sábado, 28 de junho de 2014

capitulo 36

DEMI *



Hoje é primeiro de abril. Faz cinco meses que não vejo Joe. Não o vejo desde aquele dia no hospital.
Os comentários sobre Joe e Harry finalmente acabaram
Os psicólogos, assistentes sociais e orientadores educacionais “extras” que mandaram aqui para o colégio já foram embora.
Na semana passada eu disse à orientadora educacional que durmo mais de cinco horas por noite, mas isso é mentira. Desde que Joe levou aquele tiro, tenho dificuldades para dormir. Sempre acordo no meio da noite porque não consigo deixar de pensar naquela conversa horrível que tivemos no hospital. A orientadora disse que levarei um bom tempo para superar esse sentimento, essa mágoa por ter sido traída.
O problema é que não me sinto traída; na verdade me sinto triste e humilhada. Depois de tudo, ainda passo horas olhando as fotos que tirei de Joe com meu celular naquela noite no Club Mystique.
Depois de receber alta no hospital, ele desapareceu.
Bem, Joe já não faz parte da minha vida. Não fisicamente... Mas será para sempre, uma parte de mim da qual não posso me livrar, mesmo que eu quisesse.
Uma coisa positiva decorrente de toda essa loucura, é que minha família levou Shelley para o Colorado para conhecer a Casa de Repouso Sunny Acres. E Shelley realmente gostou de lá. Os pacientes podem participar de várias atividades diárias, inclusive esportes. E a cada três meses recebem a visita de uma celebridade, geralmente artistas famosos que se apresentam gratuitamente em concertos e outros tipos de espetáculo. Shelley ficou tão feliz quando soube disso!
Deixar minha irmã escolher seu próprio caminho foi muito difícil, mas consegui. E não fiquei deprimida. Saber que Shelley foi para Sunny Acres por sua livre vontade, me deixou bem melhor... E mais forte para suportar sua ausência. Mas agora estou sozinha.
Ao partir, Joe levou consigo uma parte do meu coração. Estou guardando com todo o cuidado o que restou. Cheguei à conclusão de que a única coisa que posso controlar é minha própria vida. Joe escolheu sua rota. E essa rota me excluia.
No colégio, ignoro os amigos de Joe e eles me ignoram. Todos fingimos que nada aconteceu no início desse ano letivo. Todos... Exceto Miley.
Nós conversamos às vezes, mas é tão doloroso... Uma silenciosa e mútua compreensão nos une. Pois de certo modo, compartilhamos o mesmo sofrimento.
Ao abrir meu armário numa tarde de maio antes a aula de Química, encontro um par de aquecedores de mãos. O pior momento de minha vida me vem à lembrança com força total. Será que Joe esteve aqui? Será que foi ele quem colocou esses aquecedores no meu armário?
Por mais que eu tente esquecer Joe, não consigo. Li em algum lugar que a memória do peixe-vermelho só dura cinco segundos... Que inveja! Minha memória, meu amor por Joe, vai durar a vida inteira.
Aperto esse par de macios aquecedores de mãos junto ao peito e caio de joelhos chorando. É, ando mesmo deprimida.
Selena se abaixa a meu lado e pergunta:
— Demi, qual é o problema?
Sinto-me incapaz de me mover, de reunir forças para me levantar.
— Vamos lá, Demi — diz Selena, me ajudando a ficar em pé. — Está todo mundo olhando.
Tiffany passa por nós.
— Falando sério Demi, será que já não é hora de esquecer aquele bandido do seu namorado que nunca ligou a mínima pra você? Francamente, você está se tornando patética — ela diz chamando a atenção geral, para que todos a escutem muito bem.
Zac aparece ao lado de Tiffany e me olhando com desprezo, comenta:
— Joe teve o que mereceu.
Esteja certo ou errado, lute pelo que você acredita...
Fecho as mãos com força e avanço para Zac... Ele se esquiva com facilidade, agarra meu pulso e torce, obrigando-me a dobrar o braço. Caio de joelhos.
Justin intervém:
— Solte a Demi agora mesmo, Zac.
— Fique fora disso, Justin Thompson.
— Humilhar essa garota só porque ela trocou você por outro cara, é jogo sujo.
Zac me empurra para um lado e arregaça as mangas da camisa. Não posso deixar que Justin assuma uma luta que é só minha.
— Se você quiser brigar com ele, terá que passar por cima de mim — eu digo.
Para minha surpresa, Miley se coloca entre Zac e eu:
— E se você quiser brigar com Demi, terá que passar por cima de mim...
Selena se coloca ao lado de Miley.
— E de mim também.
Um garoto mexicano chamado Sam, empurra Gary Frankel para o lado de Miley e diz:
— Este cara pode quebrar seu braço com um só golpe, cretino! Suma da minha frente antes que eu solte o Gary em cima de você.
Gary, vestindo uma camisa vermelha e calças brancas, resmunga e rosna numa evidente tentativa de intimidar Zac... Sem muito sucesso.
Zac olha para os lados buscando apoio. Pisco os olhos mal acreditando no que vejo. Talvez o universo tenha saído da rota... Mas agora, parece que os planetas estão querendo se alinhar.
— Vamos embora, Zac — diz Tiffany, num tom autoritário. — De qualquer modo, não precisamos desses babacas.
Os dois se afastam. E quase sinto pena deles. Quase.
— Estou tão orgulhosa de você, Justin — diz Selena, atirando-se nos braços de seu namorado.
Os dois se beijam sem ligar a mínima para a platéia, nem para a política que proíbe “Demonstrações de Afeto em Público” no Colégio Fairfield.
— Eu amo você — diz Justin, parando para tomar fôlego.
— Também amo você — diz Selena, com uma voz infantil.
— Ei, arranjem um quarto! — diz alguém. — Vão pra  cama!
Mas os dois continuam se acariciando até que a música invade os corredores através dos alto-falantes, anunciando o começo da próxima aula. Os alunos se dispersam... E eu continuo segurando os aquecedores de mãos junto ao peito.
Miley se ajoelha ao meu lado:
— Sabe, eu nunca declarei meu amor ao Harry. Não quis correr o risco e agora, é tarde demais.
— Lamento muito, Mi. Mas talvez tenha sido melhor assim. Eu corri o risco, mas,de qualquer modo, acabei perdendo Joe.
Ela encolhe os ombros. Sei que está tentando se manter forte para seguir adiante sem entregar os pontos, sem largar os estudos.
— Acho que um dia vou superar tudo isso. Não é lá muito provável, mas posso ter esperanças não é? — diz Miley, endireitando os ombros e se erguendo com uma expressão decidida.
Eu a observo enquanto ela se afasta. Será que Miley compartilha esse assunto com suas outras amigas... Ou apenas comigo?
— Vamos — diz Selena, se soltando dos braços de Justin e me puxando em direção à saída. Enxugo os olhos com as costas da mão e me sento na calçada junto ao carro de Selena. Estou matando aula, mas já não me importo com isso.
— Estou bem, Selena — digo. — De verdade.
— Não, você não está nada bem. Sou sua melhor amiga, Demi. Sempre fui, antes e depois dos seus namorados. Portanto, pode desabafar... Estou ouvindo.
— Eu amo Joe.
— Grande novidade Sherlock. Agora me conte alguma coisa que eu não saiba.
— Ele me usou. Fez sexo comigo só para ganhar uma aposta. E mesmo assim não deixei de amá-lo... Selena, eu sou mesmo patética.
— Você fez sexo e não me contou? Pensei que isso fosse boato sabe? Boato do tipo mentiroso, sem fundamento.
Apoio o rosto nas mãos me sentindo totalmente frustrada.
— É brincadeira, Demi ! Até porque, nem me interessa saber... Ok, me interessa, mas só se você quiser contar — diz Selena. — Mas vamos deixar esse assunto de lado por enquanto. Sabe, eu via o jeito como Joe olhava pra você... Não era possível que ele estivesse fingindo. Não sei quem lhe contou sobre essa aposta, Demi. Mas realmente, não acredito que...
— O próprio Joe me contou. E seus amigos confirmaram a história. Então, por que não consigo dizer “adeus” a ele? Adeus simplesmente!
Selena balança a cabeça como se quisesse apagar minhas palavras.
— Vamos esclarecer as coisas... — Ela ergue meu queixo forçando-me a olhá-la nos olhos. — Em primeiro lugar, Joe gosta de você. Se ele admite isso, ou não... Se fez uma aposta, ou não... Já é outra história. Mas que ele gosta de você Demi, não resta a menor dúvida. E você também sabe disso; caso contrário não estaria segurando esses aquecedores de mãos desse jeito... Em segundo lugar, Joe está fora de sua vida. E você deve isso a si mesma, ao seu amigo Harry e a mim... Pois fiquei ao seu lado mesmo nas horas mais difíceis.
— Não consigo esquecer o momento em que ele me rejeitou de modo tão cruel. Se eu ao menos pudesse conversar com Joe, teria algumas respostas...
— Talvez o próprio Joe não tenha respostas. Talvez seja por isso que ele partiu. Bem, se Joe quiser desistir da vida, se quiser ignorar o que está bem diante dos seus olhos, então que seja. Mas você mostrou a ele que é mais forte do que tudo isso.
Selena tem razão. Pela primeira vez, sinto que conseguirei chegar ao final desse ano letivo.
Na noite em que fiz amor com Joe, entreguei-lhe uma parte do meu coração... Uma parte que ficará com ele para sempre. Mas isso não significa que minha vida deva entrar num compasso de espera indefinidamente. Não posso correr atrás de fantasmas. Estou mais forte agora. Ao menos assim espero...
Duas semanas mais tarde, estou sozinha no vestiário me trocando para a aula de educação física. Todas as garotas já foram para a quadra. Fiquei por último. O som de passos se aproximando pelo corredor me chama a atenção.
A porta se abre e Carmen Sanchez entra. Não me assusto. Ao contrário: olho-a diretamente nos olhos.
— Joe está de volta a Fairfield — ela me diz.
— Eu sei — respondo, pensando nos aquecedores de mãos que encontrei no armário. Foi Joe quem os deixou... E depois partiu, de modo tão insuspeitado quanto chegou.
— Sabe aqueles bichos de pelúcia gigantes recheados de prêmios que a gente vê nos parques de diversão? — diz Carmen, que parece quase... nervosa. Vulnerável. Frágil. — Bem, é tão difícil ganhar um desses. Ninguém consegue, a não ser uns poucos felizardos. Eu por exemplo, jamais consegui.
— Nem eu.
— Pois Joe era o meu grande prêmio, meu bicho de pelúcia gigante recheado de delícias. Ah, como eu odiei você Demi, por ter roubado Joe de mim...
Eu dou de ombros:
— Então pode parar com isso, pois eu também fiquei sem Joe. Não odeio você... Não mais. Eu mudei.
Engulo em seco antes de dizer:
— Eu também.
Carmen ri. E já de saída, murmura:
— Mas Joe certamente não.
O que será que ela quis dizer?

...........................continua

OLÁ GALERA !!!! DESCULPEM A DEMORA ....   :)
E AI ...DEMI SE MOSTRANDO CORAJOSA E FORTE DIANTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS !
ADOREIII  !!!  SEL,MILEY E ATÉ JUSTIN DANDO APOIO Á ELA ....
E CARMEM, O QUE SERÁ Q ELA QUIS DIZER COM SUA ÚLTIMA FRASE  ??!!
BOM,A NOVA LEITORA,SEJA MUITO BEM VINDA  !!!  :)
EU TB NÃO ESTOU CONSEGUINDO ENTRAR NO BLOG :
jemiprasemprejemi.blogspot.com
NÃO SEI O Q ESTÁ ACONTECENDO ....
BOM....A FIC JÁ ESTÁ TERMINANDO !  :(
POSTAREI O ÚLTIMO CAPÍTULO JÁ ...E DEPOIS  UM EPÍLOGO ....
E LOGO COMEÇAREI COM UMA ADAPTAÇÃO JEMI DE : PLAYBOY IRRESISTÍVEL
MUITO OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS GALERA  :)
E CONTINUEM COMENTANDO ;)   BJSSS   !


segunda-feira, 23 de junho de 2014

capitulo 35

JOE *



Estou neste hospital há uma semana. Detesto enfermeiras, médicos, agulhas, exames. E principalmente, essas camisolas horríveis. Acho que se eu continuar aqui vou ter uma crise nervosa por conta desse mau-humor. Ok, eu não deveria ter xingado a enfermeira que tirou minha sonda. Mas o que me deixou furioso foi seu bom humor, aquela enervante disposição à alegria.
Não quero ver ninguém. Não quero falar com ninguém. Quanto menos gente se envolver em minha vida melhor. Quase morri para conseguir mandar Demetria embora... E para isso, precisei magoá-la profundamente. Mas afinal, eu não tinha escolha. Quanto mais próxima ela ficasse de mim, mais sua vida correria perigo. Não posso deixar que aconteça com ela o que aconteceu com Harry. Pois Demetria é a garota que eu...
Pare de pensar nela, digo a mim mesmo.
As pessoas que eu amo acabam morrendo. Simples assim. Primeiro meu pai... E agora Harry. Fui um idiota quando acreditei que poderia me realizar, ter tudo o que quisesse.
Escuto uma batida na porta e grito:
— Vá embora.
As batidas se repetem.
— Porra, me deixe em paz!
A porta se abre rangendo. Atiro uma xícara naquela direção e consigo acertar o intruso bem na altura do peito... Só que o intruso não é uma enfermeira, nem um médico... E sim a Professora Peterson.
— Oh merda... — resmungo.
A Sra. Peterson está de óculos novos.
— Este não é exatamente o cumprimento que eu esperava Joe — ela diz. — Sabe que posso lhe dar uma suspensão por sua falta de respeito? Você até disse uns palavrões...
Eu me viro de lado para não ter que olhar para ela.
— A senhora veio aqui só para me ameaçar? Se foi esse o motivo, esqueça... Pois não vou voltar para o colégio. Obrigado pela visita... Pena que foi tão breve. Adeus professora.
— Não vou a lugar nenhum... Não antes que você ouça o que tenho a dizer.
Oh, por favor não. Qualquer coisa menos um sermão da Peterson.
Pego o interfone e pressiono o botão para chamar a enfermeira.
— Posso ajudá-lo Joe ? — pergunta uma voz através do pequeno alto-falante.
— Estou sendo torturado — respondo.
— Como assim?
A Peterson se aproxima e tira o interfone da minha mão:
— Ele está brincando. Por favor, queira desculpar. — Ela põe o aparelho sobre a mesa de cabeceira  fora do meu alcance. — Que mau-humor  Joe ! Não lhe deram umas “happy pills” neste hospital?
— Não quero ser feliz.
A Sra. Peterson se inclina para a frente e sua franja chega a encostar nos óculos.
— Olhe, sinto muito pelo que aconteceu com Harry. Ele nunca foi meu aluno... Mas ouvi dizer que vocês eram muito amigos.
Olho para a janela para fugir dos olhos da Sra. Peterson. Não quero falar de Harry. Não quero falar de nada.
— Por que a senhora veio?
Escuto alguns ruídos... É Peterson remexendo na bolsa.
— Eu lhe trouxe um material para você ir estudando até que possa voltar ao colégio. Assim você não vai ficar atrasado em relação a seus colegas.
— Já disse que não pretendo voltar. Estou fora... E a senhora não deveria se espantar com isso. Afinal, sou membro de uma gangue  lembra-se?
Ela contorna a cama e entra no meu ângulo de visão.
— Acho que me enganei a seu respeito Joe. Eu poderia apostar que você seria o primeiro a romper com os padrões e com essa visão que as pessoas têm sobre...
— Sim — eu a interrompo. — Talvez eu pudesse romper com o molde. Acho que podia  sim... Mas isso foi antes que meu melhor amigo morresse baleado no meu lugar. Porque aquele tiro era para mim, sabe? — Olho para o livro de Química na mão da Sra. Peterson... Esse livro me faz lembrar de tudo o que foi... E do que jamais poderá ser. — Não era Harry quem deveria ter morrido  porra! Era eu!
A Sra. Peterson não se abala:
— É, mas você não morreu. E agora está pensando que vai fazer um grande favor a Harry abandonando a escola e desistindo de tudo? Considere o fato de você estar vivo como um presente que Harry  lhe deu Joe... E não como uma maldição. Harry  não pode voltar ao colégio. Mas você pode. — Peterson põe o livro de Química no peitoril da janela. — Já perdi tantos alunos desse jeito como jamais imaginei possível. Meu marido acha que devo deixar Fairfield  para lecionar em outra cidade, num colégio onde não haja gangues, onde os garotos não vivam apenas para morrer violentamente, ou para acabar como traficantes de drogas.
Sentando-se na beira da minha cama, ela olha para as próprias mãos.
— Acontece que eu quis permanecer em Fairfield  na esperança de fazer a diferença, de ser um modelo... O Dr. Aguirre acredita que podemos preencher as lacunas, estender pontes sobre abismos, aproximar as pessoas, aceitar as diferenças. E eu também penso assim. Se eu puder mudar a vida de um aluno, então isso significa que posso também...
— Mudar o mundo? — eu pergunto.
— Talvez.
— A senhora não pode. O mundo é o que é.
Ela me encara convicta, decidida a não entregar os pontos.
— Joe, você está muito enganado. O mundo além de cruel, é também o que fazemos dele... Você acha que não pode mudar nada? Então vá e siga o caminho que já traçaram para você. Mas há outros que são apenas mais difíceis de transpor... Mudar o mundo não é fácil Joe. Mas vou continuar tentando. E você?
— Não.
— Bem, este é um direito seu. De qualquer forma, não pretendo desistir. — Ela faz uma pausa e então pergunta: — Quer saber como está sua parceira de Química?
— Não — eu respondo meneando a cabeça enquanto as palavras quase me travam a garganta. — Não me importa.
Ela suspira frustrada. Então caminha até a janela e pega o livro de Química.
— Devo levá-lo... Ou deixá-lo aqui?
Não respondo.
Peterson põe o livro de volta no peitoril da janela e caminha até a porta  para sair.
— Gostaria de ter escolhido Biologia  em vez de Química — digo.
Ela pisca para mim:
— Não, você não gostaria. E só a título de informação, o Dr. Aguirre virá visitá-lo mais tarde. Sugiro que você o receba melhor do que a mim... E que não atire nenhum objeto quando ele entrar.
Duas semanas mais tarde, saí do hospital e fui com minha família para o México. Um mês depois, consegui um emprego de camareiro num hotel  em San Miguel de Allende perto da casa de minha família. Era um bom hotel, com paredes caiadas e pilares na entrada principal. Às vezes eu fazia o papel de tradutor-intérprete, já que meu Inglês era melhor do que o da maioria dos outros empregados.
Quando eu saía com os colegas depois do trabalho, eles tentavam me apresentar umas garotas mexicanas. Todas eram bonitas, sexies e definitivamente sabiam como seduzir um cara. Só havia um problema: elas não eram Demetria. Eu precisava tirar aquela menina da cabeça. E rápido.
Bem que tentei... Certa noite, uma hóspede americana me convidou a entrar em seu quarto. Primeiro, achei que fazer sexo com uma garota do mesmo tipo físico de Demetria me ajudaria a esquecer... Mas logo no início da coisa, travei. Foi então que entendi que Demetria havia me arruinado... Pois eu jamais me contentaria com nenhuma outra.
Não adiantava. A menina não tinha o rosto de Demetria, nem seu sorriso, nem mesmo seus olhos. E não era só isso, não era só na superfície. As feições de Demetria, assim como seu corpo faziam dela um modelo de beleza, não só para mim, mas para o resto do mundo. Mas o que a tornava diferente de verdade, era algo bem mais profundo... Certas sutilezas no seu modo de sentir e agir: o jeito suave de limpar o rosto de sua irmã, o modo de demonstrar seu amor, mesmo quando soube quem eu era e o que fazia. A questão das drogas  por exemplo... Quando eu estava prestes a entrar para o tráfico: Demetria era radicalmente contra e, mesmo assim continuou me amando.
Agora, três meses depois de todo aquele horror, três meses depois de ter sido baleado, estou de volta a Fairfield, pronto a enfrentar o que a Sra. Peterson chamaria de “meu maior medo”.
Sentado à sua mesa de trabalho na oficina, Enrique meneia a cabeça por vezes seguidas. Conversamos sobre a noite de Halloween... Acabo de perdoá-lo por ter contado a Lucky que eu estava com Demetria.
Enrique toma fôlego e expira lentamente depois de me ouvir sobre o que pretendo fazer.
— Você poderia ter morrido — ele diz, erguendo o rosto para me olhar nos olhos.
— Eu sei.
— E agora  não posso ajudá-lo. Nenhum dos seus amigos na Sangue poderão. Tente reconsiderar Joe. Volte para o México, desfrute a vida, fique em paz.
Mas já fiz minha escolha e não tenho a menor intenção de mudar de ideia.
— Não sou um covarde e não vou agir como um. Preciso resolver esse assunto. Preciso sair da Sangue.
— Por ela...?
— Sim. E por meu pai. E por Harry. Por mim e por toda minha família.
— De que vai adiantar sair da Sangue de acordo com as regras, se você acabar morto por aí? — Enrique argumenta. — Tudo o que você sofreu  para entrar vai parecer brincadeira, comparado ao que farão você passar  para sair. Até mesmo os OGs serão chamados  para participar dessa reunião.
Em vez de responder, entrego a Enrique uma folha de papel  com um número de telefone.
— Se alguma coisa me acontecer, ligue para esse cara. É o único dos meus amigos que não tem ligação com a Sangue.
Nem com a Sangue, nem com Demetria.
Nesta noite o velho armazém está lotado de gente que me considera um traidor. Terei de enfrentar essa barra... E outras mais.
Faz mais ou menos uma hora que eu disse a Chuy — que assumiu o lugar de Hector — que queria sair da Sangue, queria uma ruptura total.
Este é apenas um passo antes do terrível desafio, do severo castigo que vão me impor por ter violado seriamente a lei. Preciso sobreviver a isso. Tenho que sobreviver.
Chuy, com sua carranca rígida e inflexível dá um passo à frente com um lenço da Sangue Latino nas mãos. Observo os caras presentes. Meu amigo Pedro está em pé no fundo do armazém, e seus olhos evitam os meus. Javier e Lucky também estão aqui com os olhos brilhando de excitação. Javier é um filho da puta desequilibrado. E Lucky não está nada feliz  porque perdeu a aposta, embora eu não tenha cobrado o prêmio. Esses dois com certeza, estão adorando a ideia de me bater... Sem que eu possa revidar.
Meu primo Enrique está encostado à parede no fundo do armazém. Todos esperam que ele participe do castigo, que me quebre quantos ossos puder quando chegar a sua vez. Lealdade e compromisso significam tudo para a Sangue Latino. Se alguém rompe com a lealdade, rompe também com o compromisso. E então se torna um inimigo aos olhos de todos os membros... Um inimigo pior do que qualquer outro por já ter sido um amigo, um membro da gangue. Se Enrique tentar me proteger, também será castigado.
Fico em pé, de cabeça erguida enquanto Chuy venda meus olhos com o lenço. Sou capaz de suportar isso, eu me digo. Se no final de tudo eu puder voltar para Demetria, então terá valido a pena. Não quero nem pensar em outra possibilidade...
Amarram minhas mãos atrás das costas, me levam até um carro e me empurram para o banco traseiro. Duas pessoas se sentam comigo, uma de cada lado. Nem imagino para onde vão me levar. Agora que Chuy é o chefe, tudo pode acontecer.
Um bilhete. Não escrevi um bilhete! E se eu morrer sem que Demetria saiba do que sinto por ela? Talvez seja melhor assim. Talvez ela consiga retomar sua vida com mais facilidade se achar que sou um canalha, um traidor que a abandonou sem o menor escrúpulo, sem olhar para trás.
Cerca de quarenta minutos depois, o carro sai da estrada. Tenho certeza disso pois sinto o terreno irregular, o som do cascalho sob os pneus.
Talvez se eu soubesse onde estou, pudesse suportar melhor o que está por vir... Mas com essa venda não consigo ver porra nenhuma.
Não estou nervoso. Estou isso sim, ansioso para saber se terei a sorte de sobreviver ao castigo da Sangue. Mas mesmo que isso aconteça, será que alguém vai me encontrar aqui? Ou será que morrerei sozinho em algum estábulo, algum velho depósito, alguma construção em ruínas? Talvez eles não me batam. Talvez me levem até o telhado de uma velha construção e simplesmente me empurrem lá de cima... E pronto... Fim. Se acabó.
Não. Chuy não gostaria disso. Ele gosta de ouvir os gritos, as súplicas dos caras durões, gosta de vê-los cair de joelhos.
Não vou lhe dar esse gosto.
Eles me tiram do carro. Piso o chão de cascalho.
Estamos no meio de lugar nenhum...
Escuto outros carros se aproximando, outros passos atrás de nós. Uma vaca muge à distância. Será um presságio? A verdade é que eu quero isso... Quero enfrentar esse horror de uma vez.
Se alguém interrompesse este momento agora, seria apenas para adiar o inevitável. Estou disposto a pagar o preço. Estou pronto. Vamos lá.
O que será que vão fazer comigo? Será que vão me pendurar pelas mãos num galho de árvore como um whipping boy ?
Cara, eu detesto o desconhecido.
Estoy perdido.
— Fique aqui — alguém me diz.
Como se eu tivesse para onde ir!
Alguém caminha em minha direção. Posso ouvir o som do cascalho sob seus passos.
— Você é a vergonha desta irmandade Joseph. Nós lhe demos proteção, e também à sua família. Mas você nos virou as costas, você nos traiu... Não é verdade?
Queria que minha vida fosse como um romance de John Grisham... Seus heróis vivem se metendo em encrencas. Mas quando estão a um passo da morte conseguem escapar, graças a algum plano genial. Às vezes esse plano inclui informações secretas, que acabariam por arruinar a vida do vilão da história. Então se o herói morre, o vilão também se arrebenta.
Infelizmente na realidade, os problemas não se resolvem assim. A vida real não pode ser embrulhada para presente.
— Foi Hector quem traiu a Sangue — respondo. — ¡El traidor!
Como castigo por ter acusado Hector, levo um violento soco no queixo. Porra, eu não estava pronto para isso; não posso ver nada com essa maldita venda nos olhos. Tento não me apavorar.
— Você sabe quais são as consequências de seu rompimento com a Sangue?
— Sim — respondo mexendo o queixo para cima e para baixo.
Escuto novamente o som do cascalho enquanto os caras formam um círculo ao meu redor. Estou na mira de todos neste momento. Sou o alvo principal.
Um silêncio sinistro nos envolve. Ninguém ri. Ninguém dá um pio. Alguns caras desse círculo são meus amigos há muito tempo, amigos ao longo de toda a vida. E neste momento devem estar no maior conflito, travando a maior guerra consigo mesmos... Assim como Enrique. Não os condeno... Sorte dos que não foram escolhidos para estar aqui  hoje.
Sem nenhum aviso, levo um murro no rosto. Tentar me manter em pé é difícil, principalmente porque sei que virão novos golpes. Uma coisa é você entrar numa briga sabendo que pode ganhar... Mas outra bem diferente, é saber que suas chances são... zero. Sinto uma coisa afiada me ferindo as costas. Em seguida levo um soco nas costelas. Todos os golpes me atingem na parte superior do corpo. Nenhum centímetro escapa. Uma lâmina aqui, um murro ali... Chego a cambalear algumas vezes... Então me erguem, me põem em pé e voltam a me golpear. Tenho um corte profundo nas costas. Um corte que dói como se a pele estivesse pegando fogo. Consigo identificar os murros de Enrique, porque não são tão pesados quanto os dos outros, não trazem em si aquela fúria, aquele ódio.
Lembro-me de Demetria e assim consigo ter forças para não chorar, nem gritar de dor. Serei forte... por ela... por nós. Não vou deixar que eles controlem minha vida, nem minha morte. Quem manda no meu destino sou eu e não a Sangue.
Não tenho noção de quanto tempo se passou... Meia hora? Uma hora? Meu corpo fraqueja. Está muito difícil me manter em pé. Sinto cheiro de fumaça. Será que vão me queimar vivo? Meus olhos continuam vendados, mas isso já não importa porque tenho certeza de que eles estão tão inchados que eu não conseguiria abri-los.
Sinto que estou desmoronando, que vou cair, mas me forço a continuar em pé. Provavelmente estou irreconhecível com todo esse sangue escorrendo dos ferimentos no rosto e no corpo. Alguém rasga minha camisa, arrancando-a violentamente aos pedaços, expondo a cicatriz do tiro que Hector me deu. Um soco me acerta bem ali. A dor é insuportável. Caio... E meu rosto bate em cheio contra o cascalho.
A essa altura  já não tenho certeza de poder aguentar.
Demetria. Demetria. Demetria.
Enquanto eu conseguir repetir esse mantra  em minha mente, continuarei vivo.
Demetria. Demetria. Demetria.
Esse cheiro de fumaça é real... Ou será o cheiro da morte?
Em meio à névoa espessa que domina minha mente, consigo ouvir alguém dizendo:
— Você não acha que já chega?
Consigo ouvir também a resposta: um distante, mas claro... Não... Seguido de alguns protestos.
Se eu pudesse me mexer...
Demetria. Demetria. Demetria, meu amor.
Mais protestos. Ninguém protesta durante esses castigos. Não é permitido.
O que está acontecendo? O que acontecerá?
Essa discussão com todo mundo falando ao mesmo tempo... Chega a ser pior do que apanhar.
— Segurem o cara de bruços. — A voz de Chuy se ergue sobre as outras. — Ninguém trai a Sangue Latino nas minhas barbas impunemente. Que isso sirva de lição para quem se atrever a nos trair. Vamos marcar o corpo de Joseph  Fuentes  para sempre... Para que ele nunca se esqueça da traição que cometeu.
O cheiro de fumaça está mais forte agora. Não tenho noção do que vai acontecer, até que sinto nas costas, uma dor horrível... Como se brasas me queimassem a pele.
Acho que gemi. Ou resmunguei. Ou gritei. Já não sei nada. Não consigo pensar. Apenas sentir.
Demetria.Demetria.Demetria.
Acho que me jogaram numa fogueira. Esta tortura é pior do que tudo que imaginei. Eu não estava preparado para isso. O cheiro de pele queimada invade minhas narinas. E por fim compreendo que as brasas não são brasas  afinal... Algum desgraçado está me marcando a ferro.
A dor, a dor...
El dolor, el dolor...
Demetria.Demetria.Demetria.

....................continua

OMG !!!!  TADINHO DO JOE !!!  APANHOU PRA BURRO,E AINDA FOI MARCADO A FERRO... SERÁ Q ELE VAI RESISTIR ?? FALEI QUE ELE IA SOFRER  !!!!
O AMOR DELE PELA DEMI É MAIOR DO QUE A DOR QUE ELE ESTAVA SENTINDO !!!!
MUITO LINDO ESSA PROVA DE AMOR ....ARRISCAR A SUA VIDA PELA PESSOA AMADA,PELA SUA FAMÍLIA,POR ELE !!!!!
MUITO LINDO....E DOLOROSO :(
...................................COMENTEM BASTANTE AMORES ...
OBRIGADA.......   :)   BJSSS


quarta-feira, 18 de junho de 2014

capitulo 34

JOE *



 O carregamento deveria ser entregue aqui, na reserva florestal de Busse Woods. O estacionamento e a área em torno estão às escuras. Apenas a luz do luar me guia. O lugar está deserto, exceto por um sedan azul com os faróis acesos. Entro no bosque e percebo mais adiante um corpo caído de bruços.
Corro naquela direção tomado pelo pavor. Quando chego mais perto do vulto, reconheço minha jaqueta. E é como se eu assistisse a minha própria morte. Ajoelho-me no chão e começo a virar lentamente o corpo.
Harry.
— Merda! — eu grito sentindo nas mãos o sangue ainda quente.
Os olhos de Harry estão vidrados, mas ele ergue a mão devagar e segura meu braço.
— Estou acabado.
Com muito cuidado, faço com que Harry apoie a cabeça no meu colo.
— Eu disse para você não se meter na minha vida. Não morra por mim Harry... É melhor você não cometer essa besteira ouviu? Porra, você está sangrando por todos os lados.
O sangue sai de sua boca em profusão.
— Estou com medo — ele murmura, estremecendo.
— Não me deixe. Aguente firme... E tudo ficará bem — digo, abraçando Harry sabendo que estou mentindo.
Meu melhor amigo está morrendo. Isso é definitivo. Não há nada que eu possa fazer para evitar. Sinto seu sofrimento como se fosse meu.
— Veja só quem está aqui... O cara que fingiu ser Joe... junto com seu amiguinho, o verdadeiro Joe. Só podia ser mesmo numa noite de Halloween!
Viro-me na direção dessa voz, cujo dono conheço muito bem: Hector.
— Não vi que estava atirando em Harry... — ele me diz. — Cara, vocês são tão diferentes à luz do dia. Acho que preciso fazer um exame de vista.
Hector me aponta uma arma. Mas não estou com medo. Estou com raiva. E quero respostas.
— Por que você fez isso Hector?
— Se você quer mesmo saber, a culpa é toda do seu pai. Ele queria sair da Sangue... Mas não há saída Joe. Seu pai era o melhor de todos sabe? Pouco antes de morrer, ele bem que tentou desistir. E então tivemos que lhe dar um desafio, um castigo... Mas em vez de surra, ou tôrtura, nós o mandamos receber um carregamento. Era esse o desafio: tráfico Joe. Tráfico de drogas, agora de pai para filho... — Hector começa a rir... E sua risada horrível fica reverberando em meus ouvidos enquanto ele aponta para Harry e volta a falar: — Se vocês dois conseguirem sobreviver... O seu pai vence. O estúpido filho da puta nunca teve uma chance. Pensei que pudesse treinar você para assumir uma posição invejável como um grande traficante e um grande vendedor de armas. Que nada! Você realmente é igual ao seu pai. Um cara que não tem palavra, um perdedor, um desistente... Um covarde!
Olho para Harry que mal consegue respirar. O ar já não penetra seus pulmões. Vejo seu peito manchado de sangue, o alvo vermelho aumentando de tamanho e me lembro do meu pai. Só que agora já não tenho seis anos. Agora tudo está claro como cristal.
Harry tenta erguer a cabeça... Meus olhos encontram os dele por um breve e intenso momento.
— A Sangue Latino nos traiu cara. — Essas são as últimas palavras de Harry que revira os olhos e cai sem vida, em meus braços.
— Solte esse cara, já! — Hector grita, brandindo sua arma no ar como um lunático. — Ele está morto Joe... Tal como o seu velho. Agora levante-se e olhe para mim, vamos!
Com muito cuidado, deixo o corpo inerte de Harry no chão e me ergo pronto para lutar.
— Ponha as mãos na cabeça de um jeito que possa vê-las. Sabe, quando matei seu pai, você chorou como um escuincle, como um bebê Joe. Chorou nos meus braços, sabe? Nos braços de quem matou seu pai... Não é irônico?
Eu tinha seis anos de idade. Se soubesse que Hector era o assassino, jamais teria entrado na Sangue.
— Por que você fez isso, Hector?
— Moleque, você não vai aprender nunca não é? Veja só... Tu papá se achava melhor do que eu. Mas mostrei a ele, não foi? O imbecil andou se gabando por aí, dizendo que a zona sul era um lugar muito bom de se viver... E que não havia gangues em Fairfield. Mas eu mudei esse quadro Joe. Coloquei meus rapazes para trabalhar, para recrutar gente em todas as famílias, todos os lares. A escolha era simples: quem não estava comigo, estava contra mim... O que significava correr o risco de perder tudo, até a vida. Isso meu caro, é o que faz de mim um homem poderoso, el jefe.
— Isso faz de você um louco.
— Louco. Gênio. Dá no mesmo. — Hector me empurra com a arma.
— Agora, ajoelhe-se. Acho que este é um bom lugar para morrer... Bem aqui, no meio da floresta, como um animal. Você quer morrer como um animal Joe ?
— Você é o animal, imbecil. Você poderia ao menos me olhar nos olhos quando for me matar, assim como fez com meu pai.
Hector começa a andar ao meu redor... E finalmente surge minha chance: agindo com rapidez, agarro-o pelo pulso e consigo derrubá-lo.
Hector pragueja e meio atordoado, consegue se levantar rapidamente, ainda segurando a arma. Tiro vantagem do momento e dou-lhe um pontapé nas costelas.
Hector cambaleia e consegue me acertar de raspão na cabeça com a coronha. Caio sobre os joelhos, me amaldiçoando por não ser invencível... Por ser apenas humano.
Lembro-me de meu pai e de Harry... Assim, ganho forças para continuar lutando, aqui, em plena escuridão. Tenho certeza de que Hector está só esperando uma chance para atirar.
Chuto as costas dele e perco o equilíbrio... Quando me aprumo, vejo Hector apontando sua Glock diretamente para o meu peito.
— Aqui é a polícia de Arlington Heights! Soltem suas armas e ergam as mãos de um modo que possamos vê-las!
Mal consigo enxergar as luzes azuis e vermelhas através da neblina e das árvores.
Levanto as mãos.
— Solte a arma, Hector. O jogo acabou.
Mas ele continua segurando a Glock, mirando meu peito.
— Largue a arma! — a polícia ordena. — Agora!
Hector está furioso. Posso sentir sua raiva vibrando na curta distância que nos separa. Sei o que esse covarde pretende fazer... Não tenho a menor dúvida: ele vai puxar o gatilho.
— Você está enganado Joe — diz Hector. — O jogo mal começou.
Tudo acontece muito rápido.
Salto para a direita enquanto os tiros espocam.
Pop. Pop. Pop.
Cambaleante, recuo alguns passos. Sei que estou ferido. A bala me atravessa a pele penetrando profundamente. Uma sensação de fogo se espalha por todo meu corpo, como se alguém me despejasse Tabasco. Então, meu mundo se apaga.

DEMI *



Acordo às cinco da manhã com o toque do meu celular. É Miley quem está ligando, provavelmente para me pedir algum conselho sobre Harry...
— Oi Mi, você sabe que horas são? — digo sonolenta.
— Ele está morto Demi. Ele se foi.
— Quem? — pergunto apavorada.
— Harry. Não sei se eu deveria ter telefonado, mas você acabaria descobrindo que Joe também estava lá e...
Aperto o celular com força:
— Onde está Joe ? Ele está bem? Por favor, diga que sim! Eu imploro, Mi... Por favor!
— Joe foi baleado.
Por um instante, espero ouvir as palavras que mais temo: “Joe está morto.” Mas não é isso que ela diz:
— Ele está sendo operado no Lakeshore Hospital.
Antes que Miley termine a frase, arranco o pijama e começo a me aprontar para sair. Meus gestos são trêmulos. Pego as chaves e caminho até a porta ainda ouvindo Miley, que relata o que aconteceu com todos os detalhes que pôde conseguir.
A transação da droga deu errado. Harry e Hector morreram. Joe foi ferido e neste momento está numa sala de cirurgia. Isso é tudo o que Mi sabe.
Desligo o celular e sigo para o hospital.
— Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu Deus — repito, como se rezasse um salmo ao longo de todo o trajeto.
Depois que me entreguei a Joe ontem à noite, tive certeza de que ele faria uma escolha, que deixaria a gangue e o tráfico de drogas para ficar comigo.
Joe pôde trair nosso amor... Mas eu não posso. Um soluço me faz estremecer. Desato num choro profundo. Ontem, Harry me garantiu que daria um jeito de Joe não participar daquela transação sinistra... Oh, Deus! Harry  foi no lugar dele e acabou morrendo... Pobre e querido Harry !
Tento não pensar na possibilidade de Joe não resistir à cirurgia. Uma parte de mim morreria com ele.
Pergunto à recepcionista do hospital onde posso conseguir informações sobre o estado de Joe.
Ela pede que eu soletre meu nome e começa a digitar no micro. O som do teclado me deixa louca. Ela está demorando tanto que tenho vontade de agarrá-la pelos ombros e exigir que se apresse. Por fim, a mulher me olha com curiosidade:
— Você é da família?
— Sim.
— Grau de parentesco?
— Irmã.
A mulher meneia a cabeça, evidentemente incrédula e então dá de ombros:
— Joseph Fuentes foi internado com um ferimento a bala.
— Mas ele vai ficar bem, não é? — pergunto chorando.
A mulher volta a digitar.
— Parece que a cirurgia vai durar algumas horas, Srta. Fuentes. A sala de espera fica naquele corredor à direita. É uma sala cor de laranja... O doutor falará com a senhorita a respeito do seu irmão assim que terminar a cirurgia.
— Obrigada.
A mãe de Joe e seus dois irmãos estão na sala de espera, sentados em cadeiras cor de laranja. Ao vê-los, sinto-me congelar.
A mãe é a primeira a notar minha presença. Seus olhos estão vermelhos; lágrimas escorrem por suas faces.
Levo a mão à boca tentando conter um soluço, mas não consigo. As lágrimas me inundam os olhos... E através delas vejo a Sra. Fuentes abrir seus braços para mim.
Tomada por uma forte emoção, corro a abraçá-la...................
As mãos de Joe estremecem. Olho para ele. Estive aqui, sentada por toda a noite esperando que ele acordasse. Sua mãe e os dois irmãos também permaneceram a seu lado. O doutor disse que talvez ele levasse horas para recobrar a consciência. Umedeço uma toalha de papel na pia do banheiro e pressiono-a contra a testa de Joe. Fiz isso durante a noite enquanto ele transpirava e se debatia num sono bastante agitado.
Seus olhos parecem querer se abrir... É como se ele estivesse lutando contra o efeito dos sedativos para poder enfim acordar.
— Onde estou? — A voz de Joe soa entrecortada.
— No hospital — responde a Sra. Fuentes erguendo-se da cadeira de um salto.
— Você foi baleado — diz Nick com a voz carregada de aflição.
Joe franze a testa confuso:
— Harry... — ele diz por fim.
— Não pense sobre isso agora — digo, tentando conter a emoção sem muito sucesso.
Preciso ser forte, não por mim, mas por Joe... E não vou decepcioná-lo. Ele ensaia um gesto para alcançar a minha mão, mas seu rosto se contrai numa expressão de dor. Ele desiste.
Tenho tantas coisas para contar a Joe, tanto a dizer! Gostaria de poder mudar o passado. Gostaria de salvar Joe, de salvar Harry de seu destino sombrio.
Ainda muito sonolento e fraco, Joe me pergunta:
— Por que você está aqui?
A Sra. Fuentes acaricia seu braço, tentando confortá-lo.
— Demetria passou toda a noite ao seu lado Joe. Ela está preocupada com você.
— Preciso conversar com Demetria... — ele diz, ainda com a voz muito fraca. — Em particular.
Nick, Frankie e a Sra. Fuentes saem do quarto. E assim, temos um pouco de privacidade.
Joe tenta mudar de posição, mas se encolhe de dor e desiste.— Quero que você vá embora — diz, me fitando nos olhos.
— Você não pode estar falando sério — respondo tomando sua mão. — Não pode!
— Mas estou. — Ele retira a mão, como se esse simples contato comigo o queimasse.
— Joe, nós vamos superar tudo isso e seguir em frente. Eu amo você.
Ele desvia lentamente o rosto e olha para o chão. Então engole em seco e limpa a garganta:
— Transei com você por causa de uma aposta, sabe? — ele diz num tom ainda muito baixo, mas as palavras são claras. — Aquilo não significou nada para mim. Você não significa nada para mim Demetria.
Eu recuo atônita, enquanto as palavras cruéis de Joe penetram fundo em minha mente.
— Não — eu murmuro.
— Você e eu... Tudo não passou de um jogo. Apostei com Lucky que seria capaz de foder com você antes do Dia de Ação de Graças. Lucky apostou seu carro, um RX7 e eu apostei minha moto, o Julio.
Quando Joe usa a palavra “foder” para falar do nosso ato de amor, eu me encolho como se atingida por um duro golpe. Se ele chamasse apenas de “sexo”, já seria o bastante para me matar de amargura. Mas chamar de “foda”... é algo que faz meu estômago revirar. Deixo minhas mãos caírem ao longo do corpo. Quero que Joe retire o que disse.
— Você está mentindo.
Ele volta a me fitar. Oh  Deus... Não há emoção alguma nesses olhos que agora parecem de aço, tão frios e letais como as palavras.
— Se você acha que aquilo que aconteceu entre nós foi pra valer... Então você é mesmo patética.
Eu meneio a cabeça violentamente, num obstinado gesto de negação.
— Não me ofenda Joe. Não quero me sentir magoada. Não por você. Não agora. — Meus lábios tremem, enquanto faço uma súplica silenciosa: Por favor!
Ele não responde e eu recuo mais um passo, quase tropeçando enquanto penso sobre mim mesma, sobre a Demetria verdadeira, real, que somente Joe conhece.
— Eu confiei em você — digo num sussurro, como se pedisse um pouco de compaixão.
— Quem confundiu as coisas foi você... E não eu.
Joe toca o ombro esquerdo e estremece de dor. No instante seguinte, seus amigos irrompem no quarto. Devem ser seis, ou mais. Eles o cumprimentam, desejam melhoras, oferecem apoio e simpatia enquanto permaneço imóvel a um canto, totalmente ignorada.
— Como foi aquela história da aposta? — pergunto, elevando a voz sobre a agitação geral.
Todos me olham. Até mesmo Joe. Miley dá um passo na minha direção, mas eu a faço parar com um gesto.
— É verdade? Joe apostou que conseguiria fazer sexo comigo? — pergunto, usando a palavra “sexo” e não “foda”, como Joe  fez... Pois minha mente ainda se recusa a acreditar em suas palavras cruéis. Não. Não pode ser verdade.
Todos os olhares agora se voltam para Joe. Mas os olhos de Joe estão fixos nos meus.
— Podem contar — Joe ordena.
Um rapaz chamado Sam ergue a cabeça:
— Bem... Hum... Sim. Joe ganhou o RX-7 de Lucky.
Começo a me afastar de costas até a porta, tentando manter a cabeça erguida. Joe me olha  com uma expressão dura, impassível.
Com um nó na garganta, digo:
— Parabéns... Você venceu. Espero que goste do seu novo carro.
Quando alcanço a maçaneta e abro a porta, o olhar frio de Joe se transforma em alívio. Saio do quarto devagar. Já no corredor, escuto Miley me seguindo... E começo a correr. Quero fugir dela, desse hospital, de Joe. Quero deixar tudo para trás. Infelizmente não posso fugir do meu coração... Que dói  no recanto mais profundo do meu ser. De uma coisa tenho certeza: nunca mais serei a mesma Demetria. Nunca mais.

...........................continua

NOSSA !!!! SÓ EU QUE FIQUEI TODA ARREPIADA E CHOROSA COM ESSE CAPÍTULO ???
GALERA...PRA QUEM ACHOU ESTE CAPÍTULO MUITO TRISTE,ASSIM COMO EU,ENTÃO NO CAPÍTULO EM QUE JOE PASSA POR UMA AVALANCHE DE SOFRIMENTOS,VOCÊS VÃO CHORAR MUITOOO
...............BOM,SEM MAIS NADA PRA FALAR ..KKK
ATÉ O PRÓXIMO POST ......MUITO OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS ...BEIJOSSS


domingo, 15 de junho de 2014

capitulo 33

JOE *



Sim — Ela responde. — E você...? Já pensou em fazer amor comigo?
Passei muitas noites acordado, imaginando como seria dormir com Demetria... Amar Demetria.
— Neste exato momento muñeca, não penso em mais nada a não ser em fazer amor com você. — Consulto o relógio. Preciso sair logo. Os traficantes não ligam a mínima para a minha vida pessoal. Não posso me atrasar... Mas quero Demetria desesperadamente. — Seu casaco será o próximo... Tem certeza de que quer continuar? — Tiro minha outra meia. Estou quase nu, exceto por meu jeans e cueca.
— Quero sim. — Ela abre um largo sorriso e seus belos lábios rosados brilham à luz da oficina. — Apague as luzes antes que... Bem... Antes que eu tire o casaco.
Obedeço e fico observando enquanto ela se levanta e começa a desabotoar o casaco diante do aquecedor. Seus dedos tremem.
Estou em transe, estou em êxtase, ainda mais quando ela me encara com aqueles olhos  brilhando de desejo.
Demetria abre lentamente o casaco. Meus olhos estão vidrados na beleza que até então ele escondia. Demetria se aproxima de mim... Mas tropeça no sapato que tirei há pouco. Eu a seguro a tempo, faço com que se deite sobre a manta... E me inclino sobre ela.
— Obrigada por não me deixar cair — ela agradece ofegante.
Afasto uma mecha de cabelos de seu rosto e me deito a seu lado.
Demetria me envolve com seus braços. Tudo o que desejo neste momento, é proteger essa menina pelo resto de minha vida. Abro totalmente seu casaco, me afasto um pouco para contemplar essa beleza... E deparo com um sutiã pink rendado. Nada mais.
— Como um anjo... — digo baixinho.
— Nosso jogo acabou? — ela pergunta tensa.
— Definitivamente querida... Pois o que vamos fazer agora não é mesmo um jogo.
Seus dedos de unhas perfeitas, tocam meu peito. Será que Demetria sente as batidas do meu coração?
— Eu trouxe preservativos — ela diz.
Se eu soubesse! Se tivesse noção de que esta noite seria “a noite”... Viria mais preparado. Sinceramente, acho que nunca pensei que este momento com Demetria pudesse se tornar realidade. Ela mexe no bolso do casaco... E vários preservativos se espalham sobre a manta.
— Você está pensando em passar a noite fazendo amor?
Constrangida, ela esconde o rosto entre as mãos.
— Eu apenas... comprei... um monte.
Afasto as mãos de Demetria e encosto minha testa à dela.
— Não fique assim... Eu estava só brincando.
Ajudo-a a tirar de uma vez o casaco fazendo-o deslizar por seus ombros.
Vai ser horrível deixar Demetria sozinha nesta noite. Gostaria de fazer amor com ela até o amanhecer. Mas essas coisas só acontecem nos romances e nos contos de fadas.
— Você... não vai... tirar o jeans? — ela pergunta.
— Daqui a pouco. — Gostaria de mandar no tempo e fazer com que esse momento durasse para sempre. É como passar pelo paraíso, sabendo que a próxima estação será o inferno. Lentamente vou desenhando com beijos a linha do pescoço e os ombros de Demetria.
— Sou virgem Joe. E se eu fizer tudo errado?
— Não há como errar. Isto não é uma prova  na aula da Peterson. Isto é entre você e eu. Neste momento o resto do mundo não conta, ok?
— Ok — ela responde suavemente. Seus olhos parecem cintilar. Será que ela está chorando?
— Eu não mereço você. E você sabe disso querida...
— Quando será que você vai entender que é um bom sujeito? — Como não respondo, ela puxa meu rosto para junto do seu e diz  baixinho: — Nesta noite meu corpo é seu... Você quer?
— Quero... E como quero! — Continuamos nos acariciando; tiro meu jeans e a cueca. Abraço Demetria com força, fascinado com a suavidade e o calor de seu corpo junto ao meu. — Você está com medo? — pergunto ao seu ouvido... Ela está pronta, eu estou pronto e já não posso esperar mais.
— Um pouco, mas confio em você.
— Relaxe  minha linda.
— Estou tentando.
— Se você não relaxar, não vai dar certo... — Eu me afasto e alcanço um preservativo com as mãos trêmulas. — Você tem certeza de que...
— Sim, sim tenho. Eu amo você Joe. Amo você — ela repete, agora quase em tom de desespero.
Deixo que suas palavras calem fundo em meu corpo e minha alma... Tento me controlar para não ir muito fundo. Não quero machucá-la.
Mas o que estou pensando? A quem estou tentando enganar? A primeira vez de uma garota é sempre dolorosa, mesmo que o cara seja cuidadoso e delicado.
Tenho vontade de contar a Demetria o que estou sentindo... De dizer que ela se tornou o centro da minha vida. Mas não posso. As palavras não veem.
— Venha Joe — ela diz, percebendo minha hesitação. — Faça isso...
Faço... Mas quando Demetria  prende a respiração, sinto uma vontade louca de aliviar seu sofrimento, de mandar a dor para bem longe.
Uma lágrima escorre por sua face de anjo... Ver Demetria assim, emocionada, é minha perdição.
Pela primeira vez desde que meu pai morreu, sinto uma lágrima brotando no canto do olho e me escorrendo pela face. Uma lágrima que Demetria sorve com um beijo segurando meu rosto entre as mãos.
Preciso tornar este momento perfeito. Pois talvez eu nunca mais tenha outra chance de estar com Demetria. Ela precisa saber o quanto isso pode ser bom...
Concentro-me inteiramente nela, ansioso para fazer deste momento algo muito além de especial. Depois de tudo, eu a puxo para bem perto de mim. Ela se aconchega em meu corpo enquanto acaricio seus cabelos. Estamos ambos contentes por desfrutar do nosso mundo pelo maior tempo possível.
Mal posso acreditar que ela me entregou seu corpo. Eu deveria me sentir vitorioso. Mas em vez disso, me sinto péssimo. Será impossível proteger Demetria pelo resto de sua vida, de todos os caras que quiserem ficar com ela, ou vê-la como só eu a vi. Tocá-la como eu toquei. Cara, eu não vou deixar essa menina ir embora. Mas é tarde. Não posso mais perder tempo. Afinal, ela não será minha para sempre... E nem posso fingir que será.
— Você está bem? — eu pergunto.
— Sim. Muito bem.
— Escute, eu realmente preciso ir — digo lançando um olhar ao relógio digital fixado de um jeito meio torto sobre um carrinho de ferramentas.
Demetria apoia o rosto no meu peito.
— Você vai sair da Sangue não é?
Meu corpo enrijece inteiro.
— Não — respondo com a voz carregada de angústia.
Porra, por que ela me perguntou isso?
— Mas agora tudo mudou Joe. Nós fizemos amor.
— O que nós fizemos foi lindo. Foi magnífico. Mas isso não muda nada.
Ela se levanta, recolhe suas roupas e começa a se vestir.
— Então sou apenas mais uma garota  na sua lista?
— Não fale assim.
— Por que não, se esta é a verdade?
— Não.
— Então prove Joe.
— Não posso.
Gostaria de responder de um modo diferente. Mas Demetria precisa saber que será sempre assim, que daqui por diante terei de deixá-la muitas vezes para cumprir meus compromissos com a Sangue. Esta garota branca que me ama de corpo e alma, com todo seu coração, com tanta intensidade, é como uma droga perigosa que vicia. Ela merece o melhor.
— Sinto muito — digo, depois de vestir o jeans. O que mais posso dizer?
Demetria desvia os olhos e caminha até a porta da oficina. Seus movimentos são mecânicos, tensos, como se ela fosse um robô. O som de pneus cantando no asfalto me põe em alerta. Alguém está vindo para cá... Lucky, em seu RX-7. Hum... Isso não é nada bom.
— Entre em seu carro — eu ordeno a Demetria.
Mas é tarde. O RX-7 de Lucky está lotado de caras da Sangue que conversam aos gritos e fazem muito barulho. O carro para bem diante de nós.
— Não posso acreditar! — grita Lucky  pela janela. —Você ganhou a aposta! ¡Ganaste la apuesta!
Tento esconder Demetria atrás de mim  mas é inútil... A essa altura, os caras já estão de olho em suas pernas esguias que o casaco não cobre totalmente.
— O que ele está dizendo? — Demetria pergunta.
Tenho vontade de dar meu jeans a ela, para cobrir essas pernas tão lindas.
Se Demetria souber da aposta, pensará que foi por isso que fiz amor com ela. Preciso tirá-la daqui  e rápido.
— Nada — eu respondo. — Ele só está falando besteiras. Agora entre no carro. Depressa!
Escuto a porta do RX-7 de Lucky se abrindo com um rangido, ao mesmo tempo em que Demetria abre a porta do seu carro.
— Não fique zangado com Harry — ela diz, acomodando-se no banco.
— Zangado por quê?
— Vá — eu ordeno, sem tempo de perguntar o que ela queria dizer com isso. — Depois a gente conversa.
Demetria aciona o motor e parte.
— Porra  cara! — diz Lucky, admirado com o reluzente carro de Demetria que vai desaparecendo à distância. — Achei que aquele papo do Enrique era mentira... Mas você realmente ganhou a Demetria Lovato não foi? E aí... Você gravou a coisa em vídeo?
Minha resposta é um soco no estômago, que faz Lucky cair de joelhos. Subo na moto e acelero, deixando Lucky para trás.
Quando avisto o Camry de Enrique, paro ao lado dele.
— Escute Joe... — diz Enrique abrindo a janela — sinto muito por ter contado aos caras que você estava na oficina com...
— Tô saindo fora disso cara — digo, interrompendo-o. Jogo as chaves da oficina para ele e vou embora.
No caminho para casa, penso em Demetria e no quanto ela significa para mim... Então dou de cara com a realidade: Não vou me tornar um traficante de drogas!
Agora entendo aqueles filmes românticos que as meninas adoram e que sempre me fizeram morrer de rir... Pois neste momento estou agindo exatamente como um herói idiota, capaz de arriscar tudo por uma garota.
Estoy enamorado. Estou amando.
Dane-se a Sangue. Posso muito bem proteger minha família e ao mesmo tempo ser fiel a mim mesmo. Demetria tem razão. Minha vida é importante demais para ser desperdiçada no tráfico de drogas.
A verdade é que não estou a fim de entrar nessa. Quero estudar e fazer da minha vida uma coisa boa, que valha a pena.
Não sou nada parecido com meu pai. Ele foi um homem fraco, que escolheu o caminho mais fácil. Mas eu não. Vou encarar o desafio de deixar a Sangue, vou pagar o castigo. E que se dane o risco. Se eu sobreviver, voltarei para Demetria como um homem livre. ¡Lo juro!
Não sou traficante de drogas. Vou decepcionar Hector eu sei. Mas quando entrei na gangue, foi para ajudar a proteger meu bairro e minha família, não para mexer com isso. Desde quando traficar virou uma necessidade? Desde aquela noite em que a polícia me parou, a situação piorou muito, virou uma bola de neve. Fui preso, Hector me tirou da cadeia e virei seu devedor. E logo depois que comecei a conversar com outros OGs sobre a morte do meu pai, Hector e minha mãe discutiram pra valer. E minha mãe apareceu com uns hematomas. Depois disso, Hector pegou pesado, me pressionando sem trégua com essa história do tráfico.
Harry  tentou me avisar; ele sabia que alguma coisa não estava bem. Quebro a cabeça e então as peças começam a se encaixar  lentamente...
¡Dios! Será que a verdade estava bem diante dos meus olhos? Mas claro... Existe uma pessoa que pode me contar tudo sobre a noite em que meu pai morreu!
Entro em casa a mil por hora e bato a porta com força. Minha mãe está na sala.
— A senhora sabe quem matou Papá!
— Joseph  não...
— Foi alguém da Sangue não? A senhora e Hector conversaram sobre isso no casamento de Elena. Ele sabe quem foi. E a senhora também.
Os olhos dela se enchem de lágrimas.
— Estou avisando Joseph. Não mexa com isso, por favor!
— Quem foi? — pergunto ignorando seu pedido.
Ela desvia os olhos.
— Fale! — grito, a plenos pulmões.
Minha mãe se encolhe. Por muito tempo, eu só queria que o sofrimento dela acabasse. Nem pensava em fazer perguntas sobre o assassinato do meu pai. Ou talvez não quisesse saber, talvez tivesse medo da verdade. Mas já não posso continuar assim.
Ela leva a mão à boca; parece ter dificuldade para respirar.
— Hector... foi Hector.
A verdade me atinge em cheio. Horror, espanto e sofrimento se espalham por todo meu ser. Minha mãe me olha com amargura.
— Eu só queria proteger você e seus irmãos Joseph. Esta é a verdade. Seu papá quis sair da Sangue e por isso foi morto. Hector quer que você ocupe o lugar dele. Hector me ameaçou... E disse que se você se negar, toda a família acabará como seu pai.
Não quero ouvir mais nada.
Hector pagou minha fiança e então fiquei devendo esse favor a ele. Depois  Hector me veio com aquela história do carregamento que ia chegar... E me pressionou de tal modo que não pude dizer não. O negócio é que ele queria me enganar. Queria que eu pensasse que estaria dando um passo à frente quando na verdade, esse passo apenas me levaria a cair em sua armadilha.
Provavelmente Hector suspeitou que eu não tardaria a descobrir a verdade... Que numa hora dessas, alguém acabaria me contando. Seria apenas uma questão de tempo.
Corro até o quarto e abro minha gaveta, concentrado unicamente no que devo fazer agora: enfrentar o assassino de meu pai. Mas a arma desapareceu.
— Você mexeu na minha gaveta? — pergunto agarrando Nick pela gola da camisa no momento em que ele está se sentando no sofá da sala.
— Não Joe — ele responde. — Pode acreditar! Harry esteve no nosso quarto hoje, mas disse que só queria pegar sua jaqueta emprestada.
Harry  levou minha arma. Eu deveria ter adivinhado. Mas como ele soube que eu não estaria em casa?
Demetria......
Ela ficou me distraindo nesta noite de propósito. Bem que ela me disse para não fic ar zangado com Harry. Os dois tentaram me proteger... Pois fui covarde e estúpido o suficiente para não enxergar o que estava bem diante dos meus olhos.
As palavras de Demetria soam de novo em minha mente: Não fique zangado com Harry.
Vou até o quarto de minha mãe e aviso:
— Se eu não voltar, leve Nick e Frankie para o México.
— Mas Joseph...
— Mamá — eu digo me sentando na beira da cama. — Eles estão correndo perigo. Salve os dois, por favor. Não deixe que tenham o mesmo destino que eu.
— Não fale assim. Seu pai falava desse mesmo jeito...
Tenho vontade de gritar que sou como Papá, que cometi os mesmos erros. Mas não vou deixar que isso aconteça com meus irmãos.
— Prometa... — eu insisto. — Preciso ouvir isso de sua boca. E estou falando sério.
Lágrimas escorrem por sua face. Ela me beija e me abraça com força.
— Eu prometo... Prometo!
Saio de casa, pego a moto e tomo uma atitude que nunca me imaginei capaz de tomar: ligo para Gary Frankel, o garoto branquelo que conheci na cadeia e peço um conselho. Ele me diz para fazer algo que nunca me imaginei fazendo: ligar para a polícia.

DEMI *



Faz cinco minutos que estou aqui, no pátio da casa de Selena, sem coragem de sair do carro. Ainda não consigo acreditar que fiz amor com Joe. Não me arrependo de nada, mas tudo parece tão irreal.
Ainda mais porque senti que Joe estava... não sei... desesperado, como se quisesse provar alguma coisa para mim, não com palavras mas com ações.
Estou zangada comigo por ter sido tão emotiva, mas não pude evitar. Chorei de alegria, de felicidade. Chorei por amor. E quando vi uma lágrima escorrendo pelo rosto de Joe, eu a colhi com um beijo... Quis guardar aquela lágrima para sempre, porque essa foi a primeira vez que ele chorou na minha frente. Pois Joe não chora, não se permite ficar emocionado... Com nada.
Mas nesta noite Joe mudou, querendo ou não. Eu também mudei.
Entro na casa de Selena e a encontro no sofá da sala... Junto com meus pais.
— Hum... Isso está parecendo suspeito, como um episódio daquele programa, Intervention.
— Não se trata de uma intervenção Demi... E sim de uma conversa — diz Selena.
— Por quê?
— Por quê? — diz meu pai. — A resposta não é óbvia? Você sumiu de casa!
Olho para meus pais e me pergunto como pudemos chegar a esse ponto. Minha mãe parece vestida para um funeral, toda de preto com os cabelos presos num coque. Meu pai está de jeans e moletom. Pelo seus olhos congestionados e vermelhos, posso apostar que ele passou a noite em claro. E talvez minha mãe também, só que ela jamais confessaria... Em vez disso, pingaria um colírio para mascarar a verdade.
— Não posso mais fazer o papel da filha perfeita — eu digo calma e simplesmente. — Pois não sou perfeita. Será que vocês podem aceitar isso?
Meu pai franze a testa, a ponto de suas sobrancelhas se juntarem... Sinal de que ele está fazendo um intenso esforço para manter o controle.
— Não queremos que você seja perfeita filha. Dianna, diga a ela como você se sente.
Minha mãe meneia a cabeça como se não pudesse compreender por que estou dizendo tudo isso, fazendo essa tempestade em copo d’água.
— Demi, isso já foi longe demais. Pare com essa manha, essa rebeldia, esse egoísmo. Seu pai e eu não queremos que você seja perfeita. Só queremos que você sempre se esforce ao máximo para atingir o melhor de si mesma, e isso é tudo.
— E vocês querem isso porque Shelley a despeito do quanto ela possa tentar jamais conseguirá corresponder às suas expectativas?
— Deixe Shelley fora disso — diz meu pai. — Não é justo envolvê-la nessa conversa.
— Por que não, se o que estamos falando tem tudo a ver com Shelley? — Estou me sentindo derrotada. É como se todas essas palavras que me veem à boca, não fossem suficientes para explicar o que estou sentindo... Não adianta, as coisas entre nós nunca se resolverão. Deixo-me cair numa cadeira estofada de veludo em frente a eles. — Pelo que me consta, eu não fugi de casa. Apenas estou passando uns dias com minha melhor amiga.
— E nós somos muito gratos a ela — diz minha mãe, tirando um fiozinho de linha que grudou em sua calça na altura da coxa. — Selena vem nos mantendo informados diariamente sobre você.
Olho para minha melhor amiga encolhida a um canto do sofá. Ela ergue as mãos como se pedisse desculpas. E então corre a atender a porta, pois é noite de Halloween e alguém acaba de tocar a campainha.
— Quanto tempo você ainda pretende ficar fora de casa? — pergunta minha mãe.
Preciso tanto dos meus pais. Preciso de uma compreensão que provavelmente eles nem têm para dar.
— Eu não sei — respondo por fim.
Meu pai leva a mão à testa, como se estivesse com enxaqueca.
— Será que nossa casa é tão ruim assim?
— Ruim não... Mas é estressante. Mãe, você me pressiona demais. Pai, detesto quando você chega de viagem e usa nossa casa como se fosse um hotel. Somos estranhos vivendo sob o mesmo teto. Eu amo vocês, mas não quero me sentir obrigada a “me esforçar ao máximo para atingir o melhor de mim mesma”. Quero apenas me exercer, quero apenas ser o que sou. Quero ser livre para tomar decisões e aprender a partir dos meus erros, sem entrar em pânico, sem me sentir culpada ou aflita, com medo de não corresponder às expectativas de vocês. — Sinto vontade de chorar, mas consigo sufocar as lágrimas. — Não quero decepcionar vocês. Sei que Shelley não pode ser normal, não pode ser como eu. E sinto tanto por isso... Por favor, não mandem Shelley embora de casa por minha causa.
Meu pai se ajoelha ao meu lado.
— Não fique triste Demi. Não é por sua causa que queremos internar Shelley numa clínica. Quanto à deficiência... Não é culpa sua. Não é culpa de ninguém.
Minha mãe, com os olhos fixos na parede como se estivesse em transe, diz:
— A culpa é minha.
Todos nos voltamos para ela, porque essas eram as últimas palavras que esperávamos ouvir de sua boca.
— Dianna ? — diz meu pai, tentando tirá-la desse estado.
— Mãe, do que você está falando?
Ela continua fitando o vazio enquanto fala:
— Sei que fui a responsável. Durante esses anos todos venho me acusando...
— Dianna, não foi por sua culpa...
— Quando Shelley era muito pequena, eu a levava para passear... — minha mãe o interrompe num tom suave, como se estivesse pensando em voz alta. — Ah, como eu invejava as outras mães que tinham filhos normais, que conseguiam ficar em pé sozinhos... Que conseguiam pegar seus brinquedos, correr... Muitas vezes, percebi os olhares de compaixão que elas me lançavam. Olhares que eu detestava. Uma ideia se formou em minha mente... A ponto de me deixar obcecada: achei que tivesse ingerido mais verduras e legumes, durante a gravidez e feito exercícios físicos, talvez pudesse ter evitado que Shelley nascesse desse jeito... Sim, eu me considerava responsável pela deficiência dela, embora seu pai insistisse em dizer que a culpa não era minha. — Ela olha para mim e sorri melancolicamente. — E então você nasceu, minha princesa loira.
— Mamãe, eu não sou uma princesa e Shelley não é digna de piedade. Nem sempre vou sair com o rapaz que você gostaria que eu namorasse, nem sempre vou me vestir de acordo com o seu gosto e definitivamente, não vou agir do jeito que você quer. Shelley tampouco, viverá de acordo com suas expectativas.
— Eu sei.
— Será que algum dia você vai entender tudo isso de um jeito tranquilo?
— Provavelmente não.
— Você é tão crítica e intransigente! Oh Deus, eu faria qualquer coisa se você parasse de me culpar por cada erro, por cada pequeno deslize... Mãe, por favor, me ame por mim, me ame como sou. Ame Shelley como Shelley é. Pare de se concentrar só nas coisas ruins, porque a vida é muito curta, passa rápido demais.
— Você resolveu namorar um rapaz de gangue! — ela argumenta. — E ainda acha que não devo me preocupar?
— Não. Sim. Não sei. Se eu não me sentisse num tribunal, julgada por você o tempo inteiro, talvez pudéssemos conversar sobre isso. Se você o conhecesse quem sabe...? Ele é muito melhor do que as pessoas imaginam mãe. Mas se você quiser que eu faça tudo escondido, que invente mentiras e fuja de casa para me encontrar com ele... Eu farei.
— Ele é membro de uma gangue — minha mãe diz  secamente.
— Ele se chama Joe.
Meu pai se senta.
— Demetria, saber o nome desse rapaz não muda em nada a situação. Ele pertence a uma gangue e isso é um fato.
— Realmente... Mas saber que ele se chama Joe já é um passo na direção certa. Você prefere que eu seja sincera, que diga a verdade ou que faça tudo às escondidas?
Levamos uma hora para chegar a um acordo... Por fim, minha mãe concorda em tentar ser mais cordata, flexível, e não reclamar tanto de tudo. Meu pai promete que sairá do trabalho mais cedo duas vezes por semana, para chegar em casa antes das seis e jantar conosco.

Quanto a mim, concordo em levar Joe até nossa casa para que possam conhecê-lo. Prometo também que quando sair, contarei aonde pretendo ir... E com quem. Os dois não gostam da situação, nem aprovam meu namoro com Joe. Mas vão tentar... e isso já é um começo. Quero fazer as coisas bem... Pois é melhor recolher as peças quebradas para tentar rejuntá-las do que deixá-las assim, fragmentadas, como estão. Quem sabe com um pouco de boa vontade, possamos enfim nos entender.

..................................................continua...

MAIS UM CAPÍTULO !!!!
QUE LINDO O MOMENTO JEMI *--*
O QUE SERÁ Q JOE VAI FAZER ???  E O Q VAI ACONTECER COM HARRY ???
DIVULGAÇÃO :
BRUNNA GABRIELA  http://minhapaixaoejemi.blogspot.com.br/

GENTE...TÔ PRECISANDO DE ALGUÉM PARA ME AJUDAR A ESCREVER FICS....
QUEM TIVER INTERESSE É SÓ DEIXAR O LINK DO FACEBOOK QUE EU ADICIONO...
AÍ EU VOU EXPLICAR DIREITINHO ......OK ?
MUITO OBG AMORES .....E COMENTEM :D
BEIJOS...


quinta-feira, 12 de junho de 2014

capitulo 32

DEMI *




Depois de me ver acabar com duas caixas de lenço de papel, Selena desistiu de me consolar e me deixou chorar à vontade, até que adormeci.
Agora de manhã, peço a ela para manter as cortinas fechadas; assim o quarto fica em penumbra. Afinal, o que há de errado em passar o dia inteiro na cama?
— Obrigada por não ter dito “eu bem que avisei” — agradeço dando uma olhada no guarda-roupa de Selena. Vou ter que vestir algo quando ela me obrigar a sair deste quarto.
Selena está se maquiando em frente à penteadeira.
— Eu não disse... Mas pensei nisso com toda certeza.
— Obrigada — eu digo secamente.
Selena inspeciona o guarda-roupa e acaba escolhendo um jeans e uma camisa de mangas compridas.
— Vista-se Demi. Minhas roupas não ficarão tão bem em você quanto as suas. Mas mesmo assim, você continua sendo a garota mais bonita de Fairfield.
— Não diga isso.
— Por que não, se é verdade?
— Não é não. Meu lábio superior é muito... grande... e carnudo.
— Os rapazes acham sexy. E as estrelas de cinema pagam milhões para ter lábios carnudos.
— Meu nariz é meio torto...
— Apenas sob um determinado ângulo.
— Meus seios são meio desengonçados.
— Seus seios são do tamanho perfeito Demi. Os rapazes são loucos por seios assim. — Selena me puxa pela mão colocando-me diante do espelho. — Encare a verdade Demi... Você é um modelo de beleza. Ok, seus olhos estão vermelhos, você está abatida e com olheiras depois de passar a noite chorando. Mas afinal, é preciso seguir adiante. Agora olhe para o espelho e diga em voz alta: Eu sou maravilhosa.
— Não.
— Ora, vamos... Você se sentirá melhor depois. Encare o espelho com firmeza e grite: Meus peitos são lindos e firmes como uma rocha!
— Nem pensar.
— Você consegue ao menos reconhecer que seus cabelos são muito bonitos?
Olho para Selena:
— Você costuma falar consigo mesma diante do espelho?
— Sim. Quer ver? — Ela me empurra para o lado, se olha no espelho e diz: — Hum... Nada mal Selena... Justin é um cara de sorte. — Então se vira para mim. — Viu? É fácil!
Em vez de rir, começo a chorar.
— Puxa, será que sou tão feia assim?
Respondo não com um gesto de cabeça.
— Você está chorando porque minhas roupas não são tão sofisticadas quanto as suas? Sei que sua mãe expulsou você de casa mas... Bem, será que ela nos deixaria fazer uma excursão pelo seu closet? Não sei por quanto tempo você suportará usar as minhas roupas que nem são do seu número!
Minha mãe não ligou para cá ontem à noite procurando por mim. Eu até esperei por isso, mas como sempre, ela raramente corresponde às minhas expectativas. Quanto a meu pai... Talvez nem saiba que passei a noite fora de casa. Bem, eles podem ficar com minhas roupas. Provavelmente irei até lá durante o dia sem que eles saibam para ver Shelley.
— Quer um conselho? — Selena pergunta.
Olho para ela com certa cautela.
— Não sei. Desde o começo você foi contra esse namoro.
— Não é verdade Demi. Sei que eu não disse isso antes  mas... Joe é realmente um cara legal quando está relaxado. Eu me diverti muito naquele dia em que fomos a Lake Geneva. Justin também gostou; disse que Joe era um cara tranquilo, bom de se conviver. Não sei o que aconteçeu entre vocês dois, mas acho que você tem duas opções: esquecê-lo, ou dar a ele tudo o que tiver no seu arsenal.
— É isso que você dá a Justin ?
Ela sorri:
— Às vezes Justin precisa de um puxão de orelhas. Quando nosso relacionamento começa a ficar muito cômodo, faço alguma coisa para mudar o ritmo, a dinâmica... Não quero que você interprete meu conselho como um pretexto, uma desculpa para ir atrás de Joe. Mas se você realmente gosta dele, quem sou eu para dizer: “não vá”? Detesto ver você assim, infeliz Demi.
— Eu parecia feliz quando estava com Joe ?
— Exaltada... Acho que é esta a palavra. Mas sim, eu vi você feliz sabe? Feliz como não via há muito, mas muito tempo mesmo. Quando a gente ama alguém desse jeito, os altos e baixos são... radicais. Fatais. Ou estamos muito bem, ou estamos muito mal... Você não concorda?
— Sim... Mas falando desse jeito, até parece que sou bipolar.
— O amor faz isso com a gente.

JOE *



Estou em casa tomando o café da manhã, no dia seguinte ao que Demetria apareceu de surpresa no velho armazém. A porta se abre devagar, e uma cabeça se insinua no vão...
— Harry, se for você, é bom ficar longe de mim! — eu aviso.
Minha mãe me dá um tapa na cabeça:
— Isso é jeito de tratar seus amigos Joseph ?
Volto a comer, enquanto minha mãe abre totalmente a porta para aquele... traidor.
— Você não está zangado comigo Joe... — diz Harry. — Está ?
— Claro que não — minha mãe responde por mim. — Agora sente-se e coma. Fiz chouriço com ovos.
Harry tem a ousadia de me dar um tapinha no ombro e dizer:
— Eu perdôo você cara.
Olho primeiro para minha mãe, para me certificar de que ela não está prestando atenção. Então me viro para Harry:
— Você me perdoa?
— Onde você arranjou esse lábio inchado Harry ? — diz minha mãe, observando o ferimento que eu mesmo causei.
Harry toca o lábio levemente.
— Isso? Ah, eu caí bem em cima do punho de um cara. A senhora sabe como é...
— Não sei não. Você tem caído em tantos punhos ultimamente que num dia desses acabará indo parar no hospital — ela o repreende. — Bem, estou saindo para o trabalho. Harry, veja se consegue ficar longe de encrencas, sí ? E Joseph, não se esqueça de trancar a porta quando sair.
Olho para Harry.
— O que foi? — ele pergunta.
— Você sabe muito bem o que foi! Como pôde levar Demetria ao velho armazém?
— Desculpe — diz Harry atacando a comida. — Estou arrependido.
— Não está não.
— Ok, é isso mesmo. Não estou.
Harry usa os dedos para pegar os alimentos e jogá-los na boca. Isso me aborrece ainda mais.
— Não sei por que continuo aguentando você cara.
— Deixe isso pra lá e me conte o que aconteceu entre você e Demetria ontem à noite — diz Harry, enquanto saímos de minha casa.
Sinto náuseas; meu café da manhã está ameaçando voltar à boca... E não exatamente por conta dos hábitos alimentares de Harry, mas porque estou com raiva. Muita raiva.
Agarro Harry pela gola da camiseta:
— Está tudo acabado. Não existe mais nada entre Demetria e eu. E nunca mais quero ouvir o nome dela.
— Falando no diabo... — diz Harry virando a cabeça. Eu o solto e olho na mesma direção, esperando ver Demetria. Só que ela não está ali... E a próxima coisa que percebo é o pulso de Harry me acertando em cheio no rosto.
— Agora estamos quites Joe. E cara, se a Srta. Lovato souber que você me ameaçou só porque falei o nome dela... As coisas vão ficar bem ruins para o seu lado. Sei que você poderia me matar se quisesse, usando apenas as mãos. Mas tenho de confessar uma coisa: acho que você não faria isso.
— Eu não teria tanta certeza... — Levo a mão ao queixo e sinto gosto de sangue. Tomo fôlego, me armo de paciência e digo: — Harry, é o seguinte: vou parar de pegar pesado com você... E você vai parar de se meter na minha vida, principalmente nos meus problemas com Hector e com a Srta. Lovato... Entendeu?
— Acho que eu já disse, mas vou repetir: essa história de me meter nas suas histórias é o que me mantém vivo... E me dá força para seguir em frente. Puxa, nada me entretém tanto quanto a sua vida... Nem mesmo a surra que meu velho me deu ontem à noite quando chegou completamente bêbado.
Eu olho para o chão.
— Desculpe, Harry. Eu não deveria ter batido em você. Afinal, você já apanha tanto do seu velho.
Harry murmura um “não se preocupe com isso”.
Ontem pela primeira vez, me arrependi do que fiz... Harry tem levado tantas surras do seu velho que provavelmente vive machucado. Sou um completo imbecil por ter batido nele.
De certo modo, estou aliviado com o fim do meu namoro com Demetria. Não sou capaz de controlar meus sentimentos, nem minhas emoções quando ela está por perto.
Preciso evitar essa menina. E vou conseguir... Menos na aula de Química é claro. Que azar essa nossa parceria. Mas tudo bem... vou sair dessa.
O problema é que mesmo não estando mais com Demetria, continuo pensando nela quase que o tempo inteiro. Tenho que esquecer essa menina.
Outra coisa boa que resultou do nosso rompimento: nessas duas últimas semanas, tive tempo de pensar sobre o assassinato do meu pai.
Aquela noite está começando a me voltar à memória em flashes. Mas tem uma coisa que não se encaixa, uma coisa que ainda não consegui entender: pouco antes de morrer, meu pai conversou com alguém; estava muito tranquilo, sorrindo, totalmente à vontade... E de repente ficou espantado, nervoso ao ver uma arma apontada para o seu peito. Mas então, ele conhecia o assassino. E claro que ele não esperava por isso de modo algum... Caso contrário teria sido mais cauteloso, atento, teria se defendido não? Portanto, a conclusão é simples: meu pai foi morto à traição.
Esta é a noite de Halloween, a noite que Hector escolheu para a entrega do carregamento...
Passei o dia inteiro inquieto. Trabalhei em sete carros hoje. Fiz de tudo, desde trocar óleo até substituir peças desgastadas, consertar vazamentos... Tudo.
Deixei a arma que Hector meu deu, na gaveta da cômoda. Não quero andar armado, a menos que seja absolutamente necessário... É uma estupidez pensar assim porque esta será a primeira vez de muitas, que vou traficar. Portanto, de hoje em diante as coisas mudarão um bocado. Provavelmente terei de carregar uma arma comigo o tempo inteiro.
Você é igual ao seu velho.
Tento sufocar essa voz que fica falando dentro da minha cabeça, que me atormentou o dia inteiro... Mas não consigo.
Igualzinho ao seu velho.
Lembro-me das muitas vezes que meu pai disse:
Somos cuates, Joseph. E isso significa: “Você e eu somos muito próximos.”
Ele sempre falava em Espanhol como se ainda estivesse no México.
Algum dia você será forte como seu pai?
Sempre vi meu pai como se ele fosse um deus.
Claro papá. Quero ser como você.
Meu pai nunca disse que eu poderia ser, ou agir melhor que ele. E não posso mesmo. O que estou prestes a fazer provará de uma vez por todas que sou uma cópia, uma xerox do meu velho. Tentei ser diferente para mostrar a Nick e Frankie que eles poderiam seguir por outro caminho, para ter uma vida mais decente. Sou mesmo um idiota por achar que poderia servir de modelo aos meus irmãos. Justo eu!
Meus pensamentos agora se concentram em Demetria, que certamente irá à festa de Halloween com outro cara. Ouvi dizer que ia com o ex-namorado. Posso até vê-la nos braços do outro... E tento sufocar essa imagem. Tento esquecer que o cara vai beijar Demetria a noite inteira. Mas claro... Qualquer um iria querer beijar aqueles lábios macios, suaves, doces.
Vou trabalhar até a hora de sair para receber o tal carregamento. Pois se ficar sozinho em casa, acabarei enlouquecendo de tanto pensar. Aqui mesmo, trabalhando com o martelo e uns rebites, acabei afrouxando a mão e um rebite me acertou bem no meio da testa. Tudo por culpa de Demetria...
Por volta de oito horas, estou tão furioso com minha parceira de Química, que não quero nem saber se essa raiva tem fundamento... Ou não.

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UM BÔNUS PARA VOCÊS   !!!!!!!!

DEMI *



Estou em frente à oficina do Enrique, fazendo exercícios de respiração para evitar uma crise nervosa. Não vejo o Camary de Enrique por aqui. Portanto, Joe está sozinho.
Vou seduzir Joe.
Se essas roupas que estou usando não servirem para cativar a atenção dele, então nada servirá. Vim bem preparada, com toda a minha... artilharia. Bato na porta e então fecho os olhos com força, rezando para que tudo corra de acordo com o que planejei.
Abro meu casaco longo de cetim prata-metálico, e o ar frio da noite percorre minha pele exposta. O ranger da porta me avisa da presença de Joe... Então abro os olhos lentamente.
Mas ao contrário do que eu esperava, não são os olhos negros de Joe que se fixam em meu corpo quase nu... E sim os de Enrique. Ele olha para o meu sutiã pink rendado, e para a minha minúscula saia de líder de torcida com uma cara de quem acaba de ganhar na loteria.
Morta de vergonha, fecho o casaco rapidamente.
— Ei Joe! — diz Enrique rindo. — Você tem visitas nesta noite de Halloween... Alguém aqui está oferecendo “gostosuras ou travessuras”...
Aposto que meu rosto está vermelho como um pimentão, mas não vou recuar. Estou decidida a ir até o fim. Vim para mostrar a Joe que não vou abandoná-lo nesta hora difícil.
— Quem é ? — Joe pergunta de dentro da oficina.
— Eu já estava de saída — diz Enrique passando por mim. — Peça a Joe para trancar a porta. Adiós. — E se afasta pela rua escura cantarolando.
— Sim Enrique... ¿Quién está ahí? — Ao me ver, Joe se interrompe abruptamente. E me olha com desprezo antes de perguntar: — Está perdida...? Ou seu carro precisa de conserto?
— Nenhuma das alternativas — respondo.
— Você veio comemorar o Halloween neste lado da cidade?
— Não.
— Acabou  mujer. Entendeu? Por que você continua despencando na minha vida e detonando minha cabeça ? Além do mais, você não devia estar num baile de Halloween com algum cara da faculdade?
— Não estou a fim de perder meu tempo. Podemos conversar?
— Escute, eu tenho muito trabalho a fazer antes de sair. Por que você veio até aqui? E onde está Enrique?
— Ele... bem... Ele já foi — respondo nervosamente. — Acho que ficou assustado comigo.
— Assustado? Com você? Duvido.
— É que mostrei a ele o que estava usando, sob este casaco.
Joe  franze a testa.
— Por favor — eu peço — me deixe entrar antes que eu morra congelada.
Olho para trás. A noite está escura e misteriosa. O sangue corre a mil por hora em minhas veias. Cruzo os braços sobre o casaco apertando-o em torno de mim, enquanto sucessivos calafrios me percorrem. Começo a tremer. Com um suspiro, Joe me deixa entrar e tranca a porta. Felizmente, há um aquecedor bem no meio da oficina. Paro bem junto a ele e esfrego as mãos.
— Sinceramente, estou feliz por você ter vindo — diz Joe. — Mas nós não terminamos?
— Quero nos dar outra chance. Tem sido uma tortura fingir que somos apenas parceiros durante a aula de Química. Sinto sua falta Joe. Você não tem saudades de mim?
Ele me olha incrédulo, com a cabeça inclinada para o lado, como se não tivesse certeza de ter ouvido corretamente.
— Você sabe que ainda continuo na Sangue.
— Sei. Aceitarei o que você puder me dar Joe.
— Nunca serei capaz de corresponder às suas expectativas.
— E se eu disser que não tenho expectativas?
Joe toma fôlego e depois expira lentamente. Por sua expressão compenetrada, sinto que está pensando no que acabei de dizer.
— Vou lhe dizer o que posso dar... Você me fará companhia enquanto termino de jantar... E eu não perguntarei o que você tem... ou não tem... por baixo desse casaco. Certo?
Tento sorrir e ajeitando o cabelo respondo:
— Certo.
— Você não tem que fazer nada por mim... Entende? — ele diz afastando gentilmente minha mão. — Vou pegar uma manta; assim você não vai se sujar.
Eu espero, enquanto Joe abre um armário e pega uma manta de lã verde-claro muito limpa.
Nós nos sentamos na manta e Joe olha para o relógio.
— Quer comer? — ele pergunta apontando para o seu jantar.
Talvez eu me sentisse mais calma se comesse alguma coisa.
— O que é isso?
— Enchiladas. Minha mãe faz umas enchiladas perfeitas. — Ele finca um pedaço com o garfo e me oferece. — Se você não estiver acostumada a alimentos apimentados...
— Adoro sabores picantes — eu o interrompo, abocanhando o pedaço. Começo a mastigar... E adoro a combinação de sabores. Mas quando vou engolir, minha língua começa a se incendiar lentamente. Por trás desse fogo, há um sabor... Mas as chamas atravessam o caminho.
— Quente! — É tudo o que consigo dizer.
— Eu avisei. — Joe me oferece seu copo. — Aqui... Beba. O leite corta o sabor da pimenta imediatamente. Mas eu só tenho água.
Agarro o copo... E a água me refresca a língua. Mas quando termino de beber, o fogo volta com força total.
— Água... — eu peço.
Joe torna a encher o copo:
— Aqui, tome mais um pouco... Embora eu ache que não vá ajudar muito. Mas essa sensação não demora a passar.
— Você está bem?
Em vez de beber, mergulho a língua na água fria por alguns instantes. Ah...
— Chi ichtou béim? — pergunto com a língua dentro d’água.
— Ver você assim... é bastante... erótico. Quer outro pedaço? — ele pergunta com um sorriso malicioso e brincalhão como o Joe que eu conheço.
— Oh náum!
— Sua língua ainda está queimando?
Recolho a língua e respondo:
— É como se um milhão de jogadores de futebol estivessem sapateando sobre ela com chuteira e tudo.
— Ai! — Joe começa a rir. — Sabe, certa vez ouvi dizer que um beijo sempre ajuda a apagar o fogo...
— Este é seu truque barato para dizer que está querendo me beijar?
Ele me olha nos olhos como se me hipnotizasse.
— Querida, eu sempre estou querendo...
— Temo que isso não seja tão fácil Joe — eu o interrompo. — Quero respostas sabe? Respostas antes, beijos depois.
— É por isso que você está nua debaixo desse casaco?
— Quem disse que estou nua? — eu rebato, chegando mais perto de Joe.
Ele põe o prato de lado.
Se minha boca ainda está queimando... Eu nem percebo. Mas agora, é minha vez de dar as cartas:
— Vamos fazer um jogo Joe. Um jogo que eu chamo de “Pergunte... E Depois Tire”. A cada vez que você fizer uma pergunta, terá que tirar uma peça de roupa. E o mesmo vale para mim.
— Acho que posso fazer sete perguntas querida. E você?
— Livre-se de uma peça Joe. Você já fez a primeira.
Ele acena concordando, e tira um sapato.
— Por que você não começa com a camisa? — eu sugiro.
— Você percebe que acabou de fazer uma pergunta? Acho que é a sua vez...
— Eu não perguntei.
— Como não? — Ele sorri. — Você perguntou por que não comecei pela camisa...
Meu pulso está acelerado. Tiro a saia, puxando-a para baixo, mantendo meu longo casaco bem fechado.
— Agora faltam quatro.
Joe tenta se manter indiferente, mas está me olhando com uma fome que bem conheço... E quando ele passa a língua pelos lábios, aquele sorriso provocante desaparece de uma vez.
— Preciso de um cigarro. Foi uma pena ter parado de novo. Você disse quatro?
— Isso soou como uma pergunta Joe.
Ele sacode a cabeça.
— Não sua espertinha... Boa tentativa, mas isso não foi uma pergunta. Hum... Vamos ver: qual o verdadeiro motivo que trouxe você aqui?
— Vim porque queria mostrar o quanto amo você — eu digo.
Joe pisca algumas vezes... Mas afora isso, não mostra nenhum tipo de emoção. Tira a camisa pela cabeça e a joga de lado. Olho para seu tórax , para o ventre de músculos firmes... Ajoelho a seu lado na esperança de conseguir provocá-lo, de fazê-lo perder o controle.
— Você gostaria de ir para a faculdade? Seja sincero.
Ele hesita antes de responder:
— Sim. Mas só se minha vida fosse diferente.
Eu tiro uma sandália.
— Você já fez sexo com Zac ? — ele pergunta.
— Não.
Joe tira o outro sapato com os olhos fixos nos meus.
— Você fez sexo com Carmem ? — pergunto.
Ele hesita de novo:
— Você não vai gostar da resposta.
— Vou sim. Quero saber tudo: com quantas pessoas você já esteve, com quem foi a primeira vez...
Joe leva a mão à nuca, pressionando-a como se ali houvesse um nó, um ponto de tensão que ele tenta aliviar.
— Você fez muitas perguntas em uma só. Bem, com Carmen eu... Hum... Sim, nós fizemos sexo. A última vez foi em abril, quando descobri que ela andava dormindo com outros caras por aí. Já antes de Carmen... Não me lembro muito bem. Foi uma fase de mais ou menos um ano em que eu saía com uma garota por semana. E dormi com a maioria delas...
— E você se prevenia? Usava camisinha... Sempre?
— Sim.
— Conte sobre a primeira vez.
— Foi com Miley.
— Miley Avila? — pergunto, totalmente surpresa.
Ele confirma com um aceno:
— Não é o que você está pensando... Aconteceu num verão, uns três anos atrás. Foi antes do curso secundário. Nós dois queríamos perder a virgindade. E também queríamos descobrir por que as pessoas faziam tanta onda, tanto barulho sobre sexo. — Joe sorri. — Foi uma lástima. Fiquei todo atrapalhado... E Miley tinha um acesso de riso atrás do outro. No fim, nós dois concordamos que fazer sexo com alguém que a gente considera como irmão... Não é uma boa ideia. Ok, eu já disse tudo. Agora tire esse casaco por favor...
— Ainda não muchacho. Se você já dormiu com tanta gente, como pode afirmar que não pegou uma doença? Diga-me, por favor que você fez o exame... E que deu negativo.
— Fiz  recentemente, quando levei aqueles pontos no hospital. Estou limpo, pode acreditar.
— Eu também... Caso você queira saber. — Tiro a outra sandália, feliz porque não me senti estúpida ao falar dessa questão com Joe... Pois ele me compreendeu. E nem reclamou por eu ter feito mais que uma pergunta. — Agora é a sua vez.
— Você já pensou em fazer amor comigo? — Antes que eu responda, Joe já começa a tirar a meia.

............................continua

OI GALERA ....!!!
ESTOU NUMA CORRERIA QUE MAL DÁ PRA POSTAR ....IMAGINA RESPONDER AOS COMENTARIOS .....MAS EU VOU DÁ UM JEITINHO E VOLTAR A RESPONDER OK !
E ENTÃO....GOSTARAM DO CAPITULO ???  E DO BÔNUS ???  KKKK APOSTO QUE SIM NEH !!!!    KKKK   O PRÓXIMO CAPITULO VAI TÁ IMPERDÍVEL ....
MUITO OBRIGADA PELOS COMENTARIOS VIU !!!  E COMENTEM SEMPRE AMORESS!
BEIJOSSS