sexta-feira, 30 de maio de 2014

capitulo 29

DEMI *



Demi por favor, explique de novo por que estamos indo pegar Joe Fuentes para levá-lo conosco a Lake Geneva — diz Selena.
— Minha mãe falou que não devo mais encontrar Joe fora do colégio... E chegou a me ameaçar. Então Lake Geneva é um lugar perfeito para estar com Joe. E ninguém saberá disso.
— Exceto nós.
— Mas sei que vocês crianças, não vão me trair... Certo?
Vejo Justin desviando os olhos. A princípio a ideia de passar o dia em Lake Geneva junto com Joe e meus amigos me pareceu boa. Achei que seria divertido... Bem, só preciso esperar que Selena e Justin superem  nos ver juntos como um casal.
— Por favor, não me fale mais sobre isso.
— O cara é um perdedor — diz Justin guiando em direção ao estacionamento do colégio, onde Joe está esperando por nós. — Demi é sua melhor amiga Selena... Tente colocar um pouco de bom senso na cabeça dela
— Já tentei, mas você conhece a Demi... Ela é tão teimosa.
Eu suspiro:
— Será que vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse presente? Gosto de Joe. E ele gosta de mim. Quero nos dar uma chance.
— E como você pretende fazer isso...? — pergunta Selena — Mantendo a relação de vocês em segredo para sempre?
Graças a Deus chegamos ao estacionamento e assim eu não preciso responder. Joe está sentado na calçada ao lado de sua moto, com as longas pernas esticadas. Ansiosa, mordo o lábio inferior enquanto abro a porta traseira para ele. Quando Joe vê Justin ao volante com Selena ao lado, seu queixo se contrai.
— Entre Joe — eu digo chegando para o lado.
Ele obedece mas comenta:
— Acho que não vai ser uma boa ideia.
— Não seja bobo. Justin prometeu ser legal... Não é mesmo Justin ?
Espero a resposta com a respiração suspensa.
Justin balança a cabeça de um modo impessoal enquanto diz num tom monótono:
— Claro.
Tenho certeza de que qualquer outro cara no lugar de Joe teria ido embora. Mas ele se acomoda ao meu lado e pergunta:
— Aonde vamos?
— Lake Geneva — respondo. — Você conhece?
— Não.
— Fica a uma hora de distância. Os pais de Justin têm uma cabana lá.
Até parece que estamos numa biblioteca e não num carro. Ninguém diz uma palavra. Quando Justin para num posto para abastecer, Joe desce e acende um cigarro.
Eu me afundo no banco. O dia está longe de ser o que eu havia imaginado. Selena e Justin que geralmente são hilários quando juntos, estão com cara de enterro.
— Você não pode ao menos tentar conversar um pouco? — pergunto à minha melhor amiga. — Puxa, você é capaz de passar horas falando da sua raça predileta de cachorro... Mas não consegue trocar nem duas palavras com o cara que eu gosto.
Selena se vira no assento para me encarar:
— Sinto muito Demi. Mas continuo achando que você merece coisa melhor... Muito melhor.
— Como Zac você quer dizer?
— Como qualquer um. — Com um suspiro, Selena se vira para  frente.
Joe entra no carro e eu o recebo com um sorriso débil. Ele não me sorri de volta; pego sua mão e pressiono levemente. Joe não retribui o carinho, mas também não se afasta... Este é um bom sinal?
Depois que saímos do posto, Joe diz a Justin:
— Os parafusos da roda esquerda traseira estão soltos. Você não ouviu o barulho?
Justin dá de ombros.
— Faz tempo que esse barulho apareceu... Não é nada grave.
— Encoste que eu dou um jeito nisso. Se a roda sair na pista estamos fritos.
Vejo que Justin não confia na opinião de Joe, nem quer dar o braço a torcer. Mas cerca de um quilômetro e meio depois ele para, de má vontade na beira da pista em frente a uma livraria.
— Justin... — diz Selena apontando para a livraria — você sabe que tipo de gente frequenta esse lugar?
— Neste momento querida, eu realmente não estou ligando a mínima. — Ele se vira para Joe. — Ok chefe. Vá em frente.
Os dois descem do carro.
— Desculpe a bronca — eu digo a Selena. — Sinto muito.
— Eu também... Muito mesmo.
— Você acha que Joe e Justin podem começar uma briga?
— Talvez. É melhor a gente dar um jeito de distrair os dois.
Joe está tirando algumas ferramentas do porta-malas. Depois de erguer o carro com o macaco, ele pega a chave de rodas. Justin está com as mãos na cintura e o queixo erguido com uma expressão de desafio.
— O que há  Thompson?
— Não gosto de você Fuentes.
— E daí ? Também não vou com a sua cara. — Joe rebate ajoelhando ao lado do pneu e apertando os parafusos da roda.
Olho para Selena. Devemos intervir? Selena encolhe os ombros. Eu faço o mesmo. Os dois não chegaram a se pegar..... ainda.
Um carro se aproxima e de repente freia cantando os pneus bem ao lado do carro de Justin.
Dentro dele há quatro rapazes de origem hispânica. Joe os ignora enquanto guarda o macaco de volta no porta-malas.
— Ei gracinhas! — grita um deles pela janela. — Deixem esses babacas e venham com a gente! Vamos mostrar a vocês o que é bom!
— Vão se danar! — Justin grita de volta.
Um dos rapazes sai do carro cambaleante e avança para Justin. Selena grita algo, mas não estou prestando atenção nela... E sim observando Joe que tira a jaqueta e bloqueia o caminho do rapaz.
— Saia da frente cara — o rapaz ordena. — Não vá se rebaixar protegendo esse branquelo de merda.
Joe está cara a cara com o rapaz, segurando com força a chave de rodas que pende de sua mão.
— Se você ferrar com o branquelo de merda, eu ferro com você... Simples assim. Entendeu amigo?
Outro rapaz sai do carro. Estamos realmente encrencados.
— Meninas, peguem as chaves e entrem no carro — Joe ordena num tom firme.
— Mas...
Há uma calma letal nos olhos de Joe. Minha nossa... Ele está mesmo falando sério. Justin joga as chaves para Selena. E agora? Devemos sentar no carro e assistir à briga?
— Não vou a lugar algum — eu digo a Joe.
— Nem eu — diz Selena.
Um dos rapazes que ficou no outro carro põe a cabeça na janela:
— Joe, é você?
Sinto que Joe relaxa ao vê-lo:
— Tiny? Que diabos você está fazendo com esses pendejos?
O rapaz chamado Tiny diz algo em Espanhol a seus amigos que imediatamente voltam ao carro. Parecem quase aliviados por não terem que brigar com Joe e Justin.
— Só digo quando você me contar o que está fazendo com esse bando de gringos — diz Tiny.
Joe ri e diz:
— Caia fora daqui.
Quando voltamos ao carro, escuto Justin dizendo a Joe:
— Obrigado por livrar minha cara.
— Não foi nada — Joe resmunga.
Ninguém abre a boca até que chegamos aos arredores de Lake Geneva. Justin estaciona em frente a um sports bar para almoçarmos. Selena e eu pedimos salada; Justin e Joe preferem hambúrgueres.
O silêncio continua enquanto esperamos. Ninguém conversa. Chuto a perna de Selena por baixo da mesa.
— Hum... Bem... Joe... — ela começa — você viu algum filme bom ultimamente?
— Não.
— Entrou em contato com alguma universidade?
Joe responde “não” com um gesto de cabeça.
Para minha surpresa, Justin se levanta e assume o controle da situação.
— Com quem você aprendeu tanto sobre carros?
— Com Enrique meu primo — Joe responde. — Eu passava os fins de semana na casa dele vendo Enrique consertar carros que pareciam não ter mais jeito.
— Meu pai tem um Karmann Ghia 72 na garagem. Ele acha que só mesmo um milagre pode fazer aquele carro voltar a funcionar.
— Qual é o problema com o Karmann Ghia?
Justin explica e Joe o ouve com atenção. Enquanto os dois discutem os prós e contras de comprar peças recondicionadas para o motor pela internet, eu me recosto na cadeira e relaxo. A tensão de antes vai se desvanecendo ao longo da conversa.
Terminamos de comer e caminhamos pela avenida principal da Lake Geneva. Joe me dá a mão... E não consigo pensar em outra coisa que eu quisesse fazer, a não ser estar aqui agora, com ele.
— Oh, lá está a nova galeria — diz Selena apontando uma porta ao longo da rua. — E parece que estão inaugurando! Vamos ver!
— Legal — eu digo.
— Vou cair fora — diz Joe enquanto atravessamos a avenida atrás de Selena e Justin. — Não sou do tipo que se liga em galerias.
Isso não é verdade. Quando será que Joe vai perceber que não precisa viver de acordo com um estereótipo? Se ele entrar numa galeria é capaz de ficar bem surpreso... Pois vai entender que o ambiente não é nada do que ele imaginava. Joe pode até gostar e se sentir bem como se estivesse numa oficina.
— Vamos — eu digo empurrando-o para dentro. E sorrio interiormente quando ele entra.
Logo nos deparamos com uma grande mesa arrumada com requinte com vários tipos de alimentos. Cerca de quarenta pessoas estão presentes observando as obras de Arte expostas.
Dou uma volta pela galeria com Joe que parece tenso.
— Relaxe — eu digo.
— É fácil falar não? — ele murmura.

JOE *



Não sei onde Demetria estava com a cabeça quando resolveu me trazer para esta galeria de arte. Ela e Selena param na frente de um quadro e ficam falando coisas que para mim não tem o menor sentido. Estou me sentindo um peixe fora d’água neste lugar. Agora estou andando sem rumo certo e aproveito para dar uma olhada na enorme mesa cheia de coisas que nem dá para chamar de comida. Ainda bem que almocei antes de vir. Esse tal de sushi por exemplo... É uma coisa que dá vontade de por no forno para ver se fica comestível. Tudo é tão minúsculo e de repente uma travessa com sanduíches enormes... Vá se entender...
Ainda estou olhando para a mesa quando me batem nas costas.
— Esses devem ser servidos sem wasabi.
Eu me viro e vejo um cara branco e  baixo . Ele me faz lembrar do Cara de Burro e já fico com um pé atrás.
— Sem wasabi... — ele repete.
Se eu soubesse que porra é wasabi, poderia responder. Mas não sei... Então não respondo. E o cara faz com que eu me sinta um ignorante dizendo:
— Você não fala Inglês?
Minha mão se fecha pronta para dar um soco.
É claro que falo inglês seu idiota. Mas na última vez em que estive numa aula não me lembro de ter ouvido a palavra wasabi. Em vez de responder, ignoro o cara e me afasto para olhar os quadros. Paro diante de um que mostra um cão e uma menina passeando por uma coisa que me parece uma representação meio babaca do planeta Terra.
— Ah, aqui está você — diz Demetria se aproximando. Justin e Selena estão bem atrás dela.
— Demi, este é Perry Landis... O artista — diz Justin apontando para o cara que falou comigo e se parece com o Zac.
— Oh, meu Deus! Seu trabalho é incrível! — diz Demetria toda entusiasmada.
Ela disse “Oh-meu-Deus” como se realmente fosse uma perfeita idiota. Será que está brincando?
O cara vira a cabeça e olha seu quadro por cima do ombro.
— O que você achou desse? — ele pergunta.
— Acho que esse quadro mostra uma grande compreensão da relação entre o homem, o animal e a Terra.
Ah, francamente! Que papo furado!
Perry enlaça Demetria... Estou com vontade de começar uma briga bem aqui, no meio da galeria.
— Você é muito profunda...
Profunda é minha bunda. Ele quer é transar com ela... Coisa que se depender de mim, não vai acontecer nunca.
— Joe, o que você acha? — Demetria me pergunta.
— Bem... — coço meu queixo enquanto olho para o quadro. — Acho que toda essa coleção pode valer umas três notinhas de um dólar... Bem, um pouco mais... Uns três e cinquenta e está de bom tamanho.
Selena arregala os olhos e leva a mão à boca em estado de choque. Justin engasga com o drinque. E Demetria ? Como será que ela vai reagir?
— Joe, você deve a Perry um pedido de desculpas — ela me diz.
Sim, logo depois que ele me pedir desculpas por me perguntar sobre o tal wasabi. Sem chance...
— Estou fora — digo voltando as costas a todos eles e caminhando até a saída. — Fui !
Saio da galeria.
Acendo um cigarro que acabei de filar da garçonete que trabalha do outro lado da rua, e que resolveu fazer um intervalo para fumar e relaxar um pouco. Penso no tom de voz de Demetria quando me mandou pedir desculpas. Não sou bom para cumprir ordens. E porra, detestei ver aquele artista de meia-tigela abraçar minha garota. Sei que todos os caras querem pôr a mão nela de algum jeito... só para dizer que conseguiram tirar uma onda. Também sou louco por Demetria, também quero tocá-la, claro.
Mas não quero que ela queira mais ninguém... Só eu.
Também não vou aceitar que ela me dê ordens como se eu fosse um cão adestrado... Nem que me dê a mão apenas quando ninguém está olhando. Ela disse à minha mãe que vamos descobrir juntos o que queremos um do outro. Bem, de uma coisa tenho certeza: isto que aconteceu agora há pouco, eu não quero.
— Vi você sair da galeria — diz a garçonete quando devolvo seu isqueiro. — Mas lá só tem hoiteys...
Wasabi....
E agora hoiteys. Será que esse povo daqui pensa que realmente não sei falar Inglês?
— Hoiteys? O que é isso?
— Tipos hoitey-toitey... É assim que a gente chama aqueles caretas de colarinho branco sabe?
— Ah... Bem, definitivamente eu não sou um colarinho branco... Sou mais do tipo operário  que acabou vindo com um bando de hoiteys para cá. — Dou uma longa tragada, grato pela nicotina que me acalma de imediato. Ok, meus pulmões devem estar detonados, mas tenho uma certeza que me consola: provavelmente morrerei antes que meus pulmões resolvam acabar comigo.
— Meu nome é Mandy — diz a garçonete estendendo a mão e me lançando um sorriso. — Assim como você, sou mais do tipo operário
Seus cabelos são castanhos com reflexos ruivos. Ela é uma graça... Mas não é Demetria.
— Joe — digo apertando sua mão.
Mandy olha para minhas tatuagens.
— Eu tenho duas — ela me diz. — Quer ver?
Não, realmente. Tenho a impressão de que Mandy é do tipo que tomou um porre numa noite qualquer e resolveu tatuar o peito... ou a bunda.
— Joe ! — Demetria grita meu nome da porta da galeria.
Ainda estou fumando e tentando esquecer que ela só me trouxe aqui porque sou seu pequeno e sujo segredo. Acontece que não quero mais... Cansei de ser esse maldito segredo.
Demetria  nos vê... Aqui estamos, Mandy e eu, dois pés-rapados fumando juntos.
Minha quase namorada atravessa a rua. Seus sapatos de marca ressoam na calçada como a me lembrar que ela pertence a uma classe superior.
— Esta é Mandy — eu digo a Demetria só para provocar. — Ela ia me mostrar suas tatuagens sabe?
— Aposto que sim... — Os olhos de Demetria me acusam. — E você também ia mostrar as suas?
— Estou fora desse drama — diz Mandy jogando seu cigarro e amassando-o com a ponta do tênis. — Boa sorte para vocês dois. Deus sabe o quanto estão precisando...
Dou mais uma tragada; não queria me sentir assim, tão atraído por Demetria como estou me sentindo agora.
— Volte para a galeria querida. Vou tomar um ônibus para casa.
— Achei que iríamos passar um belo dia juntos Joe, numa cidade onde ninguém nos conhece. Você às vezes não tem vontade de passar despercebido como se fosse invisível? Acho isso tão bom...
— Pois eu não gostei nem um pouco quando aquele artistinha de merda me confundiu com um garçom. É melhor ser tratado como um bad boy do que como um capacho.
— Você nem sequer tentou ficar bem naquela galeria. Se relaxasse, se tirasse esse peso dos ombros teria se sentido mais à vontade... Você pode ser um deles Joe.
— Ah  é? Todo mundo parecia de plástico naquela galeria. Até mesmo você. Ora, acorde srta. Oh-meu-Deus! Eu não quero ser um deles entendeu?
— Claramente. E para sua informação, eu não sou de plástico. Você até pode chamar a minha atitude de “plástico”. Mas no meu meio, nós costumamos chamá-la de “atenciosa e gentil”.
— Isso no seu círculo social, não no meu. No meu meio, nós chamamos as coisas tal como são. E nunca, ouviu bem, nunca mais me mande pedir desculpas como se você fosse a minha mãe. Juro Demetria, que se você fizer isso mais uma vez, vai ser o fim.
Cara! Os olhos dela estão ficando vidrados. Ela me vira as costas... E tenho vontade de me dar um pontapé por ter magoado essa menina. Jogo meu cigarro fora.
— Sinto muito. Eu só não queria fazer papel de besta e foi exatamente o que aconteceu  não é? Mas só fiz isso porque não estava me sentindo bem lá dentro.
Demetria nem me olha. Eu a alcanço, acaricio suas costas... E fico aliviado porque ela não foge de mim.
— Demetria... — eu continuo — adoro estar com você. No colégio por exemplo... Fico procurando por você em todos os corredores por todos os lados. E assim que consigo pôr os olhos nesses seus cabelos de anjo, que parecem raios de sol... — digo passando meus dedos por eles — sinto que seria capaz de ficar a vida inteira olhando para eles.
— Eu não sou um anjo.
— Para mim você é. E se você me perdoar, prometo que vou até aquela galeria agora mesmo para pedir desculpas ao cara de bur... ao artista.
Ela arregala os olhos.
— Verdade?
— Sim. Claro que não estou a fim de fazer isso. Mas faço... por você.
A boca de Demetria se curva num pequeno sorriso:
— Esqueça. Agradeço sua disposição de fazer isso por mim. Mas você tem razão. O trabalho do cara... não é nada bom.
— Ah, vocês estão aí crianças — diz Selena. — Estávamos à procura dos dois pombinhos. Vamos pegar a estrada e seguir viagem.
Quando chegamos à cabana da família de Justin, ele bate palmas e pergunta:
— Piscina com hidromassagem... Ou um filme?
Selena olha pela janela que dá vista para o lago.
— Se você colocar um filme, vou acabar pegando no sono — ela responde.
Estou sentado com Demetria no sofá da sala pensando... Esta casa imensa que Justin chama de cabana é seu segundo lar. E é bem maior do que a casa onde moro... E tem hidromassagem... Puxa, essa gente rica tem de tudo.
— Eu não trouxe roupa de banho — digo.
— Não se preocupe — diz Demetria. — Justin pode lhe emprestar.
No vestiário da piscina, Justin abre uma gaveta.
— Deixe-me ver... Aqui só tem duas peças que nos serviriam. — Pega um short tipo boxer e também uma pequena sunga Speedo. — Isto serve para você? — pergunta me mostrando a sunga.
— Isto não daria nem para cobrir a minha bola direita. Vista você... Eu ficarei com este — digo pegando o short boxer. Só então percebo que as garotas sumiram. — Onde elas foram?
— Trocar de roupa... E falar sobre nós com toda certeza.
Enquanto entro no pequeno vestiário para me trocar, penso sobre minha vida... Aqui em Lake Geneva é fácil esquecer os problemas, ao menos por um tempo.
— Demi vai pagar bem caro por esse namoro... — Justin me diz quando saio do vestiário. — As pessoas já começaram a falar.
— Escute Justen... Eu gosto dessa menina como jamais gostei de alguém em toda minha vida. Não vou desistir dela. E sabe quando vou começar a me preocupar com o que as pessoas pensam? Quando estiver morto e enterrado.
Justin sorri e estende os braços.
— É isso mesmo Fuentes. Bem, acho que acabamos de viver um momento de cumplicidade masculina. Quer me dar um abraço?
— Nem pensar branquelo.
Justin me dá um tapa nas costas e então andamos até a piscina. Cumplicidade... é muito. Mas apesar de tudo, acho que tivemos um começo de entendimento. De qualquer jeito, ainda acho que isso não vale um abraço.
— Muito sexy baby — diz Selena olhando para a Speedo que Justin acabou de vestir.
Coitado do Justin... Tem que andar gingando feito um pinguim... Conforto é o que ele não tem com essa Speedo tão apertada.
— Juro que vou me livrar disso assim que entrar na piscina — ele resmunga. — Esta maldita sunga está esmagando minhas bolas.
— Não ouvi isso! — diz Demetria se aproximando com as mãos nos ouvidos. Seu biquíni bege  deixa bem pouco para a gente imaginar... Será que Demetria tem noção do quanto está linda? Parece uma flor, pronta para encantar, comover e iluminar qualquer um que puser os olhos nela...
Justin e Selena entram na piscina.
Pulo para dentro e me sento ao lado de Demetria. Nunca estive numa piscina desse tipo antes. E não sei muito bem o que a gente deve fazer numa coisa dessas. Será que vamos ficar sentados conversando ou vamos nos separar em casais e transar? Prefiro a segunda opção, mas Demetria parece nervosa... Principalmente quando Justin tira a sunga, atirando-a para fora da piscina.
Fico incomodado:
— Qual é cara...?
— Qual é ? Quero ser pai algum dia Fuentes. Essa coisa estava cortando minha circulação.
Demetria sai da piscina e se envolve numa toalha.
— Vamos lá para dentro Joe.
— Fiquem crianças — diz Selena. — Vou fazer Justin vestir aquela coisa de novo.
— Esqueça. Vocês dois fiquem à vontade... Nós vamos entrar — diz Demetria.
Quando saio da piscina, Demetria me dá uma toalha. Passo o braço por sua cintura enquanto andamos.
— Você está bem?
— Sim, muito bem. Pensei que você estivesse zangado.
— Estou legal. — Já na casa, pego uma estatueta de vidro e fico observando percebendo os detalhes. Então, digo a Demetria: — Esta casa, este jeito de viver... Tudo é muito bom, muito agradável e além do mais, gosto de estar aqui com você. Mas olho em volta e sei que isso nunca vai fazer parte do meu mundo.
— Você pensa demais. — Demetria se ajoelha no tapete e com um gesto me convida. — Venha aqui e deite-se de bruços. Sei fazer uma massagem sueca bem relaxante.
— Você não é sueca.
— Nem você. Então se eu fizer alguma coisa errada, você nunca vai saber.
Eu me deito perto dela.
— Pensei que as coisas iriam acontecer bem devagar em nossa relação.
— Uma massagem nas costas não vai mudar isso.
Meus olhos passeiam pelo biquíni fantástico que cobre muito pouco do seu corpo.
— Eu deveria saber que aquelas garotas com quem namorei usavam roupas demais... Nunca vi um biquíni tão pequeno.
Demetria me dá um tapa na bunda.
— Comporte-se.
Solto um gemido quando suas mãos se movem pelas minhas costas. Cara, que doce tortura... Estou tentando me comportar, mas isso é tão bom que meu corpo reage como se tivesse vontade própria.
— Você está tenso — ela diz ao meu ouvido.
Claro que estou. Com essas mãos passeando por mim desse jeito! Minha resposta é um segundo gemido.
Depois de alguns minutos dessa massagem que me deixa maluco, o som de murmúrios e vozes entrecortadas penetra na sala... Obviamente Justin e Selena pularam a parte da massagem e foram direto ao assunto.
— Você acha que eles estão fazendo aquilo? — Demetria pergunta.
— Acho que sim... A menos que Justin seja um cara muito religioso — digo, me referindo aos gritos de “Oh Deus!” que ele solta a cada dois segundos.
— Hum... Isso deixa você excitado? — ela cantarola baixinho em meu ouvido.
— Não, mas se você continuar com essa massagem, pode esquecer toda aquela conversa mole sobre “ir mais devagar”... — Eu me sento e olho para Demetria. — Só não consigo entender se você é uma provocadora e está me gozando, ou se é mesmo tão inocente.
— Não sou uma provocadora.
Ergo uma sobrancelha e então olho para meu baixo ventre onde a mão de Demetria repousa tranquila. Acompanhando meu olhar, ela a retira imediatamente.
— Oh, eu... não queria tocar você bem aí... Quero dizer, não realmente. Eu só estava... bem... o que quero dizer é que...
— Gosto quando você fica sem jeito — digo, fazendo Demetria deitar-se perto de mim e mostrando minha própria versão de uma massagem sueca... Até que somos interrompidos por Selena e Justin.
Duas semanas mais tarde, recebo um aviso sobre a data do meu julgamento por porte ilegal de arma. Escondo isso de Brittany porque ela vai surtar se souber. E vai repetir mil vezes que um defensor público pode não ser tão competente quanto um advogado particular. A questão é que não posso pagar pelo trabalho de um cara desses. Preocupado com meu futuro, entro na escola pela porta principal e de repente alguém me dá um encontrão quase me fazendo perder o equilíbrio.
— Que droga! — Eu o empurro.
— Desculpe — diz o cara que parece muito nervoso.
Eu o reconheço então... É o Garoto Branquelo que conheci na cadeia. Sam aparece furioso logo em seguida. E ameaça o branquelo:
— Quer briga seu babaca?
Dou um passo e me meto entre os dois.
— Sam, qual é o problema? — pergunto.
— Esse pendejo estacionou na minha vaga — diz Sam apontando para ele.
— Certo. E o que aconteceu depois... Você achou outra vaga?
Sam está inflexível, pronto para acabar com o cara.
— Achei — ele responde sem entender minha atitude.
— Então deixe o cara em paz. Eu o conheço... Ele é legal.
Sam reage surpreso.
— Você conhece esse imbecil?
— Escute... — eu digo lançando um olhar ao Garoto Branquelo que para minha felicidade, está usando uma camisa azul em vez da vermelha... Bem, mesmo com a azul ele continua meio nerd. Mas ao menos consigo fazer uma cara séria quando falo: — Este cara já esteve na cadeia várias vezes. Ele pode até parecer um idiota... Mas apesar desse cabelo e dessa camisa horrorosa, ele é macho pra caramba.
— Você está me gozando Joe — diz Sam.
Dando de ombros eu recuo:
— Tudo bem... Depois não diga que não avisei.
O Garoto Branquelo dá um passo adiante tentando parecer durão. Controlo a vontade de rir e cruzo os braços como se esperasse o começo da briga. Meus camaradas da Sangue Latino também esperam prontos para ver Sam levar a maior surra.
Sam olha para mim, depois para o Garoto Branquelo... E recua.
— Se você estiver me gozando Joe...
— Dê uma olhada na ficha policial do cara. Roubar carros de luxo é uma das especialidades dele.
Sam fica em silêncio pensando no que fazer. O Garoto Branquelo não espera. Caminha para mim dizendo:
— Se você precisar de alguma coisa Joe, pode contar comigo. — E ergue o punho num cumprimento.
Faço o mesmo e bato o punho contra o dele.
O Garoto Branquelo se afasta logo depois. E eu me sinto aliviado porque ninguém notou o quanto ele tremia quando me cumprimentou.....No intervalo entre o primeiro e o segundo período, encontro o Garoto Branquelo fechando seu armário.
— Você estava falando sério? — pergunto. — É verdade que posso contar com sua ajuda?
— Depois do que aconteceu hoje de manhã, pode sim. Eu lhe devo a minha vida — ele responde. — Não sei por que você resolveu me dar uma força, mas eu estava me borrando de medo.
— Esta é a regra número um: nunca demonstrar medo.
O Garoto Branquelo parece bufar... Acho que esse é o jeito dele rir. Ou isso, ou então ele sofre de sinusite.
— Vou tentar me lembrar disso na próxima vez que alguém me ameaçar. — Ele estende a mão. — Sou Gary Frankel.
Aperto a mão de Gary e digo:
— Escute, meu julgamento será na próxima semana. E não confio no defensor público. Você acha que sua mãe pode me ajudar?
Gary sorri.
— Acho que sim. Minha mãe é realmente boa. Se você for mesmo primário, ela com certeza conseguirá uma pena leve.
— Eu não posso arcar com...
— Não se preocupe com dinheiro Joe. Aqui está o cartão dela. Direi a minha mãe que você é meu amigo e ela não cobrará nada.
Enquanto Gary se afasta pelo corredor, penso nessas coisas que têm me acontecido ultimamente... Como é que um cara tão diferente de mim como Gary, pode se tornar meu aliado? E como é que uma garota loira pode me fazer olhar para o futuro... de frente?!

.......................continua

QUE ISSO !!!!  CAPÍTULO DIVERTIDO E UM POUCO QUENTE NEH ...PENA QUE NA HORA QUE IA COMEÇAR A PEGAR FOGO,SELENA E JUSTIN CHEGAM .....KKK
FAZER O QUE NEH ?!!  KKK  ELES AINDA VÃO TER O MOMENTO DELES ...E VAI SER ONDE DEMI MENOS ESPERA ...BOM ...E EM UM MOMENTO BEM COMPLICADO TAMBÉM .
BOM...ESTAVAM ME PERGUNTANDO SE O JOE VAI SOFRER MAIS DO QUE A DEMI ...
E COMO EU RESPONDI,SIM,ELE VAI PASSAR POR "UMA" ....MAIS EU APOSTO QUE VCS VÃO SENTIR MUITO ORGULHO DELE ...E O SOFRIMENTO QUE ELE VAI PASSAR,VAI SER POR UMA BOA CAUSA  !
A BRUNNA PERGUNTOU  O LINK DOS OUTROS FANFICS QUE EU SIGO ...OLHA,EU SIGO UM MONTE ...MAIS OS QUE EU REALMENTE LEIO SÃO POUCOS ....
SE VOCÊ OLHAR NO MEU HISTÓRICO E PROCURAR SELINHO,VC VAI ACHAR OS LINKS DOS BLOGS QUE EU LEIO OK !!
ENTÃO É ISSO GALERA ...BEIJOS ...E COMENTEM !!!   :)



quarta-feira, 28 de maio de 2014

capitulo 28

DEMI *



Paro num McDonald’s onde posso passar despercebida. Troco o vestido por um jeans, um suéter pink e sigo para casa. Estou com medo, porque com Joe as coisas acontecem rápido demais. Quando estamos juntos tudo é muito intenso. Meus sentimentos, minhas emoções, meu desejo. Nunca fui “viciada” em Zac, nunca desejei estar com ele vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Mas é isso que sinto por Joe... Essa vontade louca. Oh Deus. Acho que estou me apaixonando por ele.
Mas sei que amar alguém significa perder uma parte de si mesmo. Nessa noite no carro quando Joe me tocou por baixo do vestido, fiquei com medo de perder o controle... Acontece que passei toda a minha vida empenhada justamente em manter o controle. O que está acontecendo com Joe vai contra tudo o que sou. E isso me assusta....Entro em casa ansiosa para que ninguém me veja. Tudo o que tenho a fazer é me esgueirar até o quarto e guardar esse vestido no armário. Infelizmente, minha mãe está no hall esperando por mim.
— Onde você esteve? — ela pergunta num tom severo segurando meu livro de Química e minha pasta. — Você disse que ia estudar com aquele rapaz o tal Hernandez.
Acertou no alvo... Tempo para calar a boca ou confessar de uma vez. Engulo em seco e digo:
— O sobrenome dele é Fuentes e não Hernandez. E a resposta é sim, eu estava com ele.
Silêncio. Os lábios de minha mãe se contraem formando uma linha muito fina.
— Obviamente você não estava estudando. E o que há nessa bolsa...? — ela pergunta. — Drogas? Você está escondendo drogas aí?
— Não uso drogas — respondo rispidamente.
Ela ergue uma sobrancelha, aponta para a bolsa e ordena:
— Abra.
Obedeço com um suspiro, me sentindo como uma presidiária. Abro a bolsa e mostro o vestido à minha mãe.
—O que significa isso? — ela pergunta.
— Fui a uma festa com Joe. A prima dele se casou.
— Esse rapaz fez você mentir para mim. Ele a está manipulando Demetria.
— Ele não me fez mentir mãe — digo exasperada. — Posso fazer isso sem ajuda de ninguém, acredite.
Sua fúria atinge o ponto máximo... Vejo isso pelo modo como seus olhos brilham e suas mãos tremem.
— Se eu... Se eu descobrir que você saiu de novo com esse rapaz, não hesitarei em convencer seu pai a mandá-la para um colégio interno pelo resto do ano. Você não acha que já tenho preocupações suficientes com Shelley? Prometa-me que não fará mais nenhum tipo de contato com ele fora da escola.
Prometo. Então corro para o meu quarto e telefono para Selena.
— O que foi? — ela diz.
— Selena, preciso da minha melhor amiga neste momento.
— E você me escolheu? — ela rebate secamente. — Puxa, estou lisonjeada.
— Ok, eu menti para você. Gosto de Joe. Muito.
Silêncio...............
— Selena você está aí? Ou está me ignorando?
— Não Demi... Estava só me perguntando por que você resolveu me contar isso agora.
— Porque preciso conversar com você Selena. Você me odeia?
— Você é a minha melhor amiga — ela responde.
— E você é a minha melhor amiga.
— E boas amigas continuam amigas, mesmo quando uma delas resolve perder o juízo e namorar um cara de gangue... Certo?
— Espero que sim.
— Demi, nunca mais minta para mim.
— Está certo. E olhe, você pode falar sobre esse assunto com Justin, desde que ele prometa guardar segredo.
— Obrigada pela confiança Demi. Talvez você não saiba o quanto isso significa para mim.
Depois de contar toda a história a Selena, desligo o telefone me sentindo bem melhor. Parece que nossa amizade está salva e que as coisas entre nós começam a voltar ao normal.
O celular toca. É Miley.
— Preciso falar com você — ela me diz quando atendo.
— Estou ouvindo. Pode falar.
— Você viu Harry  hoje?
Hum... Quantos segredos!
— Sim.
— Você falou de mim?
— Não... Por quê? Você queria que eu falasse?
— Não. Sim. Sei lá... Que confusão!

— Miley, diga a ele o que você sente, sem rodeios, de uma forma simples... E pronto. Isso funcionou com Joe.
— Sim, mas você é Demetria Lovato.
— E você sabe o que significa ser Demetria Lovato ? Vou lhe contar... Sou insegura como todo mundo. Vivo sob pressão para manter a imagem que as pessoas têm de mim... E para que não percebam que na verdade não sou diferente de ninguém. As garotas me invejam por eu ser o centro das atenções... Mas não sabem que isso me torna vulnerável e exposta a fofocas bem mais do que alguém poderia suportar.
— Então é melhor guardar para mim, as histórias que estão rolando na minha turma sobre você e Joe. Acho que você não ficaria nem um pouco feliz se soubesse... Ou será que você gostaria de ouvir?
— Não.
— Tem certeza?
— Tenho sim. Se você realmente se considera minha amiga por favor, não me conte.
Pois se eu souber dos boatos terei que enfrentá-los. E neste exato momento quero viver em absoluta felicidade e ignorância.

JOE *



Depois que Demetria fugiu de mim daquele jeito, não me sinto com a menor disposição para conversar. E espero evitar minha mãe quando chegar em casa. Mas basta olhar para o sofá na sala e minha esperança bate asas. Ali está ela, na penumbra com a televisão desligada. Meus irmãos já devem ter ido dormir.
— Joseph... — ela começa — Aonde você pretende chegar trazendo aquela moça branca e rica para o nosso meio? Não quero essa vida para nós.
— Eu sei.
— Essa tal de Demetria está pondo ideias estranhas na sua cabeça.
Dou de ombros.
— Demetria detesta drogas, gangues e marginalidade... A senhora acha isso estranho? Mas sabe o que eu acho estranho mãe...? Vou lhe contar: a senhora pode não ter escolhido essa vida para mim... Mas também não reclamou muito quando entrei para a Sangue.
— Não fale assim Joseph.
— Por que não? A verdade é muito dolorosa? Sou membro de uma gangue e a senhora sabe disso, embora finja ignorar. — Minha voz vai aumentando de volume à medida que extravaso a frustração contida nesses anos todos. — Fiz essa escolha há muito tempo porque entendi que era a única maneira de proteger nossa família neste lugar miserável onde vivemos. Olhe para mim... — Tiro a camisa e mostro as tatuagens da Sangue Latino. — Olhe bem para o que sou mamá. Sou membro de uma gangue, exatamente como papá. Será que devo traficar drogas também?
Lágrimas escorrem por sua face.
— Seu pai não teve escolha — ela diz baixinho. — Quanto a mim, se eu achasse que havia outro jeito naquela época...
— A senhora estava assustada demais para sair desse buraco onde vivemos... E agora estamos encurralados nessa vida desgraçada. Ninguém tem culpa, tudo bem, mas não venha jogar essa carga de medo e aflições em cima de mim e da minha garota.
— Isso não é justo — ela diz se levantando.
— O que não é justo é a senhora viver como uma viúva em luto perpétuo desde que Papá morreu. Por que não voltamos para o México? Diga ao tio Julio que foi inútil gastar as economias de uma vida inteira para nos mandar para cá. Ou a senhora tem medo de voltar para lá e contar à família que fracassou?
— Oh não. Nós não estamos tendo esse tipo de discussão... Isso não está acontecendo.
— Abra os olhos mamá — digo abrindo os braços o máximo que posso. — O que a senhora tem aqui, que possa valer tanto a pena... Seus filhos? Bem, isso é uma desculpa porque podemos todos voltar para o México. Para nós já faz tempo que o “sonho americano” se transformou num pesadelo. — Aponto para o retrato do meu pai acima do pequeno altar improvisado. — A começar por ele, que a senhora venera como se fosse um santo. Mas tudo o que Papá conseguiu neste país, foi ser membro de uma gangue.
— Já disse que seu pai não teve escolha — ela grita — Ele só queria nos proteger.
— E agora é minha vez... A senhora vai fazer um altar para mim quando eu levar um tiro? E Nick ? Porque ele é o próximo da fila sabe? E depois será o Frankie...
Minha mãe me dá um tapa no rosto com toda a força... E então recua chorando.
Ah, eu me sinto péssimo quando ela perde o controle por minha causa. Dou um passo à frente e puxo minha mãe para perto de mim. Quero pedir desculpas e dar-lhe um abraço. Mas estranhamente ela estremece e geme de dor.
— ¿Mamá? O que há de errado com você... Está machucada?
Ela se solta bruscamente, me dá as costas e se afasta. Mas não posso deixá-la ir assim... Consigo alcançá-la e levanto a manga do seu vestido. Para meu horror, descubro um hematoma em seu braço. Um hematoma de cor púrpura, negro e azul que parece me encarar... Tento entender o que está acontecendo. A memória me leva de volta à festa de casamento quando vi minha mãe e Hector conversando.
— Foi Hector quem fez isso? — pergunto num tom bem mais suave.
— Você precisa parar de fazer perguntas sobre seu pai — ela me diz puxando rapidamente a manga para cobrir o hematoma. Uma onda de raiva me invade e se espalha por todo meu corpo. Agora entendo a cena entre os dois na festa... Era um aviso de Hector para mim.
— Por que mamá? Quem Hector está tentando proteger? —eu insisto.
Será alguém da Sangue Latino, ou um figurão de alguma gangue aliada? Gostaria de perguntar isso a Hector. E gostaria mais ainda de arrebentar com ele por ter deixado a marca de seus dedos sujos no braço de minha mãe. Mas o cara é intocável. Todos sabem que desafiar Hector é entrar em guerra com a Sangue Latino inteira. Minha mãe me olha:
— Não me pergunte sobre isso. Há coisas que você não sabe Joseph. Coisas que não deve saber. Deixe estar...
— Depois de saber que papá traficava drogas, a senhora acha que alguma verdade ainda pode me assustar? Acha que é bom viver na ignorância? Porra, por que será que todo mundo está tentando me esconder a verdade se eu não tenho medo dela?
Minhas mãos estão frias e úmidas caídas ao longo do corpo. Um som no pequeno corredor me chama a atenção. Eu me viro e vejo meus irmãos, com os olhos arregalados. Pronto. Acabou. Ao ver os dois, minha mãe quase perde o fôlego. Puxa, eu seria capaz de qualquer coisa para aliviar seu sofrimento.
— Perdón  Mamá — digo pondo a mão em seu ombro.
Sufocando um soluço, ela afasta minha mão e corre para o seu quarto.
— É verdade? — Nick pergunta com um aperto na voz.
Eu confirmo:
— É sim.
Confuso, Frankie balança a cabeça e franze a testa.
— Não entendo o que vocês dois estão dizendo... Pensei que papá fosse um homem bom. Mamá sempre disse que ele era um homem bom.
Abraço meu irmão caçula aconchegando-o em meu peito.
— Então era tudo mentira! — diz Nick transtornado. — Vocês mentiram para mim!
Solto Frankie e seguro Nick pelo braço:
— Nick...
Ele olha para minha mão com raiva:
— Pensei que você estivesse na Sangue Latino para proteger nossa família. Que nada... Você estava só seguindo o mesmo caminho de papá... Grande herói que você é! Você gosta de ser Sangue Latino... Mas me proibiu de entrar. Isso não é hipocrisia  mano?
— Talvez...
Afrouxo a pressão e Nick corre para a porta dos fundos.
A voz de Frankie quebra o silêncio:
— Às vezes os homens bons precisam fazer coisas que não são boas... É isso Joe ?
Eu afago seu cabelo. Frankie é mais inocente do que eu era quando tinha sua idade.
— Sabe, acho que você é o Fuentes mais inteligente dessa família meu irmãozinho. Agora vá para a cama e me deixe falar com Nick.
Encontro Nick sentado na varanda dos fundos que dá para o quintal do vizinho.
— Então foi assim que nosso pai morreu... traficando drogas? — Nick pergunta quando me sento ao seu lado.
— Sim.
— E você estava junto?
Respondo que sim com um aceno de cabeça.
— Mas você tinha apenas seis anos naquela época... Como ele teve coragem de levar você para um negócio desses? Que bastardo! — Nick exclama entre revoltado e cínico. Em seguida me diz: — Sabe, eu vi Hector hoje na quadra de basquete perto da avenida.
— Fique longe dele. Eu não tive chance. Fui obrigado a entrar nisso e agora estou encrencado. Se você pensa que acredito cegamente nas leis da Sangue está muito enganado. Tudo o que peço a você  nessa vida é que não entre...
— Joe...
— Não quero isso para você entendeu?
— Sim. Agora sei do que você está falando — ele responde baixinho.
Encaro Nick com o mesmo olhar que minha mãe me lançava quando eu começava a aprontar demais em casa.
— Quero que você me escute Nick... E me escute bem. Dê um jeito de estudar bastante para chegar à faculdade. Seja alguma coisa na vida... Ao contrário de seu irmão mais velho que já está ferrado.
Depois de um longo momento de silêncio, Nick me diz:
— A Destiny também é totalmente contra essa história de  entrar na Sangue. Ela quer que eu me forme em Enfermagem. — Nick ri. — E disse que seria maravilhoso se nós dois entrássemos na mesma universidade.
Eu escuto compreendendo que chegou o momento de parar com meus conselhos e deixar que Nick trace seus planos de vida por si mesmo. No fim ele diz:
— Sabe, eu gosto da Demetria.
— Eu também. — Penso no que aconteceu hoje quando estávamos no carro. Nossa, foi um grande momento. E eu me empolguei... Espero não ter estragado tudo.
— Vi Demetria conversando com mamá no casamento — diz Nick. — Puxa, ela encarou a mamá... E fez isso muito bem!
— É mas se você quer mesmo saber, depois ela chorou muito no banheiro. Talvez eu devesse ter impedido que ela e Mamá...
— Para um cara que se acha esperto, você está sendo bem burro... — Nick me interrompe. — Não dá para controlar tudo Joe... Nem para carregar o mundo nas costas.
— Não se preocupe mano... Eu aguento; estou sempre preparado pra enfrentar o que vier.
Nick põe a mão no meu ombro:
— Mano... Acho que de algum modo, namorar uma garota da zona norte é mais arriscado do que entrar numa gangue.
Este é o momento perfeito para contar umas verdades ao meu irmão:
— Você ouviu os caras da Sangue Latino falando de irmandade, honra, lealdade... E tudo soa muito bonito. Mas eles não são como uma família sabe? E a irmandade só funciona enquanto você está disposto a fazer o que eles querem.
Minha mãe abre a porta e olha para nós. Parece tão triste. Como eu gostaria de poder mudar sua vida e acabar com esse sofrimento para sempre. Mas sei que não posso.
— Nicholas, me deixe conversar com Joseph.
Quando Nick entra em casa, minha mãe se senta ao meu lado com um cigarro na mão. Que eu saiba é o primeiro que ela fuma depois de muito tempo.
Espero que ela comece a falar...
— Cometi muitos erros em minha vida Joseph — ela diz, soltando a fumaça para cima na direção da lua que brilha lá no alto. — E alguns deles não podem ser corrigidos, por mais que eu reze pedindo a Deus uma luz. — Ela ajeita meu cabelo atrás das orelhas. — Você ainda é tão jovem... E no entanto, tem as responsabilidades de um homem. Sei que isso não é justo.
— Está bien  mamá. Eu posso aguentar.
— Não... não está nada bem. Eu também tive que crescer rápido demais sabe? Não consegui nem mesmo terminar o segundo grau, porque fiquei grávida de você. — Ela me olha como se visse a si mesma quando jovem. — E pensar que não faz tanto tempo assim... Puxa, eu queria tanto um bebê! Seu pai era contra, achava que eu devia me formar primeiro. Mas dei um jeito de apressar as coisas... Pois tudo o que eu mais desejava neste mundo, era ser mãe.
— E a senhora se arrependeu? — pergunto.
— De ser mãe? Nunca. Mas me arrependi de enganar seu pai e dar um jeito para que ele não usasse preservativo.
— Não quero ouvir isso.
— É, mas eu já disse e você já ouviu. Preste atenção meu filho... Seja cuidadoso.
— Eu sou.
Ela traga novamente o cigarro enquanto balança a cabeça:
— Você não entendeu. Você pode ser cuidadoso, mas a garotas talvez não sejam. Garotas são manipuladoras... Sei disso porque fui assim também.
— Demetria é...
— O tipo de garota que pode levar você a fazer o que não quer.
— Demetria não quer engravidar. Pode acreditar nisso mãe.
— Sim, mas vai querer outras coisas que você jamais poderá lhe dar.
Olho para cima: para as estrelas, a lua, o infinito universo.
— Mas e se eu quiser dar tudo para ela?
Minha mãe suspira soltando lentamente a fumaça.
— Aos trinta e cinco anos, já vivi o suficiente para ver pessoas morrendo por acreditar que podiam mudar as regras do mundo... Não importa o que você pense, a verdade é que seu pai morreu tentando consertar sua própria vida. O que você sabe sobre ele são fatos distorcidos Joseph. Você era apenas um menino, pequeno demais para compreender.
— É, mas agora já cresci.
Uma lágrima escapa de seus olhos. Enxugando-a ela me diz:
— Sim, mas agora é tarde demais.
...................
continua

Nossa gente me desculpem pela demora ...falei que não ia demorar a postar mas acabei demorando ...
Mas agora é sério : NÃO VOU MAIS DEMORAR A POSTAR !!!!!   :)
Que família essa do Joe e da Demi neh ...
As mães super preocupadas ..e controladoras ...principalmente a da Demi ...kkk
Bom,como eu respondi aos comentários ( que agora vou fazer o possivel para sempre responder )
o Joe vai sofrer muito ... :(  mais do que vocês imaginam ...
E claro q a Demi também vai sofrer por amor ...mas o que o Joe vai passar ....Meu Deus !
E seja muito Bem vindas as novas leitoras   :)
É só isso galera ...Muito Obrigada ...e Comentem hein !!!!  bjss


sexta-feira, 23 de maio de 2014

capitulo 27

JOE *



Depois que meu pai morreu, minha mãe tentava nos distrair e confortar com música. Nick, Frankie e eu dançávamos pela casa e nos revezávamos para cantar com ela. Acho que esse era o seu jeito de esquecer a dor ainda que só por alguns momentos. À noite ela chorava no quarto e eu ouvia. Nunca abria a porta nessas horas mas sentia vontade de cantar para que toda aquela mágoa fosse embora.
Converso com os músicos antes de pegar o microfone e dizer:
— Eu não queria bancar o palhaço interrompendo este momento... Mas os irmãos Fuentes não podem ignorar um pedido especial da noiva... E não tenham dúvidas Elena sabe como conseguir o que quer.
— É verdade! — grita Jorge.
Elena manda um direto que acerta Jorge no braço. Ele acusa o golpe com uma careta. Mas está feliz demais para se importar com isso... E em vez de reclamar beija a esposa.
Começo a cantar junto com meus irmãos. Nada sério... Cantamos do nosso jeito músicas de Enrique Iglesias, Shakira e também do meu grupo favorito, Maná. Quando me abaixo para cantar para as crianças pisco um olho para Demetria. De repente todo mundo fica em silêncio... Logo em seguida um burburinho corre entre os convidados e também algumas exclamações abafadas de espanto.
Hector resolveu aparecer o que é bem raro. Todos o observam enquanto ele caminha pelo quintal usando um terno caro. Termino minha canção e vou para perto de Demetria, tomado por uma vontade louca de protegê-la.
— Quer fumar? — Harry pergunta puxando um maço de Marlboro do bolso de trás do jeans.
Olho Demetria de relance antes de responder:
— Não.
Harry me olha com estranheza, então dá de ombros e pega um cigarro:
— Bela canção Joe. Se você tivesse demorado um pouco mais eu teria conquistado su novia.( sua namorada )
Ele chamou Demetria de minha namorada... Será que ela é mesmo?
Levo Demetria até um freezer cheio de bebidas com Harry a reboque.
Tomo cuidado para que Hector não cruze nosso caminho. Mario, um amigo dos meus primos está em pé sobre o freezer usando as cores da gangue Python Trio e um jeans tão largo na cintura que deixa à mostra uma parte do seu traseiro. Os caras da Python Trio são nossos aliados mas se Demetria os visse na rua provavelmente sairia correndo.
— Oi Joe... — diz Mario. — Oi Harry.
— Vejo que você se produziu para o casamento Mario — eu comento.
— Cara, ternos são para os branquelos — diz Mario ignorando o fato de que minha namorada é branca. — Vocês dessas gangues de subúrbio são muito molengas. Na cidade é que estão os verdadeiros brothers.
— Ok valentão... — Harry responde com atitude. — Vá dizer isso a Hector.
Olho para Mario e aviso:
— Se você continuar falando merda vou ter que lhe mostrar um pouquinho do que fazemos com os folgados... Nunca subestime a Sangue Latino cara.
Mario recua:
— Bem, tenho um encontro marcado com uma garrafa de Corona. Vejo vocês depois.
— Parece que ele se borrou todo — diz Harry enquanto Mario se afasta.
Olho para Demetria que parece mais pálida do que o normal.
— Está tudo bem?
— Você ameaçou aquele cara — ela diz baixinho. — Puxa, ele ficou apavorado.
Em vez de responder, dou a mão a Demetria e a levo até a pista de dança improvisada que na verdade é só a parte gramada do quintal. Uma música lenta vem das caixas de som.
— Não brigue comigo por essa bobagem. Vamos dançar...
Não quero ouvir as razões de Demetria, seus medos e suas ameaças de me deixar, se eu prosseguir na Sangue. Não quero.
— Mas...
— Esqueça o que eu disse a Mario — eu peço com os lábios junto ao seu ouvido. — Ele só estava nos provocando para saber se somos leais a Hector. Se percebesse alguma discórdia sua gangue poderia tentar tirar alguma vantagem. Sabe, todas as gangues se dividem em duas grandes nações: Folks e People, que são rivais. A gangue de Mario é afiliada à...
— Joe  — ela me interrompe.
— Sim?
— Diga apenas que nada de ruim vai acontecer com você...
Não posso.
— Dance... — respondo baixinho colocando os braços de Demetria em torno de mim... E dançamos.
Olhando por cima de Demetria, vejo Hector conversando com minha mãe. Do que será que estão falando? Minha mãe começa a se afastar mas Hector puxa-a pelo braço e diz alguma coisa em seu ouvido.
Justamente quando estou prestes a interromper este momento com Demetria para ir lá saber que diabos está acontecendo vejo minha mãe sorrir para Hector com ar brincalhão... E em seguida comentar ainda rindo alguma coisa que ele disse. Devo estar pananóico.
As horas passam; a noite cai sobre a cidade. A festa continua animada quando saímos em direção ao carro. Fazemos o trajeto de volta a Fairfield em silêncio.
— Venha cá — eu digo suave depois de estacionar nos fundos da oficina.
Demetria se inclina reduzindo a distância entre nós.
— Eu me diverti muito — ela murmura. — Bem, fora o momento em que me tranquei no banheiro... E também quando você ameaçou aquele cara.
— Esqueça tudo isso e me beije — eu digo. Acaricio os cabelos de Demetria que me enlaça pelo pescoço enquanto desenho seus lábios com minha língua. Abro caminho entre eles... E o beijo se torna mais profundo. É como um Tango: primeiro a gente se move lenta e nitmadamente... Depois, a respiração vai ficando acelerada, as línguas se encontram, os beijos se transformam numa dança quente e rápida que não deveria acabar... Nunca. Os beijos de Carmen podem ser quentes mas os de Demetria são mais sensuais e extremamente viciantes.
Ainda estamos no carro, mas é tão apertado; os assentos da frente não nos dão espaço. Quando vejo já estamos no banco de trás... Ainda não é o ideal mas estou pouco ligando; tudo o que me importa são esses gemidos e beijos essas mãos que correm pelo meu cabelo... E o cheiro de baunilha... Não quero ir muito longe com ela nesta noite. Mas não há como controlar minhas mãos que parecem ter vida própria e se movem lentamente por suas coxas.
— Isso é tão bom — ela diz ofegante.
Faço Demetria se deitar, acariciando-a por inteiro. Colo os lábios em seu pescoço enquanto puxo para baixo as alças do vestido e do sutiã. Ela desabotoa minha camisa... Seus dedos começam a passear por meu peito e ombros marcando minha pele com as unhas.
— Você é... — ela suspira — perfeito.
Bem, não vou discutir esse assunto... Não agora. Movendo-se lentamente, minha língua desliza por sua pele de seda exposta à brisa da noite. Demetria agarra meu cabelo encorajando-me a seguir em frente. Ela tem um gosto fantástico um gosto de... caramelo!
Eu me afasto um pouco e capturo seus olhos com os meus. Olhos brilhantes de desejo. Tudo nela é... perfeito.
— Quero você minha linda — digo e minha voz soa rouca.
Demetria pressiona o corpo contra o meu, sente a minha ereção, o prazer/dor quase insuportável. Mas quando começo a baixar sua calcinha, ela afasta minha mão.
— Não... Não estou pronta para isso. Pare Joe.
Eu me afasto dando um tempo para que meu corpo se acalme. Sentado no banco não tenho coragem de olhar para Demetria enquanto ela se arruma. Porra, fui longe demais. Prometi a mim mesmo que iria controlar a excitação... Que teria juízo com essa garota. Passando a mão pelo cabelo solto um longo suspiro:
— Desculpe.
— Não, a culpa foi minha. Eu pedi por isso... E você tem todo o direito de ficar zangado comigo. Escute, acabei de terminar minha relação com Zac... E tenho muitos problemas em casa. — Cobrindo o rosto com as mãos ela diz: — Estou muito confusa! — E pegando sua bolsa, abre a porta do carro.
Vou atrás dela. Minha camisa preta aberta, começa a voar ao vento como a capa de um vampiro... Ou do Anjo da Morte.
— Demetria espere.
— Por favor abra a porta da garagem. Preciso do meu carro.
— Não vá embora.
Digito o código e a porta se abre.
— Desculpe — ela repete.
— Pare de pedir desculpas. Não estou com você só pelo sexo. Ok, eu gostei do jeito como nós “fechamos” a noite gostei do seu perfume de baunilha que eu seria capaz de ficar sentindo para sempre e... Porra, eu realmente estraguei tudo não foi?
Demetria entra no carro.
— Podemos ir mais devagar Joe ? Tudo está acontecendo depressa demais para mim.
— Sim — eu digo balançando a cabeça e mantendo as mãos nos bolsos resistindo ao desejo de tirar Demetria desse carro.
Caramba, se ela não for embora sou capaz de esquecer minhas boas intenções e voltar a explorar esse corpo que me enlouquece até os limites mais extremos... Esqueço tudo, exceto Demetria quando estamos juntos. Lembro-me então da aposta. Toda essa estória com Demetria deveria ser levada assim, apenas como uma aposta... Afinal eu não disse que jamais me apaixonaria por uma garota da zona norte? O problema é que estou começando a achar que existem sentimentos bem reais rolando entre nós... Mas é melhor ignorar essa parte. Pois tudo isso não passa de um jogo não é? E os sentimentos não contam.

.....continua

OII GENTE .....MIL DESCULPAS PELA DEMORA ...NÃO VOU MAIS DEMORAR A POSTAR OK !!!  :)
CAPÍTULO FOFO DE JEMI ....QUASE TEVE HOT .....MAS GARANTO Q O TÃO ESPERADO HOT JEMI VAI CHEGAR ...
DEMI NÓS SABEMOS QUE ESTÁ APAIXONADA POR JOE, MAS SERÁ QUE JOE ESTÁ APAIXONADO POR DEMI ???  SERÁ QUE ELE ESTÁ JUNTO COM ELA POR CAUSA DE UMA APOSTA ????
COMENTEM BASTANTE AMORES ....E MUITO OBRIGADA !! :) :)




sexta-feira, 16 de maio de 2014

capitulo 26

JOE *



Se eu continuar olhando para essas pernas esguias, vou provocar um acidente.
— Como vai sua irmã? — pergunto mudando de assunto.
— Está esperando para derrotar você de novo, no jogo de Damas.
— É mesmo? Bem, diga a ela que vou ganhar fácil fácil... Sabe, naquele dia eu só estava tentando impressionar você.
— Perdendo o jogo?
Eu encolho os ombros:
— Mas deu certo não?
Percebo que Demetria está inquieta pois fica arrumando o vestido o tempo inteiro... Será que é para me impressionar? Para deixá-la mais calma acaricio seu braço, desde o ombro e seguro sua mão.
— Diga a Shelley que voltarei para uma revanche.
Demetria se vira para mim com os olhos brilhando:
— Verdade?
— Verdade absoluta.
Durante o trajeto, tento manter uma conversa leve. Não funciona. Sou péssimo nesse gênero. De qualquer modo, Demetria parece contente. E isso é bom.
Pouco depois, estaciono em frente a uma pequena casa de tijolos de dois andares.
— O casamento não vai ser numa igreja?
— Minha prima Elena fez questão que o casamento fosse celebrado aqui, na casa de seus pais. — Pouso a mão nas costas de Demetria na altura da cintura enquanto caminhamos até a casa. Não me pergunte o motivo de querer mostrar para todo mundo que ela é minha. Talvez, no fundo eu seja mesmo um homem de Neanderthal. Quando entramos, a música dos Mariachi chega até nós vinda do quintal. As pessoas lotam quase todos os espaços disponíveis. Fico de olho nas reações de Demetria, me perguntando se ela está se sentindo magicamente transportada a um recanto do misterioso México... se está reparando que minha gente não mora em casas grandes com piscinas, como a dela e de suas amigas.
Enrique e um bando de outros primos gritam para nos saldar. Todos falam Espanhol... E isso é normal. Mas a minha namorada só fala Inglês. Estou acostumado a receber um monte de beijos das minhas tias um monte de tapinhas nas costas dos meus tios... Demetria não. Então eu a mantenho bem junto de mim, para mostrar que estou aqui, que não a esqueci... Começo a apresentá-la à minha família, mas logo desisto. Pois claro que ela não vai guardar tantos nomes diferentes estranhos à sua cultura. Não vai conseguir se lembrar de todos eles.
— Ei vocês...! — diz alguém atrás de nós.
Eu me viro e deparo com Harry.
— E aí cara? — digo dando um tapinha nas costas do meu amigo. — Demetria, você já deve ter visto mi mejor amigo lá no colégio. Não se preocupe, ele sabe que não deve contar a ninguém que você veio aqui.
— Prometo que não vou falar — diz Harry, fingindo trancar a boca e jogar a chave fora.
— Oi Harry — diz Demetria rindo.
Jorge se aproxima de nós usando um smoking branco e uma rosa vermelha na lapela. Dou um tapinha nas costas do meu futuro primo:
— Ei rapaz, até que você conseguiu ficar bem bonito hein?
— Você também não está nada mal...... E aí? Não vai me apresentar sua nova amiga?
— Demetria, este é Jorge. Ele é o coitado... Quero dizer, o felizardo que vai se casar com minha prima Elena.
— Os amigos de Joe são nossos amigos — também diz Jorge, abraçando Demetria.
— Onde está a noiva? — Harry pergunta.
— No andar de cima no quarto dos pais... chorando.
— De felicidade é claro...? — eu pergunto.
— Que nada cara — diz Jorge. — Eu fui até lá na maior inocência para dar um beijo em Elena. E agora ela está como louca tentando achar um jeito de esconjurar o tal beijo, anular seu efeito... Porque dizem que beijar o noivo antes do casamento dá azar — ele explica meio que rindo. — O que posso fazer se ela acredita nessas tolices?
— Boa sorte — eu digo. — Do jeito que Elena é supersticiosa é bem capaz de obrigar você a fazer loucuras para mandar esse azar embora.
Enquanto Harry e Jorge conversam sobre o assunto, dou a mão a Demetria e saímos da casa. Temos música ao vivo. Mesmo sendo pobres e ferrados, sabemos manter nossa cultura e nossas tradições bem vivas. Nossa comida é picante, nossas famílias são grandes e unidas... E gostamos de música que faz nossos corpos dançarem.
— Harry é seu primo? — Demetria pergunta.
— Não, mas ele pensa que é. — Vejo meu irmão e digo: — Nick, esta é Demetria.
— Sim, eu sei — Nick responde. — Lembra que eu vi vocês dois num beijo de língua lá em casa?
Atordoada, Demetria fica em silêncio.
— Veja lá como fala— eu digo estalando um tapa na nuca de Nick.
Demetria põe a mão em meu peito:
— Calma Joe. Você não tem que me proteger de tudo.
Nick assume uma pose arrogante:
— É isso aí mano. Você não tem que proteger a princesa... A não ser talvez, da nossa mamá.
Estava demorando mesmo... Troco uns palavrões com Nick em Espanhol, para que Demetria não entenda.
— Vete cabrón, no molestes. (  “Vai cara, não enche.” )
Será que ele está tentando arruinar meu encontro com Demetria ? Resmungando mais um palavrão, Nick resolve ir procurar alguma coisa para comer.
— Onde está seu outro irmão? — ela pergunta.
Olho para os lados procurando por Frankie, enquanto levo Demetria até uma das várias mesas espalhadas pelo quintal. Nós nos acomodamos e coloco o braço na guarda da cadeira de Demetria quase tocando seus ombros.
— Veja... Frankie está bem ali. — Aponto um canto do quintal onde meu irmão caçula é o centro das atenções com suas imitações de animais.
Tenho de contar a ele que só o talento não basta para se dar bem nos estudos.
A atenção de Demetria se concentra nos quatro filhos de um primo meu, todos com menos de sete anos correndo à nossa volta. Marissa que tem dois anos, achou que seu vestido de festa estava atrapalhando a brincadeira. Com naturalidade, livrou-se dele... E agora lá está o vestido jogado num canto.
— Provavelmente você está achando que eles parecem um bando de mojados não é?
Demetria sorri:
— Não... Eles parecem um grupo de pessoas se divertindo num casamento ao ar livre. Quem é esse? — ela pergunta quando um rapaz usando uniforme militar passa perto de nós. — Outro primo?
— Sim... E seu nome é Paul. Acredite ou não, ele já fez parte de uma gangue da pesada a Python Trio de Chicago. E mergulhou fundo nas drogas antes de entrar para a Marinha.
Demetria me olha de um jeito...
— Ei, já falei que não uso drogas... Não mais. E não me envolvo com o tráfico — digo com firmeza, querendo muito que ela acredite em mim.
— Você jura?
— Sim — eu respondo me lembrando daquela noite na praia quando fumei com Carmen. Foi a última vez. — Não importa o que você possa ouvir por aí... Estou limpo. E faço questão de ficar longe da coca, porque essa coisa não é brincadeira. Acredite ou não, quero manter meu cérebro com todas as células que ele tinha quando nasci.
— E Harry ? — ela pergunta. — Ele usa drogas?
— Às vezes.
Demetria olha para Harry rindo e brincando com minha família. Ele tenta desesperadamente, fazer parte dela e esquecer a sua. A mãe de Harry foi embora alguns anos atrás... Ele ficou sozinho com o pai, numa situação desgraçada. E não condeno Harry por querer uma válvula de escape, um jeito de fugir de tudo isso.
Minha prima Elena finalmente aparece, num vestido branco rendado... E o casamento começa.
Enquanto o padre vai recitando os votos, eu abraço Demetria por trás mantendo-a bem pertinho de mim. Como será que ela vai se vestir quando se casar? Provavelmente terá um bando de profissionais fotografando e filmando tudo para a posteridade.
— Ahora los declaro marido y mujer — diz o padre.
Os noivos se beijam. E todo mundo aplaude.

Demetria aperta minha mão.

DEMI *



Sinto que Jorge e Elena estão loucamente apaixonados. Será que um dia eu também me sentirei assim, apaixonada pelo homem com quem vou me casar?
Penso em Shelley que nunca terá um marido nem filhos. Sei que meus filhos aprenderão a amar Shelley tanto quanto eu a amo. Durante sua vida inteira, ela nunca sentirá falta de amor. Mas será que no íntimo, minha irmã não sentirá falta de ter sua própria família?
Olho para Joe... E não consigo me imaginar num cenário de violência, gangues, marginalidade e sabe Deus o que mais. Isso não faz parte de mim. Mas esse cara que vive no centro de todas essas coisas que abomino, está ligado a mim como jamais alguém esteve. Devo fazê-lo mudar de vida para que um dia, as pessoas possam dizer que somos um casal perfeito. Enquanto a música se espalha no ar, passo minhas mãos em torno da cintura de Joe e repouso a cabeça em seu peito. Ele afasta um cacho de cabelos do meu pescoço e me abraça com mais força enquanto nos movemos levemente ao sabor da música.
Um rapaz se aproxima da noiva com uma nota de cinco dólares.
— É um velho costume — Joe explica. — Ele está pagando para dançar com a noiva... Chamam isso de “A Dança da Prosperidade”.
Eu observo fascinada, enquanto o rapaz prende a nota de cinco dólares na cauda do vestido da noiva com um alfinete de gancho. Minha mãe ficaria horrorizada.
Alguém grita algo para o rapaz que agora dança com a noiva e todo mundo ri.
— Qual foi a graça?
— Estão dizendo que ele prendeu a nota muito perto do traseiro de Elena.
Fico vendo os pares dançando num tablado e tento repetir seus movimentos. Quando a noiva termina de dançar com o rapaz, pergunto a Joe se ele também vai tirá-la para dançar.
Joe diz que sim e eu o empurro na direção dela.
— Então vá. Enquanto isso quero conversar com sua mãe.
— Você tem certeza...?
— Sim. Vi a Sra. Fuentes quando chegamos. E seria ridículo fingir que não a conheço. Não se preocupe comigo eu estarei bem.
Joe abre a carteira e tira uma nota de dez dólares. Tento não olhar, mas a carteira ficou vazia. Ele vai dar todo o dinheiro que tem para Elena. Será que não vai lhe fazer falta? Sei que ele trabalha naquela oficina mas provavelmente todo o dinheiro que ganha é para ajudar no sustento da família.
Vou me afastando até que nossas mãos se separam.
— Volto logo Joe.
Várias mulheres, inclusive a Sra. Fuentes estão arrumando as mesas enfileiradas no quintal. Usando um vestido vermelho com saia tipo envelope, ela parece mais jovem do que minha mãe.
As pessoas acham minha mãe bonita. Mas a Sra. Fuentes tem aquele tipo de beleza atemporal que lembra uma estrela de cinema. Seus olhos são expressivos e castanhos; os cílios chegam quase a tocar as sobrancelhas; e sua pele perfeita, é ligeiramente bronzeada.
Toco o ombro da Sra. Fuentes que está colocando guardanapos sobre as mesas.
— Olá Sra, Fuentes.
Ela se vira e sem demonstrar nenhuma surpresa diz:
— Demetria... não é isso?
Respondo com um aceno de cabeça. A reapresentação já aconteceu.
Agora vá em frente e não enrole Demetria Lovato digo a mim mesma.
— Hum... Eu... queria vir cumprimentá-la desde que cheguei. E agora me pareceu um bom momento. Mas não sei bem o que falar... Acho que estou nervosa.
A mulher me olha como se eu tivesse um parafuso a menos.
— Vá em frente — ela diz.
— Sim... Bem... Sei que nós começamos com o pé esquerdo... E se a senhora se sentiu desrespeitada em sua casa peço-lhe desculpas. Mas quero esclarecer que não fui até lá com a intenção de beijar o seu filho.
— Desculpe minha curiosidade mas... Quais são as suas intenções?
— Como?
— Suas intenções com Joe... Quais são?
— Eu... Bem, o que a senhora quer que eu diga? Sinceramente acho que Joe e eu... Quero dizer, nós vamos descobrir o que queremos um do outro à medida que nossa relação for se desenvolvendo. Por enquanto acho que devemos deixar que as coisas aconteçam naturalmente...
A Sra. Fuentes põe a mão em meu ombro.
— O bom Deus sabe que não sou a melhor mãe do mundo. Mas me preocupo com meus filhos mais do que com minha própria vida Demetria. E sou capaz de qualquer coisa para evitar que eles sofram. Vi o jeito como Joe olha para você... E isso me assusta. Não vou suportar vê-lo sofrer mais uma vez por perder alguém que ama.
Ouvir a mãe de Joe falando sobre ele dessa maneira, desperta em mim comparações inevitáveis. Queria tanto que minha mãe soubesse amar e cuidar de suas filhas desse jeito. Tento engolir a emoção que a atitude da Sra. Fuentes me provocou, mas é difícil. Suas palavras deixaram um nó do tamanho de uma bola de golfe em minha garganta. A verdade é que ultimamente me sinto alheia a quase tudo como se não fizesse parte nem mesmo da minha própria família. Meus pais esperam que eu faça e diga as coisas certas, sempre, o tempo inteiro. Fiz esse papel por toda a minha vida... Pensava que assim meus pais iriam se concentrar mais em Shelley, que certamente precisava de toda a atenção bem mais do que eu. Mas a coisa não funcionou assim. Às vezes é tão difícil. Mesmo tentando desesperadamente, a gente falha em cumprir o papel de garota “normal”. Nunca me disseram para ficar tranquila, para esquecer essa obrigação de ser perfeita o tempo inteiro. E então vem a culpa... Pensando bem, minha vida está cheia de imensas, infinitas doses de culpa. Culpa por ser normal e Shelley não. Culpa porque Shelley merece e deveria ser amada tanto quanto eu. Culpa por temer que meus próprios filhos sejam como Shelley. Culpa por me sentir constrangida quando as pessoas olham para ela em lugares públicos. Isso não vai acabar nunca. Como poderia se nasci enterrada nessa culpa até o pescoço? Para a Sra. Fuentes, família significa amor e proteção. Para mim, família significa amor — mas apenas sob determinadas condições — e culpa na mesma medida.
— Sra. Fuentes, não posso prometer que nunca magoarei Joe. Mas também não posso ficar longe dele como a senhora deseja. Eu bem que tentei... Pois quando estou com Joe me sinto arrebatada de minhas próprias trevas...
Posso sentir as lágrimas nascendo no canto dos olhos e escorrendo pelo meu rosto.
Abro caminho entre as pessoas; preciso ficar sozinha. Vejo Harry saindo de um reservado que dá para o banheiro. Passo apressada por ele e entro.
— Espere, Demetria... Eu não entraria aí se fosse você...
Não ouço mais a voz de Harry, porque acabo de entrar no reservado. Tranco a porta, enxugo as lágrimas e me olho no espelho. Meu rosto está uma lástima; o rímel escorreu e... Oh, mas o que é isso? Encosto-me à parede e vou escorregando até me sentar no chão de ladrilhos. Agora entendo o que Harry queria dizer quando nos cruzamos ali fora. Do banheiro vem um cheiro horrível... Realmente cheira mal, quase a ponto de me causar náuseas. Aperto o nariz tentando ignorar esse cheiro enquanto as palavras da Sra. Fuentes continuam a soar em meus ouvidos. Aqui estou eu, sentada no chão do banheiro, secando as lágrimas com papel-toalha e tapando o nariz...
Uma batida forte na porta interrompe minha crise de choro.
— Demetria, você está aí?
A voz de Joe chega até onde estou.
— Não.
— Por favor, saia.
— Não.
— Então, me deixe entrar.
— Não.
— Quero ensinar uma coisa pra você em Espanhol.
— O quê?
— No es grancosa.
— O que isso significa? — pergunto ainda pressionando os olhos com uma folha de papel-toalha.
— Contarei se você me deixar entrar.
Giro o trinco até ouvir um “clique”.
Joe entra:
— Significa “não é grande coisa” não foi tão grave assim... Entendeu? — Joe tranca a porta, se senta ao meu lado e me abraça com força. Eu o ouço aspirar forte algumas vezes.
— Puta merda... Harry esteve aqui?
Eu aceno afirmativamente.
Joe aspira o perfume de meus cabelos e murmura algo em Espanhol antes de perguntar:
— O que foi que minha mãe disse?
Escondo meu rosto em seu peito.
— Ela só estava sendo sincera comigo — respondo baixinho.
Uma forte batida na porta nos interrompe.
— Abre la puerta, soy Elena.
— Quem é? — pergunto.
— A noiva.
— Ei, me deixe entrar! — Elena ordena.
Joe abre a porta. Uma figura toda de branco e com dólares presos como escamas na cauda do vestido, faz sua entrada no banheiro... E fecha a porta.
— Ok, o que está acontecendo? — Também ela aspira forte, assim como fez Joe. — Harry esteve aqui?
Joe e eu acenamos afirmativamente.
— Minha nossa... O que será que esse cara come? — diz Elena, pegando um papel-toalha para tapar o nariz.
— A cerimônia foi muito bonita — eu digo por baixo do meu papel-toalha. Esta é a situação mais embaraçosa e surreal que já vivi.
Elena segura minha mão.
— Vamos sair daqui e aproveitar a festa. Minha tia pode ser durona, mas não quis ofendê-la. Acho até que no fundo ela gosta de você.
— Vou levar Demetria para casa — diz Joe no papel de meu herói... Um papel que não sei por quanto tempo vai durar.
— Não — diz Elena. E parece estar falando sério. — Você não vai levar essa menina embora.
Outra batida na porta...
— Não perturbe! — grita Elena.
— Soy Jorge...
— É o noivo — Joe me explica.
Jorge entra no banheiro. Ao contrário de nós três, parece ignorar esse cheiro mortal. Mas aspira o ar com força por várias vezes e seus olhos começam a lacrimejar.
— Venha Elena — diz Jorge tentando cobrir disfarçadamente nariz sem muito sucesso. — Os convidados estão perguntando por você.
— Você não vê que estou conversando com meu primo e sua namorada?
— Sim, mas...
Elena ergue a mão pedindo silêncio. Jorge se cala. E ela continuou tapando o nariz enquanto repete:
— Já disse que estou conversando com meu primo e a namorada... Ainda não terminei. — Apontando para mim diz: — Você, venha comigo. E você bem que podia cantar para nós Joe, junto com seus irmãos.
Joe balança a cabeça negando.
— Elena, acho que...
— Não pedi sua opinião. Só quero que você, Nick e Frankie cantem para mim e para meu marido.
Elena abre a porta e me puxa pela mão. Caminhamos pela casa e chegamos ao quintal onde ela finalmente me solta para tirar o microfone do cantor.
— Harry ! — ela diz em voz bem alta. — Sim, você mesmo! — E aponta para Harry que está conversando com algumas garotas. — Na próxima vez em que quiser descarregar alguma coisa... Vá procurar outro banheiro.
As garotas riem e se afastam, deixando Harry sozinho.
Jorge sobe no palco e tenta conter sua esposa. Ela reage. Todos caem na risada e aplaudem. A festa segue seu curso. Elena finalmente desce do palco e Joe sobe para conversar com os músicos. Seus irmãos o seguem. Aplausos e gritos encorajam os Fuentes a cantar.
Harry se aproxima de mim e diz muito tímido:
— Ei, me desculpe por aquela história do banheiro. Eu bem que tentei avisar...
— Tudo bem. Acho que Elena já castigou você mais que o suficiente. — Chego mais perto de Harry e pergunto: — Falando sério, o que você acha do meu namoro com Joe ?
— Falando sério? Você é, provavelmente, a melhor coisa que já aconteceu na vida dele.

.....................continua

Oii  galera,desculpem a demora ...
Meu Deus ...que casamento viu ...kkkkk
Mas a melhor parte na minha opinião,foi o " estrago " que Harry fez no banheiro ....kkkkk
coitada da Demi ..kkkk
E agora os Fuentes vão cantar ...!!  OMG ....
DIVULGAÇÃO :
ALEXANDRA MAGDA E VANESSA MALUKINHA
http://jamaisteesquecereijemienelena.blogspot.com.br/

COMENTEM PARA O PRÓXIMO  :)   E MUITO OBRIGADA  :)



segunda-feira, 12 de maio de 2014

capitulo 25

JOE *



Cara, a menina estava beijando você como se aquele fosse o último beijo da vida dela. Se ela beija desse jeito imagino como...
— Cale a boca Enrique.
— Ela ainda vai acabar com a sua vida Joe . Olhe só para você... Preso ontem à noite e hoje faltando ao colégio para levantar uma grana e pegar sua moto de volta. Tudo bem, reconheço que a menina é toda gostosa mas... Será que vale a pena?
— Preciso voltar ao trabalho — digo meio zonzo com a chuva de palavras sem sentido que saem da boca de Enrique.
Trabalho até o anoitecer numa Blazer, quando tudo o que queria era estar com minha gracinha de novo e de novo... Sim, ela definitivamente vale a pena.
— Joe, Hector está aqui. E Chuy veio com ele — diz Enrique às seis horas, quando já estou pronto para ir embora. Enxugo as mãos nas calças de trabalho.
— Onde eles estão?
— No meu escritório.
Um sentimento de pavor me assalta enquanto me aproximo do escritório. Abro a porta e vejo Hector em pé, no centro da sala como se fosse o dono deste lugar. Chuy está num canto com um olhar nada inocente.
— Enrique, o assunto é particular.
Eu não tinha percebido que Enrique estava atrás de mim como se quisesse me proteger... Como se eu precisasse disso! Olho para o meu primo, faço um sinal de que está tudo bem. Sou leal à Sangue. Hector não tem motivos para duvidar de mim. Mas a presença de Chuy dá outra dimensão a este encontro. Se fosse apenas Hector eu não ficaria tão nervoso.
— Joe... — diz Hector depois que Enrique se afasta. — Estamos bem melhor aqui do que num tribunal não é verdade?
Respondo com um sorriso meio fraco e fecho a porta. Hector se senta num pequeno sofá todo rasgado.
— Sente-se Joe. — Ele espera que eu me acomode e diz: — Preciso de um favor, amigo.
Não há por que adiar o inevitável.
— Que tipo de favor?
— Na noite de 31 de outubro vai chegar um carregamento e... Ou seja, em pouco mais de quarenta dias. Bem na noite de Halloween.
— Não me meto com drogas e você sabe disso — eu o interrompo.
Olho para Chuy, como faz um lançador no beisebol quando um cara se distancia muito da base.
Hector se inclina para mim e põe a mão no meu ombro:
— Você precisa superar o que aconteceu com o seu velho. Se você quer comandar a Sangue, tem que lidar com drogas.
— Então não conte comigo.
A mão de Hector se fecha sobre meu ombro e Chuy dá um passo à frente: uma ameaça silenciosa.
— Bem que eu queria que fosse assim tão simples — diz Hector — Mas preciso que você faça isso por mim. E falando francamente, você me deve uma.
Merda. Se eu não tivesse sido preso não teria essa dívida com Hector.
— Sei que você não vai me decepcionar. — E então comenta como se por acaso. — Já faz algum tempo que não vejo sua mãe. Como vai ela?
— Está bem... — eu respondo, me perguntando o que mi mamá tem a ver com essa conversa.
— Diga a ela que mandei lembranças... Não se esqueça.
Que diabos isso significa?
Hector abre a porta, faz um sinal a Chuy e os dois saem... me deixando totalmente confuso.
Eu me recosto no sofá olhando para a porta fechada e me perguntando se serei capaz de encarar esse negócio das drogas. Se for para manter minha família a salvo não há o que pensar: minha escolha já está feita.

DEMI *



Não consigo acreditar que você rompeu com Zac. — Selena está sentada em minha cama pintando as unhas depois do jantar. — Espero que não se arrependa dessa decisão, Demi. Vocês ficaram juntos por tanto tempo... Achei que você amasse Zac. Ele está arrasado sabe? Ligou para Justin chorando.
Eu me levanto:
— Quero ser feliz. E com o Zac isso não estava acontecendo. Ele confessou que me traiu com uma garota que conheceu durante o verão. Zac fez sexo com ela Selena.
— Como? Não posso acreditar nisso!
— Pois acredite. Nosso namoro já estava praticamente acabado quando Zac saiu de férias. Só que eu levei algum tempo para entender isso.
— E então o Joe apareceu... Zac acha que vocês estão fazendo algo mais nas aulas de Química além das experiências da Sra. Peterson.
— Não — eu minto. Apesar de Selena ser minha melhor amiga, ela acredita que a linha que separa as classes sociais é muito bem definida. Gostaria de contar a verdade, mas não posso. Não neste momento.
Um pouco irritada, ela fecha o vidro de esmalte:
— Demi, sou sua melhor amiga quer você acredite ou não. E você está mentindo para mim. Admita isso.
— O que você quer que eu diga? — pergunto.
— Tente dizer a verdade... Nossa, Demi. Entendo que você não queira que Tiffany saiba de tudo isso porque do jeito que ela é desequilibrada é bem capaz de aprontar alguma... E posso entender também que você não queira compartilhar seus problemas com as outras meninas da torcida. Mas eu estou aqui. Eu, sua melhor amiga! Sou a única que sabe sobre Shelley, a única que já viu sua mãe sair do sério. — Selena pega sua bolsa.
Não quero que ela fique zangada comigo... Mas também não posso revelar o que vem acontecendo ultimamente entre Joe e eu.
— E se você quiser contar a Justin ? — eu digo. — Não quero colocá-la numa situação constrangedora em que você se sinta obrigada a mentir para ele.
Selena me olha com um sarcasmo que conheço bem pois costuma usá-lo o tempo inteiro.
— Vá se danar, Demi. Obrigada pela confirmação de que minha melhor amiga não confia em mim. — Antes de sair do meu quarto se vira e diz: — Sabe que existem pessoas com audição seletiva... Que só ouvem o que querem ouvir? Pois é... Você tem uma coisa que eu chamaria de “exposição seletiva”. Ou seja: você só se expõe para quem quer e do jeito que bem entende... Hoje vi você conversando com Miley Avila no corredor. Se eu não conhecesse você tão bem, diria que estava compartilhando segredos com ela. — Selena ergue ambas as mãos. — Ok, admito que senti ciúmes porque minha melhor amiga estava trocando confidências com outra pessoa e não comigo. Mas de qualquer modo quando você entender que desejo apenas a sua felicidade... me ligue.
Ela está certa. Mas essa coisa com Joe é tão nova que me sinto vulnerável... Miley é a única pessoa que conhece nós dois; por isso fui falar com ela.
— Selena, você é minha melhor amiga. E sabe disso muito bem — digo esperando que ela acredite. No momento não estou podendo me abrir... Mas isso não nega o fato de que Selena é, e continua sendo a amiga mais próxima que tenho.
— Então comece a agir como se isso fosse verdade — ela responde antes de sair.
.............................
Enxugo uma gota de suor que escorre lentamente por minha frente enquanto dirijo. Estou a caminho da oficina de Enrique para me encontrar com Joe. De lá, seguiremos para o casamento.
Estou usando um vestido leve, cor de creme, com alcinhas coloridas. Meus pais estarão em casa quando eu voltar. Então, resolvi trazer uma bolsa de mão com umas peças de roupa. Assim quando eu chegar em casa minha mãe verá a Demetria que ela espera ver: a filha perfeita. Pouco importa que seja uma fachada, desde que isso a deixe feliz. Talvez Selena tenha razão quanto àquela história de “exposição seletiva”...
Dobro uma esquina. Estou quase chegando à oficina quando vejo Joe encostado à moto esperando por mim no estacionamento. Minha pulsação dispara. Nossa! Estou em pânico.
Onde será que foi parar aquele eterno lenço vermelho e preto?  Os jeans e a camiseta T-shirt foram substituídos por uma calça discreta e uma camisa de seda preta. Joe parece um jovem e atrevido demônio mexicano. Não consigo deixar de sorrir enquanto estaciono perto dele.
— Menina, você está com cara de quem andou pensando em alguma coisa proibida.
Andei... E estou... Digo a mim mesma enquanto saio do carro...... Pensando em você.
— Dios mio... Você está linda.
Dou uma volta.
— Este vestido... cai bem?
— Venha cá — diz Joe me puxando para junto dele. — Vamos esquecer o casamento. Quero você inteira só para mim.
— De jeito nenhum — respondo acariciando lentamente o queixo de Joe com a ponta dos dedos.
— Você é uma tentação.
Adoro esse lado brincalhão de Joe que me faz esquecer os outros demônios, a incerteza e o medo.
— Vim para assistir a um casamento latino e é isso que vamos ter — digo.
— E eu pensando que você veio para ficar comigo...
— Você tem um ego enorme Fuentes.
— Não só o ego... — Ele me faz encostar no carro; seu hálito me aquece o pescoço mais do que o sol da manhã. Fechos os olhos e espero sentir seus lábios nos meus... Em vez disso ouço a voz: — Escute, me dê suas chaves. — Ele me abraça e tira o chaveiro da minha mão.
— Você não vai jogar minhas chaves no mato... Vai?
— Não me tente...
Joe abre meu carro e ocupa o lugar do motorista.
— Não me convida para entrar? — pergunto confusa.
— Não. Vou guardar seu carro na oficina para que não seja depredado ou roubado. Este é um encontro oficial. Eu dirijo
Aponto para sua moto:
— Não pense que vou andar nessa coisa.
Ele ergue a sobrancelha ligeiramente
— Por que não? Julio não é suficientemente bom para você?
— Julio? Você chama sua motocicleta de Julio?
— Em homenagem a meu tio-avô que ajudou meus pais a se mudarem do México para cá.
— Não é isso... Eu gosto de sua moto. Só não quero andar nela com este vestido tão curto. A menos que você queira que todos atrás de nós, vejam minha calcinha...
Joe coça o queixo pensativo
— Seria um colírio para os olhos da moçada...
Cruzo os braços sobre o peito.
— Estou brincando — diz Joe. — Vamos no carro do meu primo.
Entramos num Camry preto, estacionado do outro lado da rua. Depois de dirigir por alguns minutos, Joe pega um cigarro de um maço que está sobre o painel. O “clique” do isqueiro me arrepia.
— O que foi? — ele diz com o cigarro aceso nos lábios.
Bem, ele pode fuma se quiser. Este encontro é oficial... Mas o nosso namoro não.
— Nada — eu respondo meneando a cabeça.
Joe dá uma tragada e solta a fumaça... Uma fumaça que me queima as narinas mais que o perfume da minha mãe. Desço o vidro ao meu lado e tento controlar a vontade de tossir.
Paramos num semáforo e Joe olha para mim:
— Se você tem alguma coisa contra cigarros, fale de uma vez.
— Sim, tenho problemas com isso.
— E por que não me disse simplesmente? — Joe apaga o cigarro no cinzeiro do carro.
— Não consigo acreditar que você goste disso — digo quando o semáforo abre.
— O cigarro me faz relaxar.
— Por quê? Estou deixando você nervoso?
Os olhos de Joe fogem dos meus e se fixam nos meus seios... Depois descem até minhas coxas que o vestido curto deixa parcialmente expostas:
— Com esse vestido, sim...


.................continua..........

Desculpem a demora ..............
Hj não to muito boa n gente ....então n vou escrever nd aq n ....to meio mal .. :(
Só peço q comentem sim !!!!!!
Desculpem ....bjss


quinta-feira, 8 de maio de 2014

capitulo 24

JOE *



Hoje depois da aula Demetria foi atrás do Cara de Burro. Antes de sair, vi os dois juntos numa conversa íntima no pátio dos fundos. Então quer dizer que ela escolheu ficar com ele e não comigo. E isso não deveria me surpreender. Na aula de Química quando Demetria me perguntou o que eu queria que ela fizesse, eu deveria ter respondido: “Dispense aquele cretino.” E agora eu estaria feliz em vez de furioso.
Joseph você é um imbecil. Ele não merece Demetria. Ok, eu também não.
Depois da escola, vim até o velho armazém para ver se conseguia alguma informação sobre meu pai. Mas foi inútil... Os caras que conheceram mi papá na época não têm muito a dizer, exceto que ele falava dos filhos o tempo inteiro. A conversa acabou quando os caras da Satin Hood abriram fogo contra o armazém... Eles estão lá fora. Querem uma revanche e não vão sossegar enquanto não descarregarem a raiva e suas armas contra nós. Não sei avaliar se é uma vantagem ou não o fato deste armazém ficar num local tão isolado atrás da velha estação de trens. Ninguém sabe que estamos aqui, nem mesmo os tiras... Especialmente os tiras. Estou acostumado a esse pipocar de tiros. Pop! Pop! Pop Aqui no armazém ou no velho parque, dá no mesmo... Faz parte. Algumas ruas são mais seguras que outras mas os inimigos sabem que este armazém é nosso reduto sagrado. Sabem também que vamos dar o troco.
É a lei daqui. Vocês desrespeitam nosso reduto nós desrespeitamos o seu. Desta vez ninguém se feriu. Então não será uma represália por morte... Mas vai haver sim. Eles nos esperam. E não vamos desapontar os caras. Neste meu lado da cidade, o ciclo da vida é diretamente ligado ao ciclo da violência.
Depois que tudo se resolve, tomo o longo caminho de volta para casa. De repente me pego passando em frente à casa de Demetria... Não consegui evitar. Depois sigo adiante.
Assim que cruzo a linha férrea, a polícia me manda encostar no meio-fio. Dois caras uniformizados saem da viatura. Não explicam nem mesmo por que me pararam. Um deles me manda descer da moto e pede minha carteira de habilitação. Eu entrego.
— Por que me mandaram parar?
O cara olha minha carteira por todos os lados e diz:
— Você pode fazer perguntas, mas só depois que eu fizer as minhas. Está portando drogas Joseph ?
— Não senhor.
— Armas? — pergunta o outro.
Hesito por um instante antes de responder a verdade:
— Sim.
Um dos tiras saca a arma do coldre e aponta para o meu peito. O outro me diz para erguer as mãos e então me manda deitar no chão enquanto chama reforços. Porra. Estou preso.
— Que tipo de arma? Seja específico.
Estremeço antes de dizer:
— Uma Glock nove milímetros. - Felizmente já devolvi a Beretta para Wil. Se não seria pego com duas armas. Minha resposta deixa o tira um pouco nervoso e seu dedo treme no gatilho.
— Onde está a arma?
— Na minha perna esquerda.
— Não se mexa. Vou desarmá-lo. Se você ficar quieto não sofrerá danos. — E ele pega minha arma.
O segundo tira calçando luvas de borracha me pergunta:
— Você tomou alguma droga injetável Joseph ? — Sua voz autoritária deixaria a Sra. Peterson orgulhosa.
— Não senhor — eu respondo.
Pressionando minhas costas com o joelho, ele me põe as algemas.
— Levante-se — ordena. Em seguida, afasta meus pés um do outro me fazendo deitar sobre o capô da viatura.
Eu me sinto humilhado enquanto o cara me revista. Que merda, mesmo sabendo que a prisão é inevitável não me sinto preparado para ela. O tira me mostra a Glock nove milímetros:
— Digamos que foi por isso que mandamos você parar.
— Joseph Fuentes, você tem o direito de permanecer calado — um deles recita. — Qualquer coisa que disser poderá e será usado contra você no tribunal...
A cela provisória cheira a urina e fumo. Ou talvez sejam os caras trancados comigo nesta gaiola. De qualquer modo, mal posso esperar para cair fora daqui. Quem chamarei para pagar a fiança? Harry nunca tem dinheiro. Enrique pôs tudo o que tinha na oficina. Minha mãe me mataria se soubesse que fui preso. Pensativo eu me encosto nas barras da cela, embora seja quase impossível raciocinar neste lugar nojento.
A polícia chama isso de “cela provisória”, mas este é só um jeito mais sofisticado de dizer “gaiola”. Gracias a Dios esta é minha primeira passagem por aqui... E rezo para que seja a última. ¡Lo juro!
Esse pensamento é perturbador. Afinal eu sempre soube que estava me sacrificando por meus irmãos... Então por que me importaria de ficar preso até o fim dos meus dias se fosse para proteger aqueles dois?
Porque no fundo, eu não quero essa vida. Quero que minha mãe se orgulhe de mim, quero ser algo mais do que um membro de gangue. Quero um futuro para me orgulhar dele. E quero desesperadamente, que Demetria me ache um cara legal....Bato a cabeça contra as barras metálicas da cela mas não consigo afastar esses pensamentos.
— Vi você lá no Colégio Fairfield — diz um cara branco, baixo, que deve ter mais ou menos a minha idade. — Também sou aluno de lá.
O idiota está usando uma camisa de golfe vermelho-coral e calças brancas, como se tivesse acabado de chegar de um torneio. O branquelo tenta parecer legal, mas com essa camisa vermelha... Cara, parecer legal não vai resolver seus problemas neste ambiente pesado. É como se estivesse escrito em sua testa: “sou mais um daqueles rapazes ricos da zona norte”.
— Por que você foi preso? — O branquelo pergunta com a maior simplicidade como se esta fosse uma conversa comum num dia qualquer entre duas pessoas que se conhecem.
— Porte e ocultação de arma.
— Faca ou revólver?
Eu fuzilo o cara com os olhos:
— Isso importa porra?
— Estou só tentando conversar — diz o branquelo.
Será que todos os brancos fazem isso... Ficam falando, falando, só para ouvir o som da própria voz?
— Em que você se meteu? — pergunto.
O branquelo suspira:
— Meu pai chamou os tiras e contou a eles que roubei seu carro.
Eu me espanto:
— O seu próprio velho mandou você para este buraco infernal? E de propósito?
— Ele quis me dar uma lição.
— Sei! — eu digo. — A lição é que seu velho é um cretino.
E é mesmo. Em vez de fazer uma besteira dessas, o pai desse cara devia ensinar a ele como se vestir.
— Minha mãe virá me soltar.
— Tem certeza?
O branquelo se apruma:
— Ela é advogada... E meu pai já fez isso antes. No fundo ele só quer provocar minha mãe, ganhar um pouco de atenção dela. Eles são divorciados sabe?
Eu balanço a cabeça. Essa gente branca...
— É verdade — diz o branquelo.
— Tenho certeza que sim.
— Fuentes, pode dar seu telefonema agora — rosna o tira do lado de fora da cela.
Mierda... Com todo esse falatório do branquelo ainda não decidi quem vou chamar para me tirar daqui. Isso me perturba tanto quanto aquele grande “F” vermelho na prova de Química. Só existe uma pessoa com dinheiro e recursos para me tirar dessa encrenca: Hector. O cabeça da Sangue Latino.
Nunca pedi um favor a Hector. Porque nunca se sabe quando ele vai cobrar... Nem o que vai querer em troca. Ter uma dívida com Hector não é coisa que se pague com dinheiro.
Mas existem ocasiões na vida, em que todas as opções são indesejáveis. É escolher uma e aguentar as consequências. Três horas mais tarde, um juiz estipula minha fiança depois de um longo sermão que quase me estoura os tímpanos. Hector vem me buscar. Ele é um homem vigoroso, com cabelos lisos mais escuros que os meus penteados para trás. Basta um olhar para Hector... E a gente já vê que ele é um durão. O cara não conta história... faz.
Tenho respeito por Hector... E um certo temor. Foi ele que me iniciou na Sangue Latino. Meu pai e Hector cresceram na mesma cidade e se conheceram quando crianças. Ele ficou de olho em mim e na minha família depois que meu pai morreu. E me ensinou o significado de expressões novas como “legado” “segunda geração” e outras coisas mais. Nunca me esquecerei disso.
Hector me dá um tapinha nas costas enquanto caminhamos pelo estacionamento.
— Você pegou o Juiz Garret... O filho da puta é durão. Sorte sua que a fiança não foi maior...
Eu concordo. Não desejo nada além de ir para casa. Quando já estamos longe do tribunal, digo:
— Vou pagar minha dívida com você Hector.
— Não se preocupe com isso cara — diz Hector. — Irmãos têm que se ajudar. Para ser franco, estou surpreso por saber que essa foi sua primeira prisão. Você é o cara mais limpo da Sangue. Mais do que todos os outros.
Olho pela janela do carro de Hector; as ruas estão calmas e escuras como o Lago Michigan.
— Você é um garoto esperto. E tem potencial suficiente para subir de posto na Sangue — diz Hector.
Brigar e até arriscar a vida por alguns caras da Sangue, eu topo mas... ser promovido?
Vender drogas e armas são algumas das transações ilegais que estão em alta na gangue. Mas gosto de estar onde estou, surfando a onda perigosa sem mergulhar de cabeça na água.Se bem que eu devia ficar feliz por Hector pensar em me promover...
Demetria, e tudo o que ela representa, é pura fantasia.
— Pense nisso — diz Hector parando em frente à minha casa.
— Vou pensar. Obrigado por pagar minha fiança cara — eu digo.
— Olhe, fique com esta... — Hector tira uma pistola de baixo do banco. — A polícia tomou a sua.
Eu vacilo, recordando o momento em que o tira me perguntou se eu estava armado.
Dios mío... Foi humilhante ter uma arma apontada para a minha cabeça, enquanto os tiras pegavam a Glock. Mas recusar a arma de Hector é desacato... E eu nunca desacato Hector. Pego a Glock e ponho na cintura.
— Ouvi dizer que você andou fazendo perguntas sobre seu papá. Meu conselho é que você esqueça esse assunto Joe.
— Não posso. Você sabe disso.
— Bem, se você descobrir alguma coisa, me conte. Estou sempre aí segurando a retaguarda.
— Eu sei. Obrigado cara.
A casa está em silêncio. Caminho até meu quarto onde meus irmãos estão dormindo. Abrindo minha gaveta, a primeira da cômoda, escondo a arma sob o tampo de madeira onde ninguém poderá encontrá-la, nem mesmo por acaso. É um truque que Harry me ensinou.
Deito em minha cama e cubro os olhos com o braço. Tomara que eu consiga dormir.
O dia de ontem passa diante de meus olhos como num filme. A imagem de Demetria, seus lábios nos meus, sua respiração suave se misturando com a minha: este é o único quadro que permanece em minha mente. E eu me deixo levar... E seu rosto de anjo é a única imagem capaz de mandar para longe desse pesadelo que é o meu passado.

DEMI *



Boatos correm furiosamente por Fairfield.
Dizem que Joe foi preso. Preciso descobrir se isso é verdade.
Vejo Miley no intervalo entre as aulas conversando com suas amigas. Quando vê que estou por perto, ela se afasta das outras e me puxa para um lado. Então me conta que Joe foi preso ontem, mas já saiu sob fiança. Não tem ideia de onde ele esteja, mas vai tentar descobrir. Ficamos de nos encontrar entre o terceiro e quarto períodos perto do meu armário.
Corro até lá na hora combinada morrendo de ansiedade. Miley está à minha espera.
— Não conte a ninguém que lhe dei isto. — Ela me entrega uma folha de papel dobrada.
Fingindo olhar dentro do armário, abro a folha que traz um endereço escrito. Nunca, em toda minha vida, matei uma aula. Mas também, Joe nunca esteve preso antes.
É nisso que dá ser verdadeira... Verdadeira comigo mesma. E agora vou ser verdadeira com Joe, tal como ele sempre quis. É assustador e não sei se estou fazendo a coisa certa. Mas não posso ignorar essa atração que Joe exerce sobre mim.
Pesquiso o endereço no meu GPS... Que me leva à zona sul, num lugar chamado Enrique’s Auto Body.
Um rapaz está em pé junto à porta... E fica de queixo caído ao me ver.
— Estou procurando por Joe Fuentes.
Ele não responde.
— Joe está aqui? — insisto meio sem jeito. Talvez esse rapaz não fale Inglês.
— O que você quer com Joseph ? — o rapaz finalmente pergunta.
Meu coração está tão acelerado, que posso ver minha blusa se movendo a cada batida.
— Preciso falar com ele.
— Deixe o Joseph em paz — diz o sujeito. — Será melhor para ele.
— Está bien Enrique — diz uma voz familiar.
Eu me viro e vejo Joe apoiado ao batente da porta com um pano pendurado no bolso e uma chave inglesa na mão. Com essa mecha de cabelos negros escapando do lenço, ele parece mais viril do que qualquer outro cara que já vi... Tenho vontade de abraçá-lo, de dizer que está tudo bem, que ele não vai ser preso de novo. Joe mantém os olhos fixos nos meus.
— Vou deixar vocês sozinhos.
Acho que foi isso que Enrique disse. Mas estou concentrada demais em Joe para ouvir direito.
Meus pés parecem colados no chão. Não consigo me mover. Ainda bem que Joe chega mais perto de mim...
— Hum... — eu começo. Oh por favor, tenho de conseguir levar isso adiante. — Ouvi falar que você foi preso. E vim para ver se você está bem.
— Você matou aula, só para ver se estou bem?
Respondo sim com um aceno de cabeça, porque minha língua não me obedece.
Joe recua um passo.
— Então... Agora que você já conferiu, já sabe que estou bem, volte para o colégio. Tenho trabalho a fazer sabe. Minha moto foi apreendida ontem à noite. Preciso levantar algum dinheiro para ir buscá-la.
— Espere! — Eu quase grito. E respiro fundo. É isso. Vou me abrir, falar tudo de uma vez: — Não sei quando comecei a me apaixonar por você Joe, nem por quê. Mas eu me apaixonei... Desde aquele primeiro dia de aula quando quase bati na sua moto, não consegui parar de pensar em como seriam as coisas se ficássemos juntos. E aquele beijo... Nossa, juro que nunca experimentei nada parecido em toda a minha vida. Nada mesmo. Se o sistema solar não perdeu o alinhamento naquele instante, então não vai perder nunca mais. Sei que tudo isso é uma loucura porque somos tão diferentes. Portanto se alguma coisa acontecer entre nós, não quero que o pessoal do colégio fique sabendo. Não sei se você vai querer um relacionamento secreto comigo. Mas de qualquer forma, preciso saber se isso é possível. Terminei meu namoro com Zac sabe? Era um relacionamento por assim dizer, público. Agora quero algo diferente. Algo mais... particular... entende? Quero dizer, íntimo e verdadeiro. Sei que estou tagarelando como uma idiota, mas se você não disser alguma coisa, ou se não me der uma pista do que está pensando, então eu...
— Diga isso de novo — ele pede.
— Repetir... tudo? — Sei que falei algo sobre o sistema solar, mas não estou com cabeça para recitar o discurso inteiro novamente.
Joe chega mais perto.
— Não... Aquela parte sobre ter se apaixonado por mim. — Meus olhos não conseguem se desprender dos dele.
— Eu penso em você o tempo inteiro Joe. E de verdade, de verdade mesmo, quero beijar você de novo.
Os lábios de Joe se curvam num sorriso. E eu olho para o chão.
— Não ria de mim. — Posso aguentar qualquer coisa, menos isso.
— Não tire os olhos dos meus gracinha. Eu não vou rir de você.
— Eu não queria gostar de você — digo voltando a olhar para ele.
— Eu sei.
— Provavelmente isso não vai dar certo — eu digo.
— Provavelmente não.
— Minha vida em casa não é nada perfeita.
— A minha também não — ele diz. — Nesse ponto somos iguais.
— Quero muito descobrir o que é isso que está acontecendo com a gente... E você?
— Se não estivéssemos aqui fora... — diz Joe — eu mostraria...
Não deixo que ele termine a frase. Agarro seus cabelos perto da nuca e puxo essa cabeça linda para mais perto de mim. Já que não temos privacidade neste lugar, vou exercer minha vontade e meu direito de ser verdadeira. Além do mais, as pessoas que não podem saber do nosso segredo estão no colégio... Ou seja: bem longe daqui.
Joe solta as mãos ao longo do corpo. Mas quando abro meus lábios, ele geme baixinho... E a chave inglesa cai no chão com um baque bastante alto. As mãos fortes de Joe me envolvem... E eu me sinto protegida. Sua língua de veludo encontra a minha, provocando uma sensação desconhecida, uma sensação que cala fundo em todo meu corpo, como se nossas línguas se fundissem em uma só. Isso é mais que fazer sexo, isso é... Bem, ao menos eu penso que significa muito mais.
As mãos de Joe não param; uma me acaricia as costas em círculos, enquanto a outra brinca nos meus cabelos. Mas Joe não é o único a agir assim... Minhas mãos também estão passeando por ele, sentindo seus músculos firmes que reagem a cada toque, aumentando minha consciência sobre seu corpo... Toco seu queixo e sinto a aspereza da barba por fazer.
Enrique pigarreia alto. E nós nos separamos. Joe me olha com intensa paixão.
— Preciso voltar ao trabalho — ele diz com a respiração acelerada.
— Oh. Claro. — De repente me sinto embaraçada por nossa Demonstração Pública de Afeto... e recuo um passo.
— Podemos nos ver mais tarde? — ele pergunta.
— Minha amiga Selena vai jantar lá em casa.
— Aquela que estava com você no estacionamento do colégio?
— Hum... sim. — Preciso mudar de assunto, para não me sentir tentada a convidar Joe para jantar. Seria uma cena e tanto assistir a minha mãe se acabando de desgosto ao ver suas tatuagens.
— Minha prima Elena, vai se casar no domingo. Quer ir comigo ao casamento? — ele propõe.
Baixando os olhos respondo:
— Não posso deixar que meus amigos saibam sobre nós... Nem meus pais.
— Não vou contar a eles.
— Mas as pessoas no casamento... Elas vão nos ver juntos.
— Ninguém do colégio estará lá... Só minha família, e posso garantir que todos ficarão de boca fechada.
Não posso. Mentir, ficar me esquivando pelos cantos... Essas coisas nunca foram o meu forte. Afasto Joe de mim:
— Escute, eu não consigo pensar com você assim tão perto.
— Tudo bem. Mas vamos falar do casamento...
Deus, só de olhar para ele já tenho vontade de ir.
— A que horas?
— Meio-dia. Será uma experiência inesquecível, pode acreditar. Pegarei você às onze.
— Eu ainda não disse sim.
— Ah, mas estava quase dizendo — ele responde com sua voz grave e muito suave.
— Bem... Por que não nos encontramos aqui às onze? — eu sugiro apontando a porta da oficina. Se minha mãe descobrir sobre nós, será o fim do mundo.
Ele ergue meu queixo para que eu o olhe de frente, e diz:
— E por que você não tem medo de estar comigo?
— Medo!? Estou apavorada! — Meu olhar percorre as tatuagens nos braços de Joe.
— Não posso fingir que minha vida é toda certinha e dentro dos padrões. — Ele ergue a minha mão encostando sua palma contra a minha. Será que está comparando a cor de sua pele e a minha... Ou seus dedos calejados e os meus de pontas finas e unhas delicadas? — De certa forma, somos tão opostos — ele conclui. Entrelaço meus dedos aos dele:
— Sim, mas “de certa forma”, também somos bastante parecidos. - Minhas palavras fazem Joe sorrir. E então Enrique pigarreia novamente.
— Estarei aqui às onze, no domingo — eu digo.
Joe se afasta, acena e pisca um olho para mim:
— E dessa vez, será um encontro de verdade.


............continua.....

NOSSA ....JOE PRESO ..FIANÇA PAGA  ...POR HECTOR ...GUARDEM ESSE NOME ...ESSE CARA NÃO É FLOR Q SE CHEIRE !!!   E O PIOR,JOE AGORA ESTÁ DEVENDO UMA PRA ELE.
MAS ...MUDANDO DE ASSUNTO   ........
JEMI,JEMI,JEMI,JEMI ... *--*  :)
QUE COISA MAIS LINDA NEH  ?!!  FINALMENTE A DEMI SE DECLAROU PARA O JOE !!
ESSA FESTA DE CASAMENTO VAI DÁ O QUE FALAR ...!!!  VCS VÃO VER KKKK  ....
DIVULGAÇÃO :
BLOG DA HELOISA_JEMI   :  P.S. EU TE AMO   http://fanficsjemi2.blogspot.com.br/
ENTÃO É ISSO ...  :)
MUITO OBRIGADA ...E COMENTEM SIM  *--*
                                             BEIJOSSSSSSSSS