domingo, 15 de junho de 2014

capitulo 33

JOE *



Sim — Ela responde. — E você...? Já pensou em fazer amor comigo?
Passei muitas noites acordado, imaginando como seria dormir com Demetria... Amar Demetria.
— Neste exato momento muñeca, não penso em mais nada a não ser em fazer amor com você. — Consulto o relógio. Preciso sair logo. Os traficantes não ligam a mínima para a minha vida pessoal. Não posso me atrasar... Mas quero Demetria desesperadamente. — Seu casaco será o próximo... Tem certeza de que quer continuar? — Tiro minha outra meia. Estou quase nu, exceto por meu jeans e cueca.
— Quero sim. — Ela abre um largo sorriso e seus belos lábios rosados brilham à luz da oficina. — Apague as luzes antes que... Bem... Antes que eu tire o casaco.
Obedeço e fico observando enquanto ela se levanta e começa a desabotoar o casaco diante do aquecedor. Seus dedos tremem.
Estou em transe, estou em êxtase, ainda mais quando ela me encara com aqueles olhos  brilhando de desejo.
Demetria abre lentamente o casaco. Meus olhos estão vidrados na beleza que até então ele escondia. Demetria se aproxima de mim... Mas tropeça no sapato que tirei há pouco. Eu a seguro a tempo, faço com que se deite sobre a manta... E me inclino sobre ela.
— Obrigada por não me deixar cair — ela agradece ofegante.
Afasto uma mecha de cabelos de seu rosto e me deito a seu lado.
Demetria me envolve com seus braços. Tudo o que desejo neste momento, é proteger essa menina pelo resto de minha vida. Abro totalmente seu casaco, me afasto um pouco para contemplar essa beleza... E deparo com um sutiã pink rendado. Nada mais.
— Como um anjo... — digo baixinho.
— Nosso jogo acabou? — ela pergunta tensa.
— Definitivamente querida... Pois o que vamos fazer agora não é mesmo um jogo.
Seus dedos de unhas perfeitas, tocam meu peito. Será que Demetria sente as batidas do meu coração?
— Eu trouxe preservativos — ela diz.
Se eu soubesse! Se tivesse noção de que esta noite seria “a noite”... Viria mais preparado. Sinceramente, acho que nunca pensei que este momento com Demetria pudesse se tornar realidade. Ela mexe no bolso do casaco... E vários preservativos se espalham sobre a manta.
— Você está pensando em passar a noite fazendo amor?
Constrangida, ela esconde o rosto entre as mãos.
— Eu apenas... comprei... um monte.
Afasto as mãos de Demetria e encosto minha testa à dela.
— Não fique assim... Eu estava só brincando.
Ajudo-a a tirar de uma vez o casaco fazendo-o deslizar por seus ombros.
Vai ser horrível deixar Demetria sozinha nesta noite. Gostaria de fazer amor com ela até o amanhecer. Mas essas coisas só acontecem nos romances e nos contos de fadas.
— Você... não vai... tirar o jeans? — ela pergunta.
— Daqui a pouco. — Gostaria de mandar no tempo e fazer com que esse momento durasse para sempre. É como passar pelo paraíso, sabendo que a próxima estação será o inferno. Lentamente vou desenhando com beijos a linha do pescoço e os ombros de Demetria.
— Sou virgem Joe. E se eu fizer tudo errado?
— Não há como errar. Isto não é uma prova  na aula da Peterson. Isto é entre você e eu. Neste momento o resto do mundo não conta, ok?
— Ok — ela responde suavemente. Seus olhos parecem cintilar. Será que ela está chorando?
— Eu não mereço você. E você sabe disso querida...
— Quando será que você vai entender que é um bom sujeito? — Como não respondo, ela puxa meu rosto para junto do seu e diz  baixinho: — Nesta noite meu corpo é seu... Você quer?
— Quero... E como quero! — Continuamos nos acariciando; tiro meu jeans e a cueca. Abraço Demetria com força, fascinado com a suavidade e o calor de seu corpo junto ao meu. — Você está com medo? — pergunto ao seu ouvido... Ela está pronta, eu estou pronto e já não posso esperar mais.
— Um pouco, mas confio em você.
— Relaxe  minha linda.
— Estou tentando.
— Se você não relaxar, não vai dar certo... — Eu me afasto e alcanço um preservativo com as mãos trêmulas. — Você tem certeza de que...
— Sim, sim tenho. Eu amo você Joe. Amo você — ela repete, agora quase em tom de desespero.
Deixo que suas palavras calem fundo em meu corpo e minha alma... Tento me controlar para não ir muito fundo. Não quero machucá-la.
Mas o que estou pensando? A quem estou tentando enganar? A primeira vez de uma garota é sempre dolorosa, mesmo que o cara seja cuidadoso e delicado.
Tenho vontade de contar a Demetria o que estou sentindo... De dizer que ela se tornou o centro da minha vida. Mas não posso. As palavras não veem.
— Venha Joe — ela diz, percebendo minha hesitação. — Faça isso...
Faço... Mas quando Demetria  prende a respiração, sinto uma vontade louca de aliviar seu sofrimento, de mandar a dor para bem longe.
Uma lágrima escorre por sua face de anjo... Ver Demetria assim, emocionada, é minha perdição.
Pela primeira vez desde que meu pai morreu, sinto uma lágrima brotando no canto do olho e me escorrendo pela face. Uma lágrima que Demetria sorve com um beijo segurando meu rosto entre as mãos.
Preciso tornar este momento perfeito. Pois talvez eu nunca mais tenha outra chance de estar com Demetria. Ela precisa saber o quanto isso pode ser bom...
Concentro-me inteiramente nela, ansioso para fazer deste momento algo muito além de especial. Depois de tudo, eu a puxo para bem perto de mim. Ela se aconchega em meu corpo enquanto acaricio seus cabelos. Estamos ambos contentes por desfrutar do nosso mundo pelo maior tempo possível.
Mal posso acreditar que ela me entregou seu corpo. Eu deveria me sentir vitorioso. Mas em vez disso, me sinto péssimo. Será impossível proteger Demetria pelo resto de sua vida, de todos os caras que quiserem ficar com ela, ou vê-la como só eu a vi. Tocá-la como eu toquei. Cara, eu não vou deixar essa menina ir embora. Mas é tarde. Não posso mais perder tempo. Afinal, ela não será minha para sempre... E nem posso fingir que será.
— Você está bem? — eu pergunto.
— Sim. Muito bem.
— Escute, eu realmente preciso ir — digo lançando um olhar ao relógio digital fixado de um jeito meio torto sobre um carrinho de ferramentas.
Demetria apoia o rosto no meu peito.
— Você vai sair da Sangue não é?
Meu corpo enrijece inteiro.
— Não — respondo com a voz carregada de angústia.
Porra, por que ela me perguntou isso?
— Mas agora tudo mudou Joe. Nós fizemos amor.
— O que nós fizemos foi lindo. Foi magnífico. Mas isso não muda nada.
Ela se levanta, recolhe suas roupas e começa a se vestir.
— Então sou apenas mais uma garota  na sua lista?
— Não fale assim.
— Por que não, se esta é a verdade?
— Não.
— Então prove Joe.
— Não posso.
Gostaria de responder de um modo diferente. Mas Demetria precisa saber que será sempre assim, que daqui por diante terei de deixá-la muitas vezes para cumprir meus compromissos com a Sangue. Esta garota branca que me ama de corpo e alma, com todo seu coração, com tanta intensidade, é como uma droga perigosa que vicia. Ela merece o melhor.
— Sinto muito — digo, depois de vestir o jeans. O que mais posso dizer?
Demetria desvia os olhos e caminha até a porta da oficina. Seus movimentos são mecânicos, tensos, como se ela fosse um robô. O som de pneus cantando no asfalto me põe em alerta. Alguém está vindo para cá... Lucky, em seu RX-7. Hum... Isso não é nada bom.
— Entre em seu carro — eu ordeno a Demetria.
Mas é tarde. O RX-7 de Lucky está lotado de caras da Sangue que conversam aos gritos e fazem muito barulho. O carro para bem diante de nós.
— Não posso acreditar! — grita Lucky  pela janela. —Você ganhou a aposta! ¡Ganaste la apuesta!
Tento esconder Demetria atrás de mim  mas é inútil... A essa altura, os caras já estão de olho em suas pernas esguias que o casaco não cobre totalmente.
— O que ele está dizendo? — Demetria pergunta.
Tenho vontade de dar meu jeans a ela, para cobrir essas pernas tão lindas.
Se Demetria souber da aposta, pensará que foi por isso que fiz amor com ela. Preciso tirá-la daqui  e rápido.
— Nada — eu respondo. — Ele só está falando besteiras. Agora entre no carro. Depressa!
Escuto a porta do RX-7 de Lucky se abrindo com um rangido, ao mesmo tempo em que Demetria abre a porta do seu carro.
— Não fique zangado com Harry — ela diz, acomodando-se no banco.
— Zangado por quê?
— Vá — eu ordeno, sem tempo de perguntar o que ela queria dizer com isso. — Depois a gente conversa.
Demetria aciona o motor e parte.
— Porra  cara! — diz Lucky, admirado com o reluzente carro de Demetria que vai desaparecendo à distância. — Achei que aquele papo do Enrique era mentira... Mas você realmente ganhou a Demetria Lovato não foi? E aí... Você gravou a coisa em vídeo?
Minha resposta é um soco no estômago, que faz Lucky cair de joelhos. Subo na moto e acelero, deixando Lucky para trás.
Quando avisto o Camry de Enrique, paro ao lado dele.
— Escute Joe... — diz Enrique abrindo a janela — sinto muito por ter contado aos caras que você estava na oficina com...
— Tô saindo fora disso cara — digo, interrompendo-o. Jogo as chaves da oficina para ele e vou embora.
No caminho para casa, penso em Demetria e no quanto ela significa para mim... Então dou de cara com a realidade: Não vou me tornar um traficante de drogas!
Agora entendo aqueles filmes românticos que as meninas adoram e que sempre me fizeram morrer de rir... Pois neste momento estou agindo exatamente como um herói idiota, capaz de arriscar tudo por uma garota.
Estoy enamorado. Estou amando.
Dane-se a Sangue. Posso muito bem proteger minha família e ao mesmo tempo ser fiel a mim mesmo. Demetria tem razão. Minha vida é importante demais para ser desperdiçada no tráfico de drogas.
A verdade é que não estou a fim de entrar nessa. Quero estudar e fazer da minha vida uma coisa boa, que valha a pena.
Não sou nada parecido com meu pai. Ele foi um homem fraco, que escolheu o caminho mais fácil. Mas eu não. Vou encarar o desafio de deixar a Sangue, vou pagar o castigo. E que se dane o risco. Se eu sobreviver, voltarei para Demetria como um homem livre. ¡Lo juro!
Não sou traficante de drogas. Vou decepcionar Hector eu sei. Mas quando entrei na gangue, foi para ajudar a proteger meu bairro e minha família, não para mexer com isso. Desde quando traficar virou uma necessidade? Desde aquela noite em que a polícia me parou, a situação piorou muito, virou uma bola de neve. Fui preso, Hector me tirou da cadeia e virei seu devedor. E logo depois que comecei a conversar com outros OGs sobre a morte do meu pai, Hector e minha mãe discutiram pra valer. E minha mãe apareceu com uns hematomas. Depois disso, Hector pegou pesado, me pressionando sem trégua com essa história do tráfico.
Harry  tentou me avisar; ele sabia que alguma coisa não estava bem. Quebro a cabeça e então as peças começam a se encaixar  lentamente...
¡Dios! Será que a verdade estava bem diante dos meus olhos? Mas claro... Existe uma pessoa que pode me contar tudo sobre a noite em que meu pai morreu!
Entro em casa a mil por hora e bato a porta com força. Minha mãe está na sala.
— A senhora sabe quem matou Papá!
— Joseph  não...
— Foi alguém da Sangue não? A senhora e Hector conversaram sobre isso no casamento de Elena. Ele sabe quem foi. E a senhora também.
Os olhos dela se enchem de lágrimas.
— Estou avisando Joseph. Não mexa com isso, por favor!
— Quem foi? — pergunto ignorando seu pedido.
Ela desvia os olhos.
— Fale! — grito, a plenos pulmões.
Minha mãe se encolhe. Por muito tempo, eu só queria que o sofrimento dela acabasse. Nem pensava em fazer perguntas sobre o assassinato do meu pai. Ou talvez não quisesse saber, talvez tivesse medo da verdade. Mas já não posso continuar assim.
Ela leva a mão à boca; parece ter dificuldade para respirar.
— Hector... foi Hector.
A verdade me atinge em cheio. Horror, espanto e sofrimento se espalham por todo meu ser. Minha mãe me olha com amargura.
— Eu só queria proteger você e seus irmãos Joseph. Esta é a verdade. Seu papá quis sair da Sangue e por isso foi morto. Hector quer que você ocupe o lugar dele. Hector me ameaçou... E disse que se você se negar, toda a família acabará como seu pai.
Não quero ouvir mais nada.
Hector pagou minha fiança e então fiquei devendo esse favor a ele. Depois  Hector me veio com aquela história do carregamento que ia chegar... E me pressionou de tal modo que não pude dizer não. O negócio é que ele queria me enganar. Queria que eu pensasse que estaria dando um passo à frente quando na verdade, esse passo apenas me levaria a cair em sua armadilha.
Provavelmente Hector suspeitou que eu não tardaria a descobrir a verdade... Que numa hora dessas, alguém acabaria me contando. Seria apenas uma questão de tempo.
Corro até o quarto e abro minha gaveta, concentrado unicamente no que devo fazer agora: enfrentar o assassino de meu pai. Mas a arma desapareceu.
— Você mexeu na minha gaveta? — pergunto agarrando Nick pela gola da camisa no momento em que ele está se sentando no sofá da sala.
— Não Joe — ele responde. — Pode acreditar! Harry esteve no nosso quarto hoje, mas disse que só queria pegar sua jaqueta emprestada.
Harry  levou minha arma. Eu deveria ter adivinhado. Mas como ele soube que eu não estaria em casa?
Demetria......
Ela ficou me distraindo nesta noite de propósito. Bem que ela me disse para não fic ar zangado com Harry. Os dois tentaram me proteger... Pois fui covarde e estúpido o suficiente para não enxergar o que estava bem diante dos meus olhos.
As palavras de Demetria soam de novo em minha mente: Não fique zangado com Harry.
Vou até o quarto de minha mãe e aviso:
— Se eu não voltar, leve Nick e Frankie para o México.
— Mas Joseph...
— Mamá — eu digo me sentando na beira da cama. — Eles estão correndo perigo. Salve os dois, por favor. Não deixe que tenham o mesmo destino que eu.
— Não fale assim. Seu pai falava desse mesmo jeito...
Tenho vontade de gritar que sou como Papá, que cometi os mesmos erros. Mas não vou deixar que isso aconteça com meus irmãos.
— Prometa... — eu insisto. — Preciso ouvir isso de sua boca. E estou falando sério.
Lágrimas escorrem por sua face. Ela me beija e me abraça com força.
— Eu prometo... Prometo!
Saio de casa, pego a moto e tomo uma atitude que nunca me imaginei capaz de tomar: ligo para Gary Frankel, o garoto branquelo que conheci na cadeia e peço um conselho. Ele me diz para fazer algo que nunca me imaginei fazendo: ligar para a polícia.

DEMI *



Faz cinco minutos que estou aqui, no pátio da casa de Selena, sem coragem de sair do carro. Ainda não consigo acreditar que fiz amor com Joe. Não me arrependo de nada, mas tudo parece tão irreal.
Ainda mais porque senti que Joe estava... não sei... desesperado, como se quisesse provar alguma coisa para mim, não com palavras mas com ações.
Estou zangada comigo por ter sido tão emotiva, mas não pude evitar. Chorei de alegria, de felicidade. Chorei por amor. E quando vi uma lágrima escorrendo pelo rosto de Joe, eu a colhi com um beijo... Quis guardar aquela lágrima para sempre, porque essa foi a primeira vez que ele chorou na minha frente. Pois Joe não chora, não se permite ficar emocionado... Com nada.
Mas nesta noite Joe mudou, querendo ou não. Eu também mudei.
Entro na casa de Selena e a encontro no sofá da sala... Junto com meus pais.
— Hum... Isso está parecendo suspeito, como um episódio daquele programa, Intervention.
— Não se trata de uma intervenção Demi... E sim de uma conversa — diz Selena.
— Por quê?
— Por quê? — diz meu pai. — A resposta não é óbvia? Você sumiu de casa!
Olho para meus pais e me pergunto como pudemos chegar a esse ponto. Minha mãe parece vestida para um funeral, toda de preto com os cabelos presos num coque. Meu pai está de jeans e moletom. Pelo seus olhos congestionados e vermelhos, posso apostar que ele passou a noite em claro. E talvez minha mãe também, só que ela jamais confessaria... Em vez disso, pingaria um colírio para mascarar a verdade.
— Não posso mais fazer o papel da filha perfeita — eu digo calma e simplesmente. — Pois não sou perfeita. Será que vocês podem aceitar isso?
Meu pai franze a testa, a ponto de suas sobrancelhas se juntarem... Sinal de que ele está fazendo um intenso esforço para manter o controle.
— Não queremos que você seja perfeita filha. Dianna, diga a ela como você se sente.
Minha mãe meneia a cabeça como se não pudesse compreender por que estou dizendo tudo isso, fazendo essa tempestade em copo d’água.
— Demi, isso já foi longe demais. Pare com essa manha, essa rebeldia, esse egoísmo. Seu pai e eu não queremos que você seja perfeita. Só queremos que você sempre se esforce ao máximo para atingir o melhor de si mesma, e isso é tudo.
— E vocês querem isso porque Shelley a despeito do quanto ela possa tentar jamais conseguirá corresponder às suas expectativas?
— Deixe Shelley fora disso — diz meu pai. — Não é justo envolvê-la nessa conversa.
— Por que não, se o que estamos falando tem tudo a ver com Shelley? — Estou me sentindo derrotada. É como se todas essas palavras que me veem à boca, não fossem suficientes para explicar o que estou sentindo... Não adianta, as coisas entre nós nunca se resolverão. Deixo-me cair numa cadeira estofada de veludo em frente a eles. — Pelo que me consta, eu não fugi de casa. Apenas estou passando uns dias com minha melhor amiga.
— E nós somos muito gratos a ela — diz minha mãe, tirando um fiozinho de linha que grudou em sua calça na altura da coxa. — Selena vem nos mantendo informados diariamente sobre você.
Olho para minha melhor amiga encolhida a um canto do sofá. Ela ergue as mãos como se pedisse desculpas. E então corre a atender a porta, pois é noite de Halloween e alguém acaba de tocar a campainha.
— Quanto tempo você ainda pretende ficar fora de casa? — pergunta minha mãe.
Preciso tanto dos meus pais. Preciso de uma compreensão que provavelmente eles nem têm para dar.
— Eu não sei — respondo por fim.
Meu pai leva a mão à testa, como se estivesse com enxaqueca.
— Será que nossa casa é tão ruim assim?
— Ruim não... Mas é estressante. Mãe, você me pressiona demais. Pai, detesto quando você chega de viagem e usa nossa casa como se fosse um hotel. Somos estranhos vivendo sob o mesmo teto. Eu amo vocês, mas não quero me sentir obrigada a “me esforçar ao máximo para atingir o melhor de mim mesma”. Quero apenas me exercer, quero apenas ser o que sou. Quero ser livre para tomar decisões e aprender a partir dos meus erros, sem entrar em pânico, sem me sentir culpada ou aflita, com medo de não corresponder às expectativas de vocês. — Sinto vontade de chorar, mas consigo sufocar as lágrimas. — Não quero decepcionar vocês. Sei que Shelley não pode ser normal, não pode ser como eu. E sinto tanto por isso... Por favor, não mandem Shelley embora de casa por minha causa.
Meu pai se ajoelha ao meu lado.
— Não fique triste Demi. Não é por sua causa que queremos internar Shelley numa clínica. Quanto à deficiência... Não é culpa sua. Não é culpa de ninguém.
Minha mãe, com os olhos fixos na parede como se estivesse em transe, diz:
— A culpa é minha.
Todos nos voltamos para ela, porque essas eram as últimas palavras que esperávamos ouvir de sua boca.
— Dianna ? — diz meu pai, tentando tirá-la desse estado.
— Mãe, do que você está falando?
Ela continua fitando o vazio enquanto fala:
— Sei que fui a responsável. Durante esses anos todos venho me acusando...
— Dianna, não foi por sua culpa...
— Quando Shelley era muito pequena, eu a levava para passear... — minha mãe o interrompe num tom suave, como se estivesse pensando em voz alta. — Ah, como eu invejava as outras mães que tinham filhos normais, que conseguiam ficar em pé sozinhos... Que conseguiam pegar seus brinquedos, correr... Muitas vezes, percebi os olhares de compaixão que elas me lançavam. Olhares que eu detestava. Uma ideia se formou em minha mente... A ponto de me deixar obcecada: achei que tivesse ingerido mais verduras e legumes, durante a gravidez e feito exercícios físicos, talvez pudesse ter evitado que Shelley nascesse desse jeito... Sim, eu me considerava responsável pela deficiência dela, embora seu pai insistisse em dizer que a culpa não era minha. — Ela olha para mim e sorri melancolicamente. — E então você nasceu, minha princesa loira.
— Mamãe, eu não sou uma princesa e Shelley não é digna de piedade. Nem sempre vou sair com o rapaz que você gostaria que eu namorasse, nem sempre vou me vestir de acordo com o seu gosto e definitivamente, não vou agir do jeito que você quer. Shelley tampouco, viverá de acordo com suas expectativas.
— Eu sei.
— Será que algum dia você vai entender tudo isso de um jeito tranquilo?
— Provavelmente não.
— Você é tão crítica e intransigente! Oh Deus, eu faria qualquer coisa se você parasse de me culpar por cada erro, por cada pequeno deslize... Mãe, por favor, me ame por mim, me ame como sou. Ame Shelley como Shelley é. Pare de se concentrar só nas coisas ruins, porque a vida é muito curta, passa rápido demais.
— Você resolveu namorar um rapaz de gangue! — ela argumenta. — E ainda acha que não devo me preocupar?
— Não. Sim. Não sei. Se eu não me sentisse num tribunal, julgada por você o tempo inteiro, talvez pudéssemos conversar sobre isso. Se você o conhecesse quem sabe...? Ele é muito melhor do que as pessoas imaginam mãe. Mas se você quiser que eu faça tudo escondido, que invente mentiras e fuja de casa para me encontrar com ele... Eu farei.
— Ele é membro de uma gangue — minha mãe diz  secamente.
— Ele se chama Joe.
Meu pai se senta.
— Demetria, saber o nome desse rapaz não muda em nada a situação. Ele pertence a uma gangue e isso é um fato.
— Realmente... Mas saber que ele se chama Joe já é um passo na direção certa. Você prefere que eu seja sincera, que diga a verdade ou que faça tudo às escondidas?
Levamos uma hora para chegar a um acordo... Por fim, minha mãe concorda em tentar ser mais cordata, flexível, e não reclamar tanto de tudo. Meu pai promete que sairá do trabalho mais cedo duas vezes por semana, para chegar em casa antes das seis e jantar conosco.

Quanto a mim, concordo em levar Joe até nossa casa para que possam conhecê-lo. Prometo também que quando sair, contarei aonde pretendo ir... E com quem. Os dois não gostam da situação, nem aprovam meu namoro com Joe. Mas vão tentar... e isso já é um começo. Quero fazer as coisas bem... Pois é melhor recolher as peças quebradas para tentar rejuntá-las do que deixá-las assim, fragmentadas, como estão. Quem sabe com um pouco de boa vontade, possamos enfim nos entender.

..................................................continua...

MAIS UM CAPÍTULO !!!!
QUE LINDO O MOMENTO JEMI *--*
O QUE SERÁ Q JOE VAI FAZER ???  E O Q VAI ACONTECER COM HARRY ???
DIVULGAÇÃO :
BRUNNA GABRIELA  http://minhapaixaoejemi.blogspot.com.br/

GENTE...TÔ PRECISANDO DE ALGUÉM PARA ME AJUDAR A ESCREVER FICS....
QUEM TIVER INTERESSE É SÓ DEIXAR O LINK DO FACEBOOK QUE EU ADICIONO...
AÍ EU VOU EXPLICAR DIREITINHO ......OK ?
MUITO OBG AMORES .....E COMENTEM :D
BEIJOS...


7 comentários:

  1. adorei tudo
    momento jemi perfeito <3
    posta logooo sua linda
    beijos

    ResponderExcluir
  2. Gente do céu ... Esse hot foi UAU... ( É que eu sou hot, hot-dog, e
    comigo cê não pode..) Só eu que.chorei? É por que eu to de tpm ou foi o capítulo mesmo? Gente do céu achei que ela ia descobrir sobre a aposta... Imagina o barraco??? Amando muito essa fic cara <3
    Sou péssima escrevendo já tentei e tudo mais só que sou um fracasso. Acho que até tenho umas idéias legais mais colocar no papel é difícil. Se quiser é só me falar... Beijos
    Posta mais :)
    Fabíola Barboza

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. uau esse capitulo foi demais principalmente a parte jemi
    a vc poderia divulgar o meu blog e qui eu acabei de criar
    http://cms.fanfic-jemi.webnode.com/sinops-/

    ResponderExcluir
  5. eu estou muito enteressada pois eu adoro escrever historias
    aqui esta o link do meu face a https://www.facebook.com/brunna.teixeiradearaujo

    ResponderExcluir
  6. Adorei momento Jemi <3
    Cap super perfeito
    Posta logo flor!
    Beijos com glitter

    By - Milena

    ResponderExcluir
  7. Ai q lindo Jemi!!!! Esse cap foi mo babado la a parte do pai do joe e eu to c medo agr . Espero q os pais da Demi melhorem msm. POSTA!

    ResponderExcluir