o Cara.”
Joe até pode parecer um modelo da Abercrombie, com esse corpo espetacular e esse rosto perfeito. Mas, pelo seu jeito e sua pose, parece antes ter saído de um arquivo da polícia.
Meninos e meninas da zona norte não se misturam com meninos e meninas da zona sul. Não pense que nos achamos melhores do que eles... Apenas, somos diferentes. Crescemos na mesma cidade, mas em lados totalmente opostos. Vivemos em grandes casas, à margem do Lago Michigan, enquanto eles vivem à margem dos trilhos de trem. Nós somos, parecemos, falamos, agimos e nos vestimos de modo distinto. Não digo que isso seja bom ou mau... É apenas a maneira como as coisas são, em Fairfield. E, sinceramente, a maioria das meninas da zona sul me tratam como Carmen Sanchez fez, me odeiam por ser quem sou... Ou melhor: quem elas pensam que sou.
O olhar de Joe passeia lentamente por meu corpo, percorrendo-me inteira, antes de voltar ao meu rosto. Não é a primeira vez que um garoto me observa de cima a baixo. Só que nunca vi alguém fazer isso, tão descaradamente, como Joe. E, assim, tão de perto... Posso até sentir meu rosto corando.
— Na próxima vez, tente guiar de olhos abertos — diz ele, numa voz fria e controlada. — É bom a gente olhar por onde anda, entende?
Joe Fuentes está tentando me intimidar. É um verdadeiro profissional, nisso. Mas não vou deixar que me vença, nesse joguinho de intimidação. Não vou, mesmo me sentindo assim, petrificada de medo. Dando de ombros, olho para ele com desdém, o mesmo desdém que uso para afastar pessoas indesejáveis, e respondo:
— Agradeço a dica.
— Se estiver precisando de um verdadeiro homem, para ensiná-la a dirigir, posso lhe dar umas lições.
As vaias e assovios dos parceiros de Joe fazem meu sangue ferver.
— Se você fosse um homem de verdade, abriria a porta para mim, em vez de bloquear meu caminho — digo, admirada com minha resposta ferina, embora meus joelhos ameacem dobrar-se.
Joe recua alguns passos, abre a porta e se inclina, como se fosse meu mordomo. Está zombando de mim... Ele sabe disso, eu sei disso, todos sabem disso. Olho de relance para Sel, que continua remexendo desesperadamente na bolsa, à procura de nada. Sel é totalmente sem noção.
— Vá cuidar da sua vida — eu digo a Joe.
— Assim como você cuida da sua? — ele reage, asperamente. — Pois vou lhe contar uma coisa, otária: sua vida não é real, é falsa... Assim como você.
— Antes isso, do que viver como um perdedor — eu rebato, esperando que minhas palavras firam Joe tanto quanto as dele me feriram.
Puxo Sel pelo braço, empurrando-a em direção à porta aberta. Vaias e comentários nos acompanham, enquanto entramos no colégio. Finalmente, solto a respiração que estava presa... E então me viro para Sel.
— Demi ! — Minha melhor amiga me encara com os olhos arregalados. — Você está querendo morrer, ou algo assim?
— Por que Joe Fuentes se dá o direito de intimidar todo mundo?
— Bem... Talvez por causa da arma que ele traz escondida, nas calças... Ou das cores da Sangue Latino — diz Sel, destilando sarcasmo em cada palavra.
— Joe não é tão estúpido, a ponto de trazer uma arma para a escola — eu argumento. — E me recuso a ser intimidada por ele, ou por qualquer outra pessoa...
Ao menos aqui, no colégio, o único lugar onde posso manter minha fachada de “perfeição”... E todo mundo acredita.
De repente, excitada pelo fato de estar iniciando meu último ano em Fairfield, seguro Sel pelos ombros:
— Estamos no último ano do segundo grau! — digo, com o mesmo entusiasmo que uso quando comando a torcida, durante os jogos de futebol.
— E daí?
— Daí que, a partir de agora, tudo vai ser per-fei-to.
O sinal toca... E não é exatamente o som convencional, desde que os estudantes votaram, no ano passado, pela substituição do sinal comum por trechos de músicas, nos intervalos entre as aulas. Agora, está tocando Summer Lovin’, da trilha sonora de Grease. Sel começa a caminhar pelo corredor.
— Vou cuidar para que você tenha um funeral per-fei-to, Demi, com flores e tudo o mais.
— Quem morreu? — pergunta alguém, atrás de mim.
Eu me viro... E ali está Zac, com os cabelos um pouco mais claros, por conta do sol de verão, e um sorriso tão largo, que ocupa quase todo o seu rosto. Eu gostaria de ter um espelho para ver o estado da minha maquiagem. Mas com certeza Zac vai me convidar para sair, mesmo se ela estiver borrada, não é mesmo? Corro para lhe dar o maior abraço do mundo...
Ele me envolve em seus braços, me beija suavemente, nos lábios. Então se afasta um pouquinho e torna a perguntar:
— Quem morreu?
— Ninguém — eu respondo. — Esqueça isso. Esqueça tudo, lembre-se apenas de que estamos juntos.
— Isso é fácil... Ainda mais quando você está assim, tão gata.
Zac volta a me beijar.
— Peço desculpas por não ter ligado ontem, Demi. Foi uma loucura, havia muita bagagem para descarregar e tudo o mais... Você sabe.
Eu sorrio, feliz, porque apesar de termos passado o verão separados, nosso relacionamento não mudou. O sistema solar está seguro, ao menos por enquanto.
Zac me enlaça pelos ombros e a porta da frente se abre. Joe e seus amigos irrompem por ela, como se estivessem ali para cometer um assalto.
— Por que eles insistem em vir ao colégio? — Zac murmura, para que somente eu escute. — De qualquer jeito, metade deles provavelmente vai cair fora, antes que o ano termine.
Meus olhos rapidamente encontram os de Joe... E um calafrio me percorre a espinha.
— Quase bati na moto de Joe Fuentes, nesta manhã — eu conto a Zac, já que Joe não pode nos ouvir.
— Quase? Pena que você não acertou.
— Zac ! — eu o repreendo.
— Ao menos nosso primeiro dia de aula teria alguma emoção. Este colégio é terrivelmente entediante.
Entediante? Quase sofri um acidente, uma garota da zona sul me fez um gesto obsceno, um membro de uma gangue perigosa me desafiou... Se isso foi uma amostra do que me espera, neste último ano, bem... Eu diria que o Colégio Fairfield pode ser tudo, menos entediante.


JOE *



Eu sabia que seria chamado à sala do novo diretor, em algum momento, durante o ano letivo. Mas não esperava que isso acontecesse logo no primeiro dia de aula. Ouvi dizer que o Dr. Aguirre foi contratado graças à mão-de-ferro que demonstrou, na direção de uma escola em Milwaukee. Alguém deve ter dito a ele que fui eu quem começou tudo... E, agora, aqui estou, depois de ter sido praticamente arrancado do ginásio de esportes, para que Aguirre possa estufar o peito e recitar todas as regras sobre a minha condição de estudante. Sinto que ele está me sondando, tentando prever minhas reações, enquanto me ameaça:
— Contratei dois seguranças armados para trabalhar neste colégio, em tempo integral, Joseph.
Seus olhos me focam, tentando me intimidar. Sim, tudo bem. Percebo de imediato que Aguirre, mesmo sendo latino, não sabe nada sobre o que acontece nas ruas...
Agora ele começa a me contar que também foi um garoto pobre, como eu. Mas provavelmente nem conhece o outro lado da cidade, onde moro. Talvez eu devesse convidá-lo para dar uma volta por lá.
— Prometi ao superintendente de ensino, bem como ao pessoal do conselho educativo, que me encarregaria de erradicar a violência que tem infestado este colégio, por tantos anos. — Ele para bem diante de mim. — Não hesitarei em dar uma suspensão a quem desobedecer as regras.
Não fiz nada, além de me divertir um pouco com aquela patricinha... E esse cara já está falando em suspensão. Talvez ele tenha ouvido alguma coisa sobre a minha suspensão, no ano passado... Um pequeno incidente que me deixou fora das aulas, por três dias. Não foi culpa minha... Não totalmente. É que o meu amigo Harry tinha uma teoria maluca sobre a água fria que, supostamente, afetaria os brancos de um modo diferente dos latinos. Nós estávamos conversando sobre isso, na sala das caldeiras, depois dele ter desligado os aquecedores, quando fomos pegos. Eu não tinha nada a ver com aquilo, mas levei a culpa do mesmo jeito. Harry tentou contar a verdade, mas o nosso antigo diretor não quis escutar. Se eu insistisse mais, talvez ele me ouvisse. Mas do que adianta lutar por uma causa perdida?
Claro que Demetria Lovato é a responsável por eu estar aqui, hoje. Ou você acha que aquele idiota do namorado dela já foi chamado à sala do Aguirre, alguma vez? De jeito nenhum. O cara é o ídolo do futebol aqui do colégio. Ele pode matar aula e brigar o quanto quiser, que provavelmente continuará a ser bajulado pelo Aguirre.
Zac Adams vive me provocando, sabendo que pode fazer isso à vontade. Todas as vezes em que estive prestes a revidar, ele encontrou um jeito de fugir ou correr para perto dos professores... Que, aliás, estavam apenas esperando pela oportunidade de me ferrar. Qualquer dia desses...
Olho para Aguirre:
— Não fui eu quem começou a briga. Posso até terminar uma briga, mas não sou de provocar.
— Isso é bom — diz Aguirre. — Mas fiquei sabendo que você desacatou uma aluna, no estacionamento.
Quase fui atropelado pelo reluzente BMW novo de Demi Lovato... E a culpa é minha? Nos últimos três anos, consegui evitar aquela cadelinha rica. No ano passado, ouvi dizer que havia uma nota “C” no boletim dela. Mas bastou um telefonema de seus pais e a nota mudou para “A”. Um “C” prejudicaria sua chance de entrar numa boa faculdade. Que droga. Se eu tirasse um “C” minha mãe me daria uns tabefes na cabeça e me faria estudar duas vezes mais. Tenho trabalhado duro para tirar notas boas, embora tenha sido questionado muitas vezes sobre os recursos que uso para conseguir as respostas, nas provas. Para mim, a questão não é entrar na faculdade. A questão é provar que eu poderia entrar... Se meu mundo fosse diferente. Nós, da zona sul, podemos até ser considerados mais idiotas que os caras da zona norte... Mas isso é conversa. Não somos tão ricos ou obcecados com bens materiais, nem com a perspectiva de entrar nas universidades mais caras e prestigiadas do país. Durante a maior parte do tempo, estamos apenas tentando sobreviver e salvar a pele. Provavelmente o problema mais difícil, na vida de Demi Lovato, é decidir em que restaurante jantar, a cada noite. A garota usa seu corpo estonteante para manipular todo mundo que se aproxima dela.
— Você se importaria de me contar o que aconteceu, no estacionamento? — diz Aguirre. — Gostaria de ouvir a sua versão.
Isso não quer dizer nada. Aprendi, há muito tempo, que o meu lado não importa.
— O que aconteceu hoje de manhã... — eu digo — foi um grande mal-entendido. Demi Lovato não entendeu que dois veículos não podem ocupar o mesmo espaço.
Aguirre inclina-se sobre sua mesa polida, impecável:
— Vamos tentar não fazer dos mal-entendidos um hábito. Certo, Joseph ?
— Joe.
— Hum?
— Pode me chamar de Joe — eu digo. Tudo o que ele sabe a meu respeito está no meu prontuário escolar, que provavelmente é tão extenso, que deve ter uns vinte centímetros de grossura.
Aguirre responde com um aceno de cabeça:
— Tudo bem, Joe. Pode ir, agora. Mas estou atento ao que aconteceu; ficarei de olho em cada movimento que você fizer. E não quero vê-lo aqui, de novo, em minha sala.
Eu me levanto e ele me toca o ombro.
— Quero que você saiba que minha meta é trabalhar para que cada aluno deste estabelecimento seja bem-sucedido. Refiro-me a todos os alunos, Joe... Inclusive você. Portanto, se você tiver algum preconceito a meu respeito, trate de jogá-lo pela janela... Entendeu?
— Sí... Entiendo — respondo, perguntando-me até onde posso confiar nele.
No corredor, uma multidão de estudantes se apressa para a próxima aula.
Nem imagino para onde devo ir, para assistir a próxima aula. E ainda estou usando minhas roupas de ginástica. Vou ao vestiário para me trocar e escuto a música, nos alto-falantes, chamando os alunos... Tiro do bolso de trás da calça o cartão com o horário das aulas: Química, com a Sra. Peterson. Que maravilha! Mais uma durona que vou ter que aguentar.


.................continua..............

DESCULPEM A DEMORA *--*
O QUE ESTÃO ACHANDO DA NOVA FIC ....NÃO SEI SE VCS ESTÃO GOSTANDO PORQUE VI QUE OS COMENTÁRIOS DIMINUIRAM .....SE NÃO ESTIVEREM GOSTANDO É SÓ DIZER.
MAS SE TIVEREM GOSTANDO...TAMBÉM PODEM DIZER ..KKKKKK
ATÉ O PRÓXIMO ENTÃO ...COMENTEM BASTANTE HEIN  ....BEIJEMI *--*



sexta-feira, 28 de março de 2014

capitulo 1





DEMI *

Todos sabem que sou perfeita. Tenho uma vida perfeita. Roupas perfeitas. Até minha família é sinônimo de perfeição. E embora tudo seja uma completa mentira, me esforcei muito para manter as aparências, para ser “perfeita” em todos os sentidos. Se soubessem da real, minha imagem iria por água abaixo.
Parada em frente ao espelho do banheiro, com o som ligado no último volume, corrijo, pela terceira vez, mais uma linha torta que tracei, sob o olho. Droga! Minhas mãos estão tremendo. Começar o último ano do segundo grau e reencontrar meu namorado, depois de ficarmos longe um do outro nas férias de verão, não deveria ser tão estressante assim... Mas hoje o dia começou mal. Primeiro, o meu modelador de cachos começou a soltar fumaça e logo parou de funcionar. Depois, o botão da minha blusa predileta quebrou. E agora este delineador resolveu que tem vontade própria! Se eu pudesse escolher, ficaria em minha cama, bem confortável, comendo biscoitos com gotas de chocolate, quentinhos, o dia todo.
— Venha, Demi !
Hum... Acho que ouvi minha mãe gritar, lá do hall.
Meu primeiro impulso é ignorá-la, mas isso nunca me traz nada de bom, a não ser bronca, dor de cabeça... E mais gritos.
— Já vou! Só um minutinho — respondo, esperando conseguir passar esse delineador direito e acabar logo com isso.
Por fim, acerto o traço, jogo o delineador no balcão da pia, confiro minha imagem no espelho, uma, duas, três vezes. Desligo o som e desço correndo para o hall. Minha mãe está parada, aos pés da nossa esplêndida escadaria, analisando meu visual. Endireito os ombros. Sim, eu sei... Tenho dezoito anos e não deveria ligar para o que mamãe pensa... Mas não é você que mora aqui, na casa dos Lovato.
Minha mãe sofre de ansiedade... Não do tipo facilmente controlado por pequenas pílulas azuis. E, quando está estressada, todos os que convivem com ela sofrem também. Vai ver que é por isso que meu pai sai para trabalhar cedinho, antes que ela se levante: para não ter que lidar com... bem... com ela.
— Odiei a calça, amei o cinto — diz minha mãe, apontando com o indicador para cada uma das minhas peças de roupa. — E aquele barulho que você chama de música estava me dando enxaqueca. Ainda bem que você desligou.
— Bom dia para você também, mãe — eu digo, antes de descer a escada e dar-lhe um beijinho no rosto. Quanto mais me aproximo dela, mais meu nariz sofre com o tormento do seu perfume forte. Minha mãe parece uma milionária, em seu uniforme de tênis Blue Label, da Ralph Lauren. Claro que ninguém poderia levantar sequer um dedo para criticar suas roupas.
— Comprei o muffin que você mais gosta, para o seu primeiro dia de aula — ela anuncia, me mostrando um saquinho que tinha escondido atrás das costas.
— Não quero, obrigada — eu digo, olhando em volta para ver se acho minha irmã. — Cadê a Shelley?
— Na cozinha.
— A nova enfermeira já chegou?
— Seu nome é Baghda. E, não, ela só vai chegar dentro de uma hora.
— Você já contou a Baghda que a lã irrita a pele de Shelley... E que ela puxa os cabelos de quem está por perto, quando fica nervosa?
Shelley sempre deixou claro, mesmo sem falar, que detesta o contato da lã contra a pele. Puxar cabelos é sua nova mania que, aliás, já causou alguns desastres... E desastres, em minha casa, são quase tão sérios quanto um acidente de carro. Portanto, evitá-los é uma coisa crucial em nossas vidas.
— Sim... E sim — responde minha mãe. — Dei uma bronca em sua irmã, hoje cedo, Demetria. Se ela continuar desse jeito, perderemos mais uma enfermeira.
Vou até a cozinha, pois não estou a fim de ouvir a lengalenga de minha mãe, nem suas teorias sobre os motivos que levam Shelley a partir para aqueles repentinos ataques.
Minha irmã está sentada à mesa, na cadeira de rodas, ocupada em ingerir sua comida, que precisa ser especialmente preparada. Pois, apesar de seus vinte e um anos, Shelley não consegue mastigar nem engolir, como fazem as pessoas que não têm as mesmas limitações físicas que ela. Como de costume, a comida acabou grudada em seu queixo, lábios e bochechas.
— Ei, Shell-Bell, minha Conchinha Barulhenta — digo, inclinando-me na direção dela para limpar seu rosto com um guardanapo. — Hoje é o meu primeiro dia de aula. Não vai me desejar boa sorte?
Desajeitadamente, Shelley estica os braços e sorri seu sorrisinho torto... Como amo esse sorriso!
— Quer me dar um abraço? — pergunto, já sabendo a resposta. Os médicos sempre nos dizem que quanto mais Shelley interagir com as pessoas, melhor ela ficará.
Shelley responde “sim”, com a cabeça. Deixo-me envolver por seu abraço, tomando cuidado para manter suas mãos longe do meu cabelo. Quando me endireito, dou de cara com minha mãe, que está ofegante. Até parece um juiz apitando, interrompendo minha vida por um momento, só para dizer:
— Demi, você não pode ir à escola assim.
— Assim... como?
Ela balança a cabeça, com um suspiro de frustração:
— Olhe só para a sua blusa.
Obedeço... E vejo uma grande mancha úmida, bem na frente de minha blusa Calvin Klein branca. Ops! Baba da Shelley. Só de olhar para o rosto tenso da minha irmã, capto a mensagem que ela não consegue expressar facilmente, com palavras: Shelley sente muito. Shelley não queria sujar a minha roupa.
— Não foi nada — digo a ela, apesar de saber, lá no fundo, que a mancha acabou com meu visual “perfeito”.
Franzindo a testa, minha mãe umedece um papel-toalha, na pia, e esfrega a mancha com ele. Quando ela faz essas coisas, eu me sinto como uma criancinha de dois anos.
— Vá trocar de roupa.
— Mãe, é só pêssego — digo, com todo cuidado, para que essa história não vire uma gritaria daquelas. A última coisa que eu quero na vida é deixar minha irmã se sentindo mal.
— Pêssego mancha. Você não quer que as pessoas pensem que não se importa com sua aparência...
— Tudo bem.
Puxa, eu gostaria que minha mãe estivesse num de seus bons dias... Dias em que ela não me enche com essas bobagens. Dou um beijo bem no alto da cabeça da minha irmã, para mostrar a ela que não me incomodei, de jeito nenhum, com sua baba.
— Vejo você depois da escola, Shell-Bell... — digo, tentando manter a animação matinal — para terminar nosso jogo de damas.
Subo a escada correndo, agora de dois em dois degraus. Chego ao meu quarto e olho o relógio... Oh, não! São sete e dez. Fiquei de dar uma carona a Sel, minha melhor amiga. E ela vai surtar se eu chegar atrasada. Pego um lenço azul claro, no meu armário, e rezo para que dê certo... Se eu o prender direito, talvez ninguém veja a mancha de baba.
Volto a descer a escada e lá está minha mãe, de novo, analisando o meu visual...
— Amei o lenço.
Ufa!
Quando passo por minha mãe, ela me entrega o saquinho com o muffin:
— Para você comer no caminho.
Acabo aceitando. Enquanto caminho na direção do meu carro, vou mordendo o muffin, distraída. Infelizmente, não é de blueberry, meu sabor preferido. É de banana com nozes... E as bananas passaram do ponto. É, esse muffin está bem parecido comigo: por fora, aparentemente perfeita... Mas, por dentro, um verdadeiro mingau..
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JOE *

Acorde, Joe.
Faço uma careta para o meu mano caçula e cubro a cabeça com o travesseiro. Tendo que dividir um quarto com dois irmãos, um de onze e outro de quinze anos, não me resta outro jeito... Só mesmo o travesseiro pode me dar um pouco de privacidade.
— Ah, me deixe em paz, Krankie — eu digo. — Não enche.
— Não estou enchendo... A mãe me mandou acordar você. Se não, você vai chegar atrasado.
Último ano do colégio. Eu deveria estar orgulhoso, já que serei o primeiro membro da família Fuentes a ter um diploma do curso secundário. Mas, depois da formatura, a vida real vai começar... Faculdade, só em sonhos. Para mim, este último ano será como uma festa para um cara que vai se aposentar aos sessenta e cinco anos de idade. Ou seja: você sabe que poderia continuar... Mas todo mundo espera que você vá embora.
A voz de Krankie, cheia de orgulho, chega abafada aos meus ouvidos, pois ainda continuo com o travesseiro na cabeça:
— Estou de roupa nova, da cabeça aos pés. As ninãs  não vão resistir a este garanhão latino.
— Sorte sua — eu resmungo.
— A mãe disse que, se você não acordar, eu posso virar esta jarra de água na sua cabeça.
Um pouco de privacidade... É pedir muito? Atiro o travesseiro, que atravessa o quarto... E acerto em cheio. A água espirra em Krankie.
— Seu vagabundo! — Ele grita. — Estas são as únicas roupas novas que eu tenho!
Escuto uma gargalhada. Junto à porta do quarto, Nick, meu outro irmão, está rindo como uma hiena surtada. Isto é, até Krankie pular em cima dele. Vejo a luta ficando séria, quase fora de controle, enquanto meus irmãos trocam socos e pontapés.
“Os meninos são bons de briga”, penso, com orgulho, vendo os dois se esmurrando. Como o homem da casa, tenho o dever de acabar com a coisa. Pego Nick pelo colarinho, mas tropeço na perna de Krankie e acabo caindo, com os dois.
Antes que eu possa recuperar o equilíbrio, sinto a água gelada em minhas costas. Virando rapidamente, deparo com minha mãe, de balde em punho, dando um banho geral em todos nós. Ela já está de uniforme. Minha mãe trabalha no supermercado do bairro, a poucos quarteirões da nossa casa. Ganha uma mixaria, mas, também, não precisamos de muito.
— Levantem-se — ela manda, com muita raiva e vigor.
— Pô, mãe — Nick reclama, erguendo-se.
Ela mergulha a mão na água que ainda resta, no balde, e borrifa no rosto de Nick. Krankie ri, antes de receber seu bocado também. Será que algum dia vão aprender?
— Mais alguma reclamação, Krankie ? — ela pergunta.
— Não, senhora — diz Krankie, em posição de sentido, como um soldado.
— E você, Nick... Tem mais algum palavrão querendo sair dessa boca? — ela mergulha a mão na água, de novo, como um aviso.
— Não, senhora — repete o soldado número 2...
— E quanto a você, Joseph ? — Seus olhos são duas fendas estreitas, focadas em mim.
— O quê? Eu só estava tentando separar esses dois — digo, inocentemente, dando-lhe o meu melhor sorriso, como se dissesse: “Você não pode resistir a mim.”
Ela borrifa uns pingos d’água em meu rosto:
— Isso é por não ter acabado com a briga, antes. Agora, tratem de se vestir, todos vocês. E venham tomar o café da manhã, antes de ir para a escola.
Tanto esforço com meu sorriso irresistível... para isso!
— Você nos ama... E sabe disso muito bem — eu digo, enquanto ela sai.
Depois de um banho rápido, volto para o quarto, com uma toalha na cintura. Vejo Krankie com um dos meus lenços na cabeça, fico furioso e o arranco de um puxão:
— Nunca toque nos meus lenços.
— Por que não? — ele pergunta, com ar de inocência nos profundos olhos castanhos.
Para Krankie, isso é só um lenço... Para mim, é um símbolo do que é e do que jamais será. Como explicar isso a um garoto de onze anos? Ele sabe quem sou. Não é segredo para ninguém que o lenço traz as cores da gangue Sangue Latino. Entrei na Sangue porque queria dar o troco, queria me vingar. E agora não há como sair. Mas nem morto eu deixaria meu irmão entrar nessa. Enrolo o lenço no pulso e digo:
— Krankie, não mexa nas minhas coisas... Especialmente nas minhas coisas da Sangue.
— Gosto de vermelho e preto.
Era só o que faltava!
— Se eu pegar você com isso, outra vez, vou deixar umas manchas azuis e pretas, bem esportivas, pelo seu corpo... Entendeu, irmãozinho?
Ele dá de ombros:
— Tudo bem. Entendi.
Krankie sai do quarto, com aquele seu jeito de andar gingando... E eu me pergunto se ele realmente compreende. Mas resolvo não pensar mais no assunto. Abro o armário, escolho uma camiseta preta e um velho jeans desbotado. Enquanto amarro o lenço na cabeça, escuto minha mãe gritando, da cozinha:
— Joseph, venha comer antes que esfrie. Depressa!
— Já vou — eu respondo. Nunca entenderei por que as refeições são tão importantes para ela.
Meus irmãos estão ocupados, devorando o café da manhã, quando entro na cozinha. Abro a geladeira e dou uma olhada no que tem...
— Sente-se.
— Mãe, eu vou só pegar...
— Você não vai pegar nada, Joseph. Somos uma família e vamos comer todos juntos.
Com um suspiro, fecho a porta da geladeira e me sento ao lado de Nick. Ser membro de uma família unida às vezes tem suas desvantagens. Minha mãe coloca um prato cheio de tortillas e ovos, diante de mim.
— Por que a senhora não me chama de Joe ? — pergunto, olhando para a comida à minha frente.
— Se eu quisesse fazer isso, não teria batizado você de Joseph. Qual é o problema? Você não gosta do seu nome?
A pergunta me deixa tenso. Recebi esse nome em homenagem a meu pai, que morreu quando eu era menino, deixando-me a responsabilidade de ser o homem da casa. Joseph, Joseph Jr., Junior... Para mim, tanto faz.
— Isso importa? — eu resmungo, pegando uma tortilla.
Ergo os olhos, tentando avaliar a reação de minha mãe, que está de costas para mim, lavando a louça na pia.
— Não — ela responde.
— Joe quer se fingir de branco — Nick se intromete. — Mano, você pode mudar seu nome, mas não tente parecer outra coisa, além de mexicano... Mesmo porque, ninguém iria acreditar.
— Cale a boca — eu aviso. — Não quero ser branco. Mas também não quero que pensem que sou igual a meu pai.
— Ei, por favor — pede nossa mãe. — Chega de brigas, por hoje.
Nick cantarola “Mojado”3, provocando-me com uma referência aos imigrantes ilegais.
Já aguentei o suficiente, de Nick; agora ele foi longe demais. Levanto-me, arrastando a cadeira. Nick também se ergue e me encara, bloqueando minha passagem. Ele sabe o quanto posso ser durão.
Qualquer dia, seu ego exagerado ainda vai metê-lo em apuros... E com a pessoa errada.
— Sente-se, Nicholas — minha mãe ordena.
 — Mexicano sujo, comedor de feijão! — Nick me xinga, forçando um profundo sotaque. — Pior ainda: você é um bandido... Um marginal de gangue!
— Nicholas! — minha mãe repreende, severamente, avançando para ele.
Mas fico entre os dois e pego meu irmão pela gola da camisa.
— Sim, isso é tudo o que as pessoas vão pensar de mim — eu digo. — Continue falando esse monte de besteiras, e elas vão pensar isso de você, também.
— Mano, as pessoas sempre vão pensar assim, de qualquer jeito. Se eu quero, ou não, tanto faz.
— Você está enganado, Nicholas. — Eu o solto. — Você pode ser bem melhor...
— Do que você?
— Sim, melhor do que eu, e você sabe disso muito bem. Agora, peça desculpas à nossa mãe, por falar assim na frente dela.
Nick me olha nos olhos... E vê que não estou brincando.
— Desculpe, mãe — ele diz e volta a se sentar.
Mantenho meus olhos nos dele, enquanto seu ego vai a nocaute. Virando-se de costas para nós, minha mãe abre a geladeira, tentando ocultar as lágrimas. Puxa, ela se preocupa com Nick. Ele está começando o segundo ano... Durante os próximos dois anos, ou ele se apruma... Ou se acaba de uma vez.
Pego minha jaqueta preta, de couro; preciso dar o fora daqui. Beijo minha mãe no rosto e peço desculpas por arruinar seu café da manhã. Saio de casa, pensando em como farei para manter Nick e Krankie longe do meu caminho, enquanto tento guiá-los para um caminho melhor. Ah, que ironia, tudo isso.
Na rua, rapazes usando lenços com as mesmas cores que eu fazem o sinal da gangue Sangue Latino, batendo a mão direita duas vezes no braço esquerdo, com o dedo anular dobrado.
Minhas veias se incendeiam quando respondo a saudação, antes de montar em minha moto. Os caras esperam que eu seja durão e frio, um membro de gangue... E é isso que dou a eles. Inventei um espetáculo infernal, para o mundo exterior... Tão infernal, que às vezes até eu me surpreendo.
— Joe, espere!
Uma voz familiar me chama. Carmen Sanchez, minha vizinha e ex-namorada, corre em minha direção.
— Oi, Carmen — eu resmungo.
— Que tal me dar uma carona até o colégio?
Sua minissaia preta mostra pernas incríveis; a blusa é justa, realçando os seios pequenos e firmes. Houve um tempo em que eu faria qualquer coisa por essa garota. Mas isso foi no verão, antes de eu pegá-la com outro cara, na cama... Ou melhor: no carro, como de fato foi.
— Vamos, Joe. Prometo que não mordo... A não ser que você me peça.
Carmen é minha parceira, na Sangue Latino. Se somos um casal, ou não, já não importa. Ainda nos apoiamos mutuamente. Este é nosso código de honra.
— Venha — eu digo.
Carmen monta na garupa e, deliberadamente, segura em minhas coxas enquanto se gruda ao meu traseiro... O que não causa o efeito que ela provavelmente esperava. Se Carmen pensa que vou esquecer o passado... Que nada! De jeito nenhum. Minha história me define.
Tento me concentrar no aqui e agora: o ano letivo que começa, meu último no Colégio Fairfield. É difícil porque, após a formatura, meu futuro provavelmente será tão miserável quanto o passado.

.......................continua...............

PRIMEIRO CAPÍTULO PARA VOCÊS .....QUE PENA MARI QUE VOCÊ JÁ LEU ESSE LIVRO ...
EU IA POSTAR UMA FIC DE MINHA AUTORIA...MAS ELA NÃO ESTÁ PRONTA ...ENTÃO ATÉ EU ACABAR ELA VOU POSTANDO ADAPTAÇÕES .....
PARA AQUELES QUE AINDA NÃO LERAM O LIVRO,ESPERO QUE GOSTEM DESSA HISTÓRIA PORQUE ELA É MUITO BOA ....É UMA DAS MELHORES HISTÓRIAS QUE JÁ LI ....EU FIQUEI APAIXONADA E TENHO CERTEZA QUE VOCÊS TAMBÉM VAI SE APAIXONAR ......ENTÃO É ISSO ...COMENTEM BASTANTE ...AMANHÃ EU POSTAREI O SEGUNDO CAPÍTULO PARA VOCÊS ...OU SE DEPENDENDO DO TANTO DE COMENTÁRIO TIVER,POSTAREI HOJE MESMO...DEPENDE DE VOCÊS .....BEIJOSSS *--*



quinta-feira, 27 de março de 2014

Sinopse e personagens


 Sinopse :


Os garotos do instituto Fairfiel,do subúrbio de Chicago,sabem que South Side e North Side não se misturam.Assim,quando a líder de torcida Demetria Lovato e o marginal Joseph Fuentes são obrigados a trabalhar juntos como parceiros de laboratório na aula de química,os resultados prometem ser explosivos.Mas nenhum deles estava pronto para a reação química mais surpreendente de todas : O Amor ! 
Demi é bem popular ,e faz de tudo para ter a fama de perfeita na escola e principalmente em casa.Ela tenta passar aos outros que sua vida é perfeita e sem complicações ....Mas sua vida não tem nada de perfeita...pelo contrário ...
Joe é o mais velho de 3 irmãos.Ele e sua família vieram do mexico em busca de paz ...mas não conseguiram ...Desde que seu pai morreu ele se sente na obrigação de cuidar de sua família,os protegendo e para isso ele entra numa gangue que é envolvida com tráfico de drogas e muita violência...
O lado Norte e o lado Sul não se misturam ....são dois lados diferentes...o lado Norte tem ricos e brancos e o Sul morenos e mexicanos ....Demi pertence ao lado Norte e Joe ao Sul ...
Nenhum dos dois se suportam ....mas isso tudo isso muda a partir da aula de Química ...

DEMI LOVATO :



JOE FUENTES :



SELENA :



HARRY :



MILEY :



ZAC :



JUSTIN :




TIFFANY :



É ISSO AI GALERA ...AMANHÃ TEM O PRIMEIRO CAPITULO.OS OUTROS 2 IRMÃOS DE JOE SERÃO NICK E FRANKIE SÓ QUE ELES VÃO APARECER MUITO POUCO ....

capitulo 20 maratona 9/9 último da primeira temporada




                                                          Epílogo

JOE

Demi segurou minha mão, ela estava gelada, aquele maldito era um caçador. O pai dela era daquela raça, a raça que nos perseguia. Era igual àqueles que matavam todos que amávamos, assim como meus pais, minha família, minha irmã. Foi preciso muito autocontrole para não pular sobre a mesa e socar a cara daquele filho da mãe. Não me movi, não segurei a mão dela, não devolvi o apoio que ela estava me dando.
Meses namorando a Taylor para quê? A bosta do inimigo era pai daquela que significava tudo para mim. Achávamos que era o pai da Tay, mas estávamos errados o tempo todo.
Estávamos atrás desse desgraçado há muito tempo, o chefe de todos os caçadores. Esses caras eram mortais, envelheciam normalmente como qualquer humano, mas sempre havia um chefe, um alfa entre eles. Luke recebeu a pista de que ele morava aqui. Todos nós viemos, Nick e eu começamos a estudar naquele colégio, Alan disse que o mais provável de ser o caçador era o senhor Swift, advogado corrupto que fazia de tudo para ganhar suas causas nos tribunais e nunca estava em casa. Esse é o ponto chave para achá-los, eles nunca estão com a família, estão sempre caçando.
Como não percebi que era ele? A Demi estava sempre sozinha, como me permiti ser tão cego? Namorei aquela garota à toa, me privei da Demi por nada.
Nossa função era matar o chefe dos caçadores, assim os outros ficariam dispersos e diminuiriam as caças até nascer um novo chefe. Luke já tinha feito isso uma vez e havia dado certo, mas ele era o pai dela. Eu poderia tirar a única família que ela tinha? Ela iria me perdoar? Não, sabia que não.
Tinha que tomar uma decisão. Para matar um caçador, teria que sugar ou ao menos estar com os olhos de um sugador, assim ele ativaria seus olhos, que funcionavam como um espelho. Por isso os sugadores morriam ao olhar diretamente para um caçador. Mas com um espelho era eles quem morriam e por isso sempre carregávamos um espelho conosco. Ficar com os olhos de um sugador, entretanto, não era simples, isso não funcionava quando queríamos, precisávamos estar com “fome”. Isso às vezes demorava vários dias, apesar de que não me alimentava fazia tempo e desde Michael ter me sugado me sentia estranho. Quem sabe com a adrenalina de atacar o chefe dos caçadores, eu conseguisse matá-lo. Tinha o espelho comigo, tinha Nick para me dar cobertura. Tinha vontade de sobra para fazer isso, depois poderíamos nos mudar e viveríamos em paz por um bom tempo.
Demi apertou mais minha mão, sabia o que ela sentia, tínhamos essa habilidade. Algo parecido com o que os cachorros faziam, era só farejar. Ela estava com medo, não do seu pai, medo de eu ir embora e para ser franco ela tinha motivos para isso, porque eu estava considerando a possibilidade.
Considerando matar o pai dela, bem diante dos seus olhos, e fugir. Éramos bons em fugir, mas olhei para ela, encarei seus olhos e não tive dúvidas de que caminho seguir.
Não suportaria um dia longe dela, não suportaria seu ódio, me desprendi da conversa na mesa, que já havia mudado. Nick estava conduzindo tudo muito bem. O pai dela levantou e colocou a mão no meu ombro enquanto falava, não sei bem ao certo o que ele estava falando, não tirei meus olhos do dela. Demi apertava minha mão com toda sua força, se agarrava a mim, com todas as suas esperanças. Apertei sua mão também entrelacei nossos dedos.
— E quanto a você, rapaz? O que gosta de fazer? — não sei se ele sabia que Nick e eu éramos sugadores, mas ele pareceu me incitar para ver se reagiria à provocação.
— Senhor, se me permite dizer, todas as coisas que gostava de fazer ficaram em segundo plano depois que conheci sua filha. Não existe nada mais importante e que eu goste mais do que a Demi — esperava que com isso ficasse claro para aquele boçal que ela era tudo para mim e que eu não aceitaria suas provocações. Ela era maior que tudo isso, maior que o ódio que sentia por esses caçadores.
Beijei sua testa, ela pareceu tão aliviada. Não ia perdê-la, não sem lutar. As coisas não seriam fáceis, não com um caçador tão próximo, não comigo querendo me alimentar dela o tempo todo. Isso estava me consumindo cada dia mais.
Não importa em que maldita luta tenha que entrar, farei isso ao lado dela, porque esse é o meu lugar.

FIM.


ACABOUUUUU !!!!  :((  MAS  O FINAL FOI BONITO NÃO FOI ?! ME APAIXONEI PELO JOE COM AS PALAVRAS FINAIS DELE *--* QUEM TAMBÉM SE APAIXONOU POR ESSE SUGADOR LINDO,GOSTOSO,IRRESISTÍVEL E APAIXONADO ?!!
GALERA VOU COLOCAR AQUI O NOME DA AUTORA DO LIVRO :
CACÁ ADRIANE : O ÚLTIMO BEIJO
ENTÃO É ISSO AMORES ...EU AMEI O FINAL ...E TÔ LOUCA PARA LER O LIVRO 2 ...E ASSIM QUE SAIR ..POSTAREI AQ PARA VOCÊS EM ADAPTAÇÃO JEMI E NELENA COMO FOI O LIVRO 1 .....EU SÓ ESPERO QUE NÃO DEMORE MUITO *--*
ENTÃO É ISSO ....AMANHÃ POSTAREI A SINOPSE E O PRIMEIRO CAPÍTULO DA NOVA FIC .......COMENTEM BASTANTE AMORES ...BEIJOSS


quarta-feira, 26 de março de 2014

capitulo 19 maratona 8/9 penúltimo




Acordei com meu pai me chamando. Demorei a entender o que ele falava, além de estar sonolenta, Joe, que estava no meu quarto, não parava de rir.
— O quê, pai?
— Posso saber por que tem um gato na minha cozinha, Demetria ? — droga, ele havia achado Salem.
— Foi bom enquanto durou — disse Joe em meio a risos.
— Isso não tem graça, Joe — já havia me apegado ao meu gato, não ia deixar meu pai tirá-lo de mim. Desci as escadas e fui falar com ele. Salem estava encurralado no canto da cozinha, o peguei no colo.
— É meu gato, pai.
— Desde quando você tem esse bicho? — a cara dele era de nojo.
— Tenho Salem há pouquíssimos meses — para falar a verdade não havia contado quanto tempo ele estava em casa comigo.
— Salem?
— Sim, é o nome dele — meu pai coçou a cabeça, suspirou, fungou, andou de um lado para o outro.
— Precisava ser um gato preto?
— Não escolhi a cor dele, o achei... — em um motel. — Na rua. Qual é, pai? Gato preto de olhos verdes é bacana.
— Qual é? Estou ficando velho.
— Salem não vai embora. Eu cuido dele, compro ração, limpo.
— Está bem, mas não o deixe entrar no meu quarto — de novo, pensei, Salem adorava dormir na cama dele. — Você terá que trabalhar para sustentá-lo, já está na hora mesmo e... Bem, não vou gastar dinheiro com ele, isso é responsabilidade sua agora.
— Tudo bem — ele pareceu estranhar a resposta, mas não disse mais nada. Subi para o meu quarto com Salem no colo.
— O gato vai ficar? — perguntou Joe, apesar de que achava que ele já havia ouvido a conversa toda.
— Vai, mas preciso de um emprego — ele sorriu e me pareceu deboche, como quem quer dizer: “Você trabalhando?”.
— Bom, tem uma vaga lá na academia, para recepcionista.
— O que aconteceu com a moça que trabalhava lá?
— Parece que arrumou outro emprego, não sei direito, ainda não fui lá — a ideia me parecia boa, pelo menos não teria que fazer entrevistas. — O trabalho é tranquilo, mostrar a academia, atender as ligações, fazer cadastro dos novos alunos, controlar a grade de professores. No geral é isso.
— Parece bom, mas nunca trabalhei antes... Não sei fazer nenhuma dessas coisas.
— Tudo bem, Demi, você aprende. Não tem muito segredo e o salário é razoável. E então?
— Por mim está perfeito.
Várias horas depois estávamos na casa da Sel. Nick estava lá também, como herói, sendo mimado pelos pais dela, coisa que não deixou minha amiga muito feliz. Meu estômago dava voltas de tanta fome. A Sel me puxou em um canto enquanto o resto da casa babava no Nicholas.
— Demi, se perguntarem, você desligou o telefone na cara da minha mãe porque os sequestradores te ligaram e mandaram você não falar com ninguém. Aí quando você percebeu que minha mãe estava desconfiada, você desligou.
— Por que os sequestradores iriam me ligar? Nunca ouvi falar de casos onde ligam para a melhor amiga em vez da família.
— Porque eles estavam rondando o colégio e sempre nos viam juntas. A ideia deles era pegar você também, mas como Joe estava com você, eles não conseguiram — ela falava dos “sequestradores” como se eles realmente existissem. — Agora vamos voltar para a sala.
— Sel ! — segurei seu braço.
— Diga.
— Obrigada por ter segurado Michael... — não consegui terminar, a abracei.
— Você faria o mesmo por mim. Estava me irritando aquele cara te batendo, mas precisei fingir que ainda estava dormindo.
— Ele fez alguma coisa com você?
— Não, Demi, ele só me dopou. Você aguentou o pior, lhe garanto — aquilo era um alívio, não queria que ela tivesse passado por tudo aquilo também. — Amiga, choquei, você matou o cara. Essa é a minha garota Sorri para isso, era tão Sel.
— Meninas, o jantar sai em meia hora, se quiserem podem subir com os meninos — disse tia Mandy.
Foi o que fizemos. Nós quatro fomos para o quarto da Sel. Os meninos ficaram de pé, nós duas nos jogamos na cama. Só ali havia pensado direito no que a Sel havia me dito, como ela sabia que eu tinha matado o Michael?
— Sel, como você sabe sobre o Michael?
— Depois do ocorrido, Nick me contou tudo.
— Contou? — não que eu não quisesse que ela soubesse, mas ele passou tanto tempo escondendo tudo dela, assim como Joe de mim, que parecia pouco provável.
— Sim. Você sabia que os sugadores podem ter filhos com humanos e que esses filhos nascem normais, quer dizer, humanos também? — não, eu não sabia disso. — Para alguém nascer assim, tem que ter o pai e a mãe sugadores. Legal, não é? Nós duas em um futuro muito distante vamos poder ter filhos — Nick ficou vermelho, Joe não segurou o riso e meu queixo caiu. Como ela sabia de tudo isso?
— Sel, eu nem tinha pensado nisso — não tinha mesmo, mal conseguia lidar com o fato de ter matado o Michael, quanto mais ter filhos com Joe.
— Eu me preocupo com tudo, Demi — não duvidava disso. — O Nick tem uns 160 anos, sabia?
— Não — porque Joe não era como o Nick e me explicava todas essas coisas?
— Pois é. Descobri que a melhor amiga do Joe é a Beth, mas nem se preocupe, ela é lésbica e está meio a fim de mim.
— Beth? A sugadora?
— Ela mesma — disse a Sel toda sorridente.
— Como assim meio a fim de você?
— Ela deu umas indiretas para a Sel — disse Nick.
— Se conheço a Beth, não foram indiretas, foram diretas mesmo — disse Joe.
— Ela é sua melhor amiga? — perguntei a ele.
— É. Beth me ajudou muito quando... Ela me ajudou muito.
— Você não me contou nada disso — estava frustrada.
— Não tive tempo, Demi, só isso — Nick tinha achado tempo, mas não reclamei mais sobre isso.
— O filho do Luke e da Júlia, Juliano, foi assassinado por caçadores — disse a Sel. Entrei em choque. Deus, como ela sabia disso tudo? — não me olhe assim, Demi, eu socializo, você não. Conversei um pouco com cada um deles.
— Não creio que nenhum deles queira socializar comigo depois que matei o Michael.
— Isso passa, Demi — disse Nick.
— Assim espero — respondi.
— Pessoal, o jantar está pronto — gritou a mãe da Sel.
— Estamos indo, mãe — respondeu a Sel, com pouca vontade. — Droga, queria te contar todo o resto, Demi....
— Como assim todo o resto?
Não fiquei sabendo a resposta disso. Todos nós descemos e nos sentamos à mesa, havia uma maravilhosa lasanha quentinha no meio dela. Joe sentou ao meu lado, nós ficamos de frente para a Sel e para o Nick. Meu pai ficou do meu outro lado e os pais da Sel um em cada ponta da mesa.
O jantar correu bem, nada sobre o suposto sequestro era dito. Tia Mandy não comentou sobre eu ter desligado o telefone na cara dela, aparentemente estavam todos tão felizes e aliviados por ter a Sel em casa que não quiseram tocar nesse assunto. Nem sobre a minha internação falaram. Incrivelmente nossas vidas pareceram normais por vinte minutos, mas nada é normal comigo, alguma coisa sempre dá errado.
A mãe da Sel servia a sobremesa que era pudim, parecia estar uma delícia. O pai da Sel e meu pai não paravam de falar, acho que ninguém estava prestando muita atenção neles, não até aquele momento pelo menos.
— Patrick, você faz o que nas horas livres? — era normal ele perguntar aquilo, meu pai nunca falava com ninguém, provavelmente só falava com os Gomez sobre mim. Sabia que ele tinha alguns amigos no boliche, mas nunca os havia visto.
— Gosto de caçar — meu coração parou, melhor, quatro corações naquela mesa pararam, nos entreolhamos e estávamos todos confusos. Algo me dizia que meu pai não caçava ursos.
— Tem caçado muito? — perguntou o pai da Sel.
— Não recentemente, mas um caçador é sempre um caçador, achar a presa é questão de tempo.
Segurei a mão do Joe por debaixo da mesa, as minhas mãos estavam frias, completamente geladas, mas ele precisava saber que eu estava ali....

..............continua........

SORRY GALERA...ONTEM NÃO DEU PRA MIM POSTAR ...MAS ENFIM,CAPITULO LEGAL NÉH...A SEL SABE DE TUDO...MAIS COISAS ATÉ DO QUE A DEMI ..PORQUE JOE NÃO ERA COMO NICK NÉH ?!! ...MAS ENFIM ...PAI DA DEMI UM CAÇADOR ??? !!! É ...POR ESSA VOCÊS NÃO ESPERAVAM NÃO É ...?! MUITOS COMENTARAM QUE ELE PODERIA SER UM SUGADOR,MAS NÃO UM CAÇADOR ....BOM ....VAMOS FAZER O SEGUINTE :
10 COMENTÁRIOS ATÉ DE NOITE E POSTO O ÚLTIMO CAPÍTULO HOJE MESMO ..OK ?!
NA VERDADE O ÚLTIMO CAPÍTULO É UM EPÍLOGO ...MAS ENFIM ...CONTO COM VOCÊS COM OS COMENTÁRIOS .....BEIJOSS AMORES ...ATÉ DE NOITE HEIN ....*--*





terça-feira, 25 de março de 2014

capitulo 18 maratona 7/10




Por que estávamos brigando, afinal? Aquela hostilidade toda, depois de tudo o que passamos juntos, era muito injusto e no fundo muito inevitável também.
— Amanhã ligo para saber como você está — disse ele.
— Não, quero ficar sozinha — disse sem o encarar.
— Não vai, seu pai deve estar chegando.
— Você está fugindo.
— Não. Estou cansado, preciso ir para casa.
— Cansei das suas mentiras, Joe — ele me olhava com indiferença. — O que aconteceu lá, com Michael?
— Não sei.
— Pare de mentir para mim!
— Não estou mentindo, Demetria. Eu não sei — lá estava ele mexendo em seu cabelo, coisa que o entregava quando estava nervoso.
— Então, por que parece que está me escondendo algo?
— Porque você tem imaginação fértil, talvez? — esse cinismo de Joe, às vezes, deixava de ser sexy e virava muito irritante.
Não sei se foi o stress, o cansaço, a mudança na minha vida, as novas informações ou o medo imposto por Michael. Seja qual for o motivo, meu corpo entrava em colapso, ouvia a chaleira chiar ao fundo, anunciando que a água havia fervido, mas não conseguia me mexer. Saí de perto do fogão com muita dificuldade, não queria cair em cima dele quente e eu ia cair, isso era um fato que ficou comprovado logo depois.
— Demi ! Você consegue me ouvir? — tentei responder, mas não encontrava minha voz, nem sabia ao certo o que estava sentindo. — Vou te levar ao médico — não sei se logo em seguida ou se demorou alguns minutos, mas meu pai entrou em casa e deu de cara com aquela cena, sua filha caída no chão, tendo espasmos, com um rapaz em cima dela.
— O que está acontecendo aqui? — nunca ouvi meu pai usar este tom de voz. Conseguia ouvir tudo à minha volta, mas me sentia presa dentro do meu corpo. Senti algumas sensações iguais às que aconteceram quando Michael morreu, meus músculos estavam virando pedra, meus olhos pareciam que iam explodir.
— Senhor, precisamos levá-la ao hospital — Joe parecia realmente nervoso.
— O que aconteceu com ela? O que você fez? — não conseguia ver o rosto do meu pai, mas seu tom de voz era novo para mim, medo, talvez?
— Senhor, não há tempo, ela precisa de cuidados médicos já.
— Saia de perto da minha filha! — queria ajudar Joe, defendê-lo daquele ser estranho que depois de 16 anos ousava se preocupar, mas não era capaz nem de me ajudar naquele momento.
— Não vou deixá-la assim — eu ainda estava estirada no chão da cozinha, Joe estava ao meu lado e meu pai em pé, parado próximo a nós.
— Saia da minha casa! — meu pai devia estar muito abalado com a cena para fazer o que fez. Ele foi para perto de Joe e saiu o arrastando pelo chão. Joe conseguiu levantar e tirar as mãos do meu pai de sua camisa.
— Não vou a lugar algum, com ela desse jeito, nem tente me impedir — meu pai partiu para cima dele com o punho fechado, Joe desviou a maioria das suas tentativas. Ele era muito bom em luta, mas nós dois descobrimos que meu pai também era....Meu pai acertou Joe algumas vezes, fazendo o lábio dele sangrar. Se pudesse me levantar, se pudesse parar aquilo... Incrivelmente Joe não revidou nenhum soco, só se protegeu. Isso não condizia muito com a sua personalidade, mas sabia que ele não estava fazendo aquilo pelo meu pai, estava fazendo aquilo por respeito a mim.
— Saia da minha casa e não volte mais aqui ou vou levá-la para longe. Tão longe que você nunca mais vai encontrá-la — meu pai disse se afastando dele. Joe agora andava de um lado para o outro com as mãos atrás da cabeça.
— Não... Nem pense em fazer algo do gênero, não vou deixar isso acontecer.
— Sou o pai dela. Faço o que bem entender. Agora saia daqui ou você nunca mais vai vê-la.
— Eu vou, mas não faça isso... Só não... Isso não — Joe saiu de casa, praticamente levando a porta junto.
Isso só fez piorar meu estado e meu emocional estava um caco. Meu pai me pegou nos braços assim que chamou uma ambulância. Estava com tanta raiva dele, só queria que ele fosse embora, para sempre.
Não me lembro de entrar na ambulância, nem de chegar ao hospital, estava começando a pegar trauma daquele lugar. Devo ter acordado horas depois ou talvez fossem minutos. Escutei a voz exaltada do meu pai:
— Não acredito que você veio até aqui. Você é inacreditável.
— Senhor, precisava saber como ela está. Não teria paz.
— Com você por perto, sou eu que não tenho paz.
— Como ela está? — Joe perguntou, com uma voz tão deprimente que me deu vontade de chorar.
— Você não desiste mesmo? — meu pai suspirou como se a única forma de fazer Joe ir embora fosse ceder. — Ela está estável, mas não sabem o que a Demi tem. O que aconteceu, afinal?
— A amiga dela foi raptada quando estava indo para casa e creio que isso foi demais para ela — admirava a capacidade de Joe de mentir contando meias verdades.
— A Sel foi raptada?
— Sim, mas Nick a encontrou.
— Quem diabos é Nick ? — imaginei a cara de espanto do meu pai.
— O namorado dela. O que estava na festa de aniversário da Demi.
— Ah, sim, claro.
— A Sel já está em casa.
— Meu Deus. Preciso ligar para os Gomez — meu pai deve ter se afastado para ligar, porque Joe entrou no quarto.
— Oi — dentre todos os nossos cumprimentos aquele foi o pior.
— Oi — queria dizer muitas coisas e ao mesmo tempo não dizer absolutamente nada.
— Como você está?
— Zonza por causa dos remédios, cansada por causa dos acontecimentos, com medo pela possibilidade de você ir embora.
— Não vou a lugar algum. A menos que você peça. Você quer que eu vá embora? — seus olhos sustentavam os meus, com Joe era sempre assim, na lata.
— Não. Talvez. Não sei — ele se aproximou e segurou minha mão. — Você realmente matou a namorada do Michael?
— Sim.
— Meu Deus — soltei minha mão da dele. Meus medos se tornaram verdadeiros. Joe matava pessoas, beijava pessoas e eu havia matado um homem.
— Demi, eu quero mudar, mas preciso de você para isso.
— Foi de propósito?
— O quê?
— Você a matou de propósito?
— Não. Ela não — como ele conseguia ser tão frio?
— Como assim ela não?
— Matei outras de propósito — entrei em choque. — Estava perdido, não dava valor a nada, mas isso foi antes.
— Antes do quê?
— De conhecer você.
— Joe. Você me conhece só há alguns meses, não creio que...
— Que o quê? Você não acredita que mudei?
— Não é isso... Não sei... Você matou pessoas de propósito.
— Esse não é mais quem quero ser.
— E quem você quer ser?
— Não sei. Talvez alguém normal, que estuda, trabalha e não tem metade dos problemas que tenho. Não sei quem quero ser, mas sei o que quero e o que não quero e... Não quero perdê-la.
— Joe — fechei meus olhos, estava confusa, perdida, mas acima de tudo apaixonada. — Você não vai — ele deu aquela sua risada maliciosa. — Você sempre consegue o que quer de mim.
— Tenho meus truques — fui obrigada a sorrir, meu pai entrou no quarto com o celular na mão e a boca aberta...
Aquilo não podia ser nada bom. A cara do meu pai não era das melhores. Não dava para tudo ficar bem por mais de cinco minutos?
— Qual dos dois vai me explicar por que o médico acha que estou espancando a minha filha? — droga, os chutes e socos de Michael. E agora?
— A Demi está treinando artes marciais, senhor — Joe, graças a Deus, foi rápido ao pensar nisso.
— Artes marciais? Desde quando autorizei isso?
— Desde quando você se importa? — perguntei, estava de saco cheio dele ali parado tentando desesperadamente bancar o pai que nunca foi.
— O que mais você faz pelas minhas costas, Demetria ?
— Nada! — berrei, ele estava me tirando do sério e agora vinha insinuar que eu aprontava por aí, era demais para um dia só.
— Não quero mais saber de você em aula nenhuma. Aliás, não me lembro de pagar por essas aulas..
 Agora ele queria mandar em mim? Depois de tantos anos sendo indiferente.
— Que tipo de lugar é esse que faz com que as alunas saiam da aula roxas?
— Senhor, a Demi está em um nível avançado de luta e acho que pegamos pesado demais.
— Pegamos? Você faz aula com esse garoto, Demi ? — não sabia o que dizer agora, como explicar que um adolescente de 133 anos tinha uma academia?
— A academia é da minha família, senhor.
— Não quero mais você perto da minha filha — não deu mais para ouvir aquela baboseira.
— Quem você acha que é para decidir quem fica perto de mim? Meu pai? Não. Você é o cara que me banca, pai é aquele que está sempre presente, que te dá amor, carinho, que se preocupa. Você não é... — ia dizer nada, mas não consegui dizer isso. Não estava berrando, falei tudo em tom normal. — Joe é uma das melhores coisas da minha vida, não vou ficar longe dele.
— Meu Deus — não sabia dizer se ele estava com raiva ou indignado. — Você parecia sua mãe falando agora.
— Não sou a minha mãe e está na hora de você aceitar esse fato — Joe não saiu do meu lado, nem ao menos se moveu.
Meu pai estava branco, não sabia o que estava passando pela sua cabeça, mas sabia o que passava pela minha, estava na hora da minha relação com meu pai mudar.
— Vou descer para tomar um café — não sei se ele disse isso para mim ou para si mesmo, quando pisquei ele já estava saindo do quarto.
— Di ficaria orgulhosa — disse Joe.
— Que mania é essa de chamar minha mãe de Di ?
— Acho que era como ela gostava, em todas as coisas dela havia gravado o nome Di — achei gentil de sua parte se importar com esse detalhe.
— Joe, me conte como vocês me acharam — em algum momento teríamos que falar disso, então que fosse logo.
— Bem, íamos para onde Alan falou, mas na metade do caminho Nick começou a falar sobre o dia em que foi a sua casa e que você tinha visto Michael, sem contar a festa, o dia perto da casa em ruínas, eram muitas pistas... — por isso Nicholas me disse aquele dia que esperava não saber quem era. Ele sabia que era Michael e que isso não era bom. — De alguma maneira eu soube que ele não queria a Sel, ele queria você, desde o começo. Fiz todos voltarem. Era o plano perfeito, ele sabia que deixaríamos você sozinha para ir atrás da Sel.
— Sim, mas não estávamos na casa, como nos acharam?
— Já disse que sinto sua presença. Entramos na casa e a coisas estavam reviradas. Não sei explicar, simplesmente sabia onde você estava.
— Como matei o Michael?
— Não sei.
— Virei uma caçadora? É isso o que sou? É Possível?
— Não — queria acreditar naquilo. — Os caçadores são exclusivamente homens e mesmo assim só conseguem matar um sugador depois dos 18 anos, você só tem 16.
— Então como eu... O matei?
— Não sabemos, nunca vimos nada parecido. Luke está tentando entrar em contato com outros, para ver se alguém sabe de alguma coisa. Não existem livros para se pesquisar sobre nós.
— Outros?
— Sim, existem milhares como nós espalhados pelo mundo e para cada sugador, nascem quatro caçadores.
— Por que eles caçam vocês, afinal?
— Não sei lhe dizer o porquê. Cadeia alimentar, proteção da humanidade, instinto.
— Tem tanta coisa que quero te perguntar...
— Talvez porque eu seja irresistível.
— Ham? — o que aquilo tinha a ver com a conversa? Não que fosse mentira.
— Talvez eles me cacem por que sou irresistível.
— Claro, Joe, isso faz todo o sentido — ficamos dois segundos sérios e então começamos a rir, ainda éramos capazes de entrar em um fio de felicidade em meio a tanto caos.
— Rapaz, não sei se gosto de você, mas... No momento que vi a Demetria sorrir... Não a vejo sorrir assim desde... Nunca a vi sorrir assim — agora eu sabia de quem tinha puxado a mania de não terminar frases quando estava nervosa. Meu pai estava parado na porta do quarto, olhando para nós.
— Pai — que vergonha, tinha ficado da cor de um tomate maduro. — Ligou para a casa da Sel ? — tentei desconversar, daquilo e de todo o resto.
— Liguei, estão nos esperando para jantar amanhã. Encontrei seu médico no corredor e ele vai lhe dar alta pela manhã. Vai tomar alguns remédios, mas vai ficar boa. Passaremos a receber visitas de uma psicóloga, para ver se você não sofre maus tratos. — Droga, isso não ia ser divertido — na verdade, você terá sessões com a psicóloga em casa — lancei um olhar para Joe. — Se acalme, o príncipe encantado aí vai junto no jantar amanhã e tudo bem vocês namorarem — vi Joe sorrir para o meu pai e tenho que admitir, gostava muito mais dessa cena do que daquela que presenciei em casa.
— Vou deixá-la descansar. Amanhã cedo, estarei aqui para te levar para casa — meu pai não ia gostar disso.
— Você não dirige, não é mesmo, rapaz? — sabia que ele não ia gostar.
— Não, senhor. Meu tio vem me trazer. Luke.
— Ah, sim, claro — nossa sorte era que Joe sempre tinha uma resposta para tudo.
— Até amanhã — ele se inclinou e me deu um selinho, bem de leve, mas o fato de ter sido na frente do meu pai foi o suficiente para meu sangue circular somente em minhas bochechas.
— Boa noite — era a primeira vez que dizia isso a ele, realmente agora me sentia namorando.
Meu pai dormiu em uma poltrona pouco confortável que havia no quarto. Com tantos remédios achei que fosse apagar a noite inteira, merecia uma noite de sono tranquila, mas não foi isso o que aconteceu. Aquele maldito pesadelo de novo.
Está chovendo. Acordo no meio da noite e sinto que há algo errado. Desço as escadas descalça e correndo. Saio na rua e um carro está parado lá, bem no meio, com todas as portas abertas. Me encharco inteira, mas não ligo. Corro até o carro, minha mãe está estirada lá, tem sangue por toda parte. Ela apenas diz: “Cuide da minha filha”, olho em volta e não há criança alguma.
Digo a ela: “Eu sou sua filha”. De repente ela vira um homem todo de preto que agarra meu pulso e diz “Te Achei”. Joe me tira do carro e me manda correr, olho para trás, meu pai está segurando um bebê no colo. Enquanto a chuva cai sobre os dois ele chora. Tento voltar até ele, mas Joe não deixa. Acordo.
— Demi ? — meu pai perguntou, com cara de assustado. — Achei que esse pesadelo tinha acabado —
minha vontade era dizer que há muitas coisas que ele não sabia que aconteciam comigo, mas isso geraria muitas perguntas, achei melhor não dizer nada. — Quem sabe a psicóloga consegue resolver isso.
— É, quem sabe — quem sabe ela descobre o que sou, uma cura para Joe, como livrar meu namorado de caçadores, essa mulher ia ter que ser muito boa.
— Tente dormir de novo — assenti com a cabeça, foi o que fiz, fechei meus olhos e não tive mais sonhos.
Acordei com Joe e meu pai falando no quarto. Abri os olhos e Luke me olhava, não gostei muito da sua expressão.
— Então esse é seu tio?
— Sim, senhor.
— Prazer sou Luke.  — ele apertou a mão do meu pai.
— Prazer. Joseph me disse que não seria incômodo levar a Demi até em casa, mas...
— Não é mesmo, foi para isso que viemos — disse Luke.
— Vou aproveitar e dar uma passada no trabalho.
Nos arrumamos e fomos todos no carro de Luke, que era bem menos chamativo que o de Joe. Cheguei em casa e me joguei na cama, estava meio grogue.

..................continua .........

OI GALERA ...ENTÃO ...CAPITULO BACANA NÉ ...O PAI DA DEMI E JOE ....JESUS !!! KKK
MAS NO FINAL DEU TUDO CERTO ...:))
BOM...ADIANTEI UM CAPITULO ...E O PRÓXIMO TAMBÉM VOU ADIANTAR ..POSTANDO 2 CAPITULO SEGUIDOS ...ENTÃO QUER DIZER QUE A MARATONA NÃO VAI CHEGAR A PARTE 10 ..TALVEZ VAI ATÉ A PARTE 9 EU ACHO ..UMA PARTE A MENOS ..KKKKK
JÁ QUERO LOGO COMEÇAR A NOVA FIC ....ELA TB VAI SER UM MAXIMO ..
HOJE VOU POSTAR O PRÓXIMO CAPÍTULO QUE VAI SER O PENÚLTIMO .. :((
TRISTE ...MAS QUEM SABE ESSE ANO AINDA EU POSTE A SEGUNDA TEMPORADA ...
ISSO VAI DEPENDER SE O LIVRO 2 FOR LANÇADO AINDA ESSE ANO...MAS EU TENHO QUASE CERTEZA DE QUE VAI SER ESSE ANO MSM....PORQUE ESSE LIVRO MERECE UMA CONTINUAÇÃO PORQUE ELE É MARAVILHOSO EU SOU APAIXONADA POR ESSE LIVRO E QUANDO SOUBE QUE IA TER A CONTINUAÇÃO ...FIQUEI MUITO FELIZ .*--*
ENTÃO É ISSO ...COMENTEM BASTANTE ..ATÉ DE NOITE ..BEIJOSS